O TERRORISMO ECONÔMICO

Até que o impeachment de Dilma Rousseff fosse sacramento, a classe empresarial brasileira preferiu permanecer nas sombras. Isto não impediu que desempenhasse um papel preponderante no desenrolar dos fatos. Diria que foi protagonista na derrubada de Dilma do poder.

Michel Temer assumiu colocado contra a parede. Importante nem era o substituto no cargo, desde que a equipe econômica fosse inteiramente do agrado dos empresários. E assim aconteceu quando Henrique Meirelles foi elevado ao posto de “todo-poderoso”.

As primeiras estratégias de Henrique Meirelles deixaram a criação de empregos no Brasil de lado. Nosso ministro tornou-se um expert em terrorismo psicológico. O que marca sua trajetória até aqui são as “reformas”. Nenhuma delas foi pensada para os brasileiros. Nem a da Previdência Social. A mãe de todas elas. A salvadora da Pátria.

Logo após Dilma cair, boa parte da mídia passou a criticar o Partido dos Trabalhadores por pagar bloguistas e formadores de opinião para defender as ideias e a ideologia do partido. Defender com unhas e dentes a inocência do ex-presidente Lula.

Poucos perceberam a súbita mudança. Fato é que os maiores formadores de opinião que agora defendem as reformas como algo quase sagrado, têm a grande mídia como seus empregadores. Estamos no seguinte estágio. Sem elas, o Brasil quebra amanhã. Esses se entregaram a lavagem cerebral de Henrique Meirelles.

Desde que Michel Temer foi pego numa conversa animada com um criminoso, estuda-se sua substituição. Claro, se isto não alterar o cronograma das reformas.

Não são apenas os políticos que se agarram ao poder. A classe empresarial também se agarra. Sem uma boa alternativa, não se importarão com a cumplicidade de um crime, e continuarão apoiando Michel Temer de olho nas reformas. Que só são excelentes para eles. Por isso, tratadas como necessárias e urgentes.

Hoje, conta-se nos dedos os formadores de opinião da grande mídia que colocam as reformas em xeque. Raramente algum súdito de Henrique Meirelles resolve descer um tantinho do pedestal. Nesta segunda-feira o cientista político Carlos Melo desceu ao escrever que: “Não será a economia que salvará a política, mas o contrário”.

O terrorismo econômico vem se aperfeiçoando numa escala perigosa. Nessa espécie de terror, as necessidades da sociedade nunca são levadas em consideração. Se a classe empresarial é capaz de engolir a classe política, sua vizinha no topo da pirâmide, a base da pirâmide nem precisa ser engolida. Pode continuar sendo pisoteada.