Janela partidária
Acreditamos que as pessoas saibam o que é “janela partidária”. Muito embora conheçamos mais comumente esquadrias basculantes, pivotantes, de correr, tipo guilhotina, etc. De qualquer modo, janelas partidárias são aquelas que “permitem a troca de partido até 2018”. Isto é, o parlamentar tem prazo até 2018, obviamente antes da eleição, para sair de uma ineficiente agremiação partidária e procurar a sorte em outra. Nesse sentido, filiados ao PMDB e políticos de praticamente todos os partidos participam de encontros com lideranças do DEM (Rodrigo Maia na crista da onda, ou substitui o Temer ou se torna candidato ao governo do RJ), tendo em vista a “expectativa de poder”.
Em época de Reforma Política, seria oportuno o projeto que acabasse com a possibilidade de troca de partido político. Os parlamentares trocam de partido como se troca de camisa. Quem se desfiliasse, por qualquer motivo, perderia automaticamente o mandato. O que dificultaria um pouco, mas não eliminaria totalmente a possibilidade de sucesso daqueles que, uma vez no meio político, sabem melhor do que ninguém o caminho das pedras para se eleger novamente.
De toda maneira, significaria um entrave aos que se dedicam a uma carreira que representa, em última análise, a redenção ou realização pessoal dos eleitos em detrimento daquilo que deles esperam os cidadãos que os elegeram.
A sociedade, esgotada com as falcatruas e bandalheiras cometidas pela maioria dos políticos, certamente aplaudiria um projeto dessa natureza. Como também uma Reforma Política em que fossem abolidos, pelo menos, o foro privilegiado em todos os níveis e a obrigatoriedade do voto.
Existem deputados como Vicente Cândido, muito preocupado com a possibilidade de Lula não poder se candidatar, Alexandre Molon, Jandira Feghali, Marcelo Freixo e Chico Alencar, dentre outros, que se filiam ao povo, apresentando incisivos discursos que muitas vezes parecem corresponder aos anseios da sociedade. O que eles poderiam ter contra o fim do foro privilegiado, do voto obrigatório e da “janela partidária”, pelo menos, já que dificilmente nos deparamos com posicionamentos deles favoráveis a esses pleitos? Suas presenças de peso poderiam ajudar na formulação de uma Reforma Política de fato, sobretudo considerando-se a ingerência do relator, o próprio Vicente Candido.
Rio, 21/07/2017