O SILÊNCIO DOS INOCENTES
No seu famoso livro biográfico, The Godfather, aqui no Brasil curiosamente chamado de O Poderoso Chefão, Mario Puzzo conta a saga de uma família de mafiosos que faz de tudo para manter o comando do mundo do crime no estado de Nova Iorque. O livro, que rendeu para a Paramount centenas de milhões de dólares, em três filmes estrelados por Al Pacino, mostra, ainda que de uma forma romanesca, como a Máfia faz para conquistar seus territórios e manter a lealdade dos “membros da família”, quando um deles é pego.
É a lei da Omertá, termo do dialeto siciliano que significa literalmente “humildade”, mas na verdade define uma espécie de código de honra entre os criminosos das facções mafiosas. Esse código estipula que, no caso de um membro da “família” cair em desgraça (ser preso ou morto no exercício da profissão), a facção tem o compromisso de cuidar da sua família. Em troca, o indivíduo tem que ser leal ao seu “capo” (chefe) e nunca trair seus companheiros de crime. Se isso acontecer, se algum mafioso fizer uma delação premiada, por exemplo, ele receberá o “beijo da morte”, o que significa que, esteja ele onde estiver, não importa a proteção que tenha, será morto. E com ele toda sua família.
Esse código de honra tem protegido a Máfia por séculos. E ainda hoje é uma sólida armadura contra a investida das autoridades sobre as atividades criminosas que esses grupos comandam. Nem a chamada “Operação Mãos Limpas” operação semelhante á Lava a Jato, realizada em 2002 na Itália, comandada pelo Ministério Público daquele país, conseguiu destruir o poder que as facções mafiosas detinham e continuam a deter. Poder esse que permanece encastelado nas entranhas do governo e por isso mesmo continua a manter boa parte da máquina pública em suas mãos.
Um antigo personagem de Jô Soares dizia que o Brasil esculhambava até a Máfia. Isso foi nos anos oitenta, mas de lá para cá parece que os nossos mafiosos aprenderam muito bem a lição e estão fazendo a coisa direitinho. Tanto é que está difícil descobrir a diferença entre o modus operandi de facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho e as quadrilhas de deputados, senadores, ministros, funcionários públicos e empresários que tomaram de assalto os poderes da República e estão dilapidando os cofres públicos com uma eficiência digna das melhores famílias mafiosas dos Estados Unidos ou da Itália.
Um exemplo dessa estratégia mafiosa é a que Michel Temer está usando para se manter no poder. Como um chefão mafioso,ele está usando todas as cartas jurídicas e políticas para evitar que um de seus “capos” vá parar nas garras do juiz Sérgio Moro e acabe entregando seu chefe. Se falhar, restará a lei da Omertá. Prometer ao deputado Loures que cuidará da sua família enquanto ele estiver preso.Ou...
Mas de certo não precisará de nada disso. Pois ao que tudo indica, uma grande pizza já está sendo preparada na cozinha da “família” para comemorar o fim inglório da Lava a Jato.
Como disse Hannibal Lecter, o psicopata canibal do filme “O Silêncio dos Inocentes”, enquanto houver ovelhas que seguem caladas para o matadouro, o sistema estará a salvo. E viva o Brasil.
No seu famoso livro biográfico, The Godfather, aqui no Brasil curiosamente chamado de O Poderoso Chefão, Mario Puzzo conta a saga de uma família de mafiosos que faz de tudo para manter o comando do mundo do crime no estado de Nova Iorque. O livro, que rendeu para a Paramount centenas de milhões de dólares, em três filmes estrelados por Al Pacino, mostra, ainda que de uma forma romanesca, como a Máfia faz para conquistar seus territórios e manter a lealdade dos “membros da família”, quando um deles é pego.
É a lei da Omertá, termo do dialeto siciliano que significa literalmente “humildade”, mas na verdade define uma espécie de código de honra entre os criminosos das facções mafiosas. Esse código estipula que, no caso de um membro da “família” cair em desgraça (ser preso ou morto no exercício da profissão), a facção tem o compromisso de cuidar da sua família. Em troca, o indivíduo tem que ser leal ao seu “capo” (chefe) e nunca trair seus companheiros de crime. Se isso acontecer, se algum mafioso fizer uma delação premiada, por exemplo, ele receberá o “beijo da morte”, o que significa que, esteja ele onde estiver, não importa a proteção que tenha, será morto. E com ele toda sua família.
Esse código de honra tem protegido a Máfia por séculos. E ainda hoje é uma sólida armadura contra a investida das autoridades sobre as atividades criminosas que esses grupos comandam. Nem a chamada “Operação Mãos Limpas” operação semelhante á Lava a Jato, realizada em 2002 na Itália, comandada pelo Ministério Público daquele país, conseguiu destruir o poder que as facções mafiosas detinham e continuam a deter. Poder esse que permanece encastelado nas entranhas do governo e por isso mesmo continua a manter boa parte da máquina pública em suas mãos.
Um antigo personagem de Jô Soares dizia que o Brasil esculhambava até a Máfia. Isso foi nos anos oitenta, mas de lá para cá parece que os nossos mafiosos aprenderam muito bem a lição e estão fazendo a coisa direitinho. Tanto é que está difícil descobrir a diferença entre o modus operandi de facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho e as quadrilhas de deputados, senadores, ministros, funcionários públicos e empresários que tomaram de assalto os poderes da República e estão dilapidando os cofres públicos com uma eficiência digna das melhores famílias mafiosas dos Estados Unidos ou da Itália.
Um exemplo dessa estratégia mafiosa é a que Michel Temer está usando para se manter no poder. Como um chefão mafioso,ele está usando todas as cartas jurídicas e políticas para evitar que um de seus “capos” vá parar nas garras do juiz Sérgio Moro e acabe entregando seu chefe. Se falhar, restará a lei da Omertá. Prometer ao deputado Loures que cuidará da sua família enquanto ele estiver preso.Ou...
Mas de certo não precisará de nada disso. Pois ao que tudo indica, uma grande pizza já está sendo preparada na cozinha da “família” para comemorar o fim inglório da Lava a Jato.
Como disse Hannibal Lecter, o psicopata canibal do filme “O Silêncio dos Inocentes”, enquanto houver ovelhas que seguem caladas para o matadouro, o sistema estará a salvo. E viva o Brasil.