Negociações

“Estamos aqui para representar os estados da federação e o povo brasileiro. Não para representar o governo”, Eunício Oliveira, presidente do Senado Federal.

Esse tipo de citação é frívolo e de certo modo até inconsequente, pois não tem a menor obrigação de corresponder à realidade.

A característica da democracia representativa em nosso país impõe a necessidade de que o governo se ancore na maior base de sustentação possível para que consiga realizar seus projetos, nem sempre do interesse da população, com o mínimo de atropelos significativos. A decorrência natural dessa engrenagem será a negociação política entre as agremiações partidárias e a equipe do governo, configurando-se o que conhecemos por “toma lá dá cá”, que não se verifica apenas no plano individual.

A base de sustentação abdicará da sua função de apoio ao governo se não for atendida nos programas em que tiver interesse, programas que também nem sempre contemplam os anseios da sociedade.

Concluímos, portanto, que embora tudo seja feito alegadamente em nome do povo, a negociação se estabelece entre os governantes e os parlamentares que corroboram as iniciativas governamentais. O povo fica de fora. A ele cabe a expectativa, já que dessa negociação não tem como participar.

Há casos em que nem existem negociações. Como na questão, por exemplo, do voto facultativo, que não é do interesse do governo e nem dos partidos políticos, apesar de ser o Brasil um dos poucos países no mundo onde é adotado. Mas que poderia fazer parte dos anseios dos cidadãos – que estão cansados de ser obrigados a votar em pessoas que, além de não representa-los, dedicam-se a malversação do dinheiro público, resultado dos impostos e do trabalho de todos.

Rio, 08/06/2017

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 10/06/2017
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