QUANTO PIOR, PIOR

A direita jogou tudo num golpe parlamentar sacramentado pelo judiciário. Por trás dessa articulação estava, como fica claro agora, o desmonte das legislações trabalhista e previdenciária e a volta a um capitalismo mais selvagem do que já tínhamos. Publicamente revestiu-se a ópera bufa de um caráter moralista para que setores despolitizados da classe média abraçassem a empreitada como algo seu, palpável e que os levaria ao paraíso.

O período petista foi classificado de o “mais corrupto da história” - não se sabe com base no quê, a FIESP distribuiu patos de borracha à vontade, criou-se um “herói” na figura de certo juiz de primeira instância e certos grupelhos aparelhados da direita capitanearam essa massa fascista num “Fora Dilma” monocórdico que resultou no impeachment. Um ano depois e o que temos?

Um grande capitalista, insatisfeito por interesses contrariados numa operação midiática e mal explicada chamada de “Carne Fraca” resolve, num encontro furtivo madrugada adentro com o vampiro/presidente, gravá-lo em conversas nada republicanas. Surpresa? Para quem possui um certo esclarecimento político, nenhuma. Talvez para os despolitizados, ingênuos e massa de manobra de sempre, sim! O que fazer agora? A grande mídia que ajudou a fomentar o golpe se divide, tal qual num Fla-Flu mal jogado, entre um “Fora Temer” e “Fica Temer”. Globo X Folha de S. Paulo. O que há por trás desta aparente divisão? A ver…

O governo interino do vampiro Temerário acabou! Até quando este cadáver político ficará habitando o Palácio do Planalto não sabemos. Sairá por pressão das ruas? Impeachment? Ou por cassação via TSE? De alguma maneira precisamos pensar num pós-Temer.

Quem patrocinou sua condução defenderá o que prevê a constituição: eleição indireta via congresso. É a solução? Para mim, não!

Estamos numa democracia burguesa ou numa republiqueta de bananas? Se numa democracia burguesa, o ideal é a aprovação de uma emenda constitucional convocando eleições gerais imediatas e que se respeite o resultado das urnas (sem essa coisa ridícula de “acordo nacional” em torno do eleito/a, etc). A partir daí precisamos discutir a modernização do estado brasileiro. Modernização no sentido de criação de um arcabouço jurídico que dê sustentação às reformas de verdade que beneficiem a maioria e não estes retrocessos que estão sendo propostos: Reforma Política (que inclua financiamento público de campanhas, cláusula de barreira, fidelidade partidária e punições severas ao fisiologismo, corrupção e aos fichas sujas, p. ex.) e uma Reforma Tributária que devolva ao estado sua capacidade de indutor na retomada dos investimentos. Sem estímulos adequados que levem a uma retomada consistente, mergulharemos em mais recessão, com corte de gastos para os setores menos influentes e mais necessitados, como o desmonte do Bolsa Família. Tudo isto em nome de um ajuste que privilegie os apaniguados de sempre e o capital especulativo, razão última do sempre buscado “superávit primário” (Daí a Globo defender Henrique Meirelles como candidato numa eleição indireta). Entre muitas outras.

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 22/05/2017
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