Desconfiança
Diante das graves acusações de abuso de poder e até atos de corrupção, o grau de confiabilidade da população no atual governo brasileiro só pode ser nulo. No entanto, procurando dar a entender que nada demais está acontecendo, o governo anuncia o prosseguimento das reformas em que tem interesse. Energizado agora por recente decisão do TSE favorável a absolvição da chapa Dilma-Temer.
Só que é uma temeridade que a população seja submetida a reformas promovidas por um governo em que não confia. Daí a necessidade de que esse governo fosse substituído.
Acontece que essa desconfiança se acentua na exata medida da proximidade relevante entre o PT (de Dilma) e o PMDB (de Temer). Se não pudessem ser comprovadas as acusações a que Temer possivelmente terá que responder, nada haveria contra a sua presença na presidência da República. Concluiríamos, então, que Temer teria sido uma bela escolha de Dilma, cujo afastamento possibilitou ao atual presidente o investimento no cargo.
Entretanto, o PMDB, não só de Temer, mas de Sérgio Cabral, de Renan Calheiros, Romero Jucá, Eduardo Cunha, Sarney, Edison Lobão, Jader Barbalho e outros, todos com o mesmo perfil, submeteu, por exemplo, o Estado do Rio de Janeiro, um dos mais importantes da federação, a uma situação de penúria talvez sem precedentes em toda a história da República.
E foi exatamente a esse partido que o PT acorreu em busca de apoio para a sustentação da sua governabilidade. É natural, portanto, que nessa linha de raciocínio, salvo interpretações melhor elaboradas, a desconfiança no atual governo seja estendida ao que o precedeu.
Maceió, 130617