Sobre a condenação de Lula

“Tarda, e às vezes, não falha!”

Todos nós sabemos o quão polêmica a notícia é, e não dá para não imaginar o turbilhão de possibilidades sobre o futuro. De cara, é preocupante imaginar as reações das Centrais Sindicais e Movimentos Sociais ligados à esquerda, pois a probabilidade de uma “convulsão social” não é descartada. E como simpatizante declarado da ideologia centro-esquerdista, fico muito à vontade para dizer: seria um grandessíssimo erro promover manifestações solidárias a um criminoso, que tantos prejuízos causou ao país. Seria um desrespeito às instituições democráticas e uma afronta à Justiça, que tanto clamamos historicamente aos quatro ventos. No caso específico da condenação de Lula em primeira instância, foram respeitados todos os ritos de um processo criminal, passando pelo direito de defesa, o acúmulo de provas e depoimentos testemunhais. Desqualificar o rito seguido à risca pelo juiz Sérgio Moro é tergiversar, dissimular, dar uma de “João sem braço”, ou, com o perdão do trocadilho, dar uma de “Luiz sem dedo”.

Enfim, se a esquerda brasileira quiser concentrar suas forças em causas justas e legítimas, que saia às ruas para defender os direitos que o trabalhador está perdendo com a Reforma Trabalhista, visivelmente prejudicial aos seus interesses. Se os movimentos sociais querem lutar por algo nobre, que o faça em defesa dos sem-teto, dos sem terra, mas não em defesa dos “com tríplex no Guarujá” ou dos “com sítio em Atibaia”. Há tempos o “homem do povo” mostrou-se cada vez mais atrelado às elites que tanto criticou nos palanques, visando financiamentos de campanha através do famigerado “caixa dois”.

A condenação de Lula é emblemática, um exemplo a ser seguido, e queira Deus, seja cumprida sem as benesses dadas aos figurões que podem pagar pelos melhores advogados. Que nesta avalanche promovida pela Operação Lava Jato, caiam todos que mereçam cair, sem distinção de partidos políticos ou ideologias. Afinal, qualquer ideologia é menos importante que a justiça e os valores éticos.

* O Eldoradense