A REPÚBLICA DA IMORALIDADE
Quando a Operação Lava Jato começou a ganhar manchetes nas mídias escrita e falada foi um alvoroço. Por um breve momento, muitos brasileiros acreditaram que o país poderia finalmente mudar seu rumo. Felizes e alegres, milhares foram às ruas protestar. Algumas centenas acharam mais conveniente sair quebrando o que viam pela frente.
A Operação Lava Jato também serviu para que os brasileiros criassem seus heróis e bandidos. Dependendo do que a mídia está noticiando, as redes sociais se assemelham a um gibi. Elas não entendem que é impossível fabricar heróis e bandidos na vida real. Pior ainda num mundo corporativista.
Foram muitas as vezes que vi nas redes, uma suposta profecia do general Ernesto Geisel, um dos presidentes da ditadura. Na profecia o general pinta um futuro sombrio para o país sem os militares.
E se tivemos “generais profetas”, é possível afirmar que os constituintes de 1988 também eram profetas e visionários. Se nenhum deles se aventurou lançar qualquer “centúria profética”, todos já sabiam que o Brasil chegaria neste ponto. Eram políticos.
A Constituição escrita e aprovada por eles, deixou a possibilidade de várias portas serem abertas para que as atitudes ilícitas dos três poderes da nação, pudessem entrar, e ali permanecerem protegidas.
A porta que se abriu recentemente para a entrada do presidente Michel Temer, foi a da imoralidade. De repente, descobrimos que nossa Constituição permite a imoralidade ser enfiada goela abaixo em troca de legitimidade e governabilidade. A pergunta é: Governabilidade para quem? Não se pode admitir imoralidade pelo medo das incertezas.
Cada vez mais me convenço que a Operação Lava Jato está com seus dias contados. À medida que os anos foram passado, portas e mais portas foram aparecendo na nossa Constituição profética para que o corporativismo da corrupção e da imoralidade pudesse se proteger. As portas parecem ser ilimitadas.
Na base da pirâmide a sociedade emite claros sinais. É perceptível uma completa inversão de valores. E sem bandidos nem mocinhos, o exemplo vem do topo da pirâmide. De quem governa, de quem julga e daqueles que apesar de preferir viver nas sombras, detêm o poder econômico. Falo da imoralidade dos mercados financeiros.
No julgamento da chapa Dilma-Temer, decidiu-se por jogar a imoralidade para debaixo do tapete, e optar pela política O princípio tem lá sua lógica. Os imorais se protegem mutuamente. No século passado em 1976, Roberto Carlos cantava: “Tudo o que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda”. Hoje, sabemos que o gosto pela imoralidade aumentou assustadoramente. E se não engorda, enriquece.