A metamorfose da borboleta chamada Brasil
“Não podemos perder o foco do que vivemos hoje no Brasil, que não é o auge da sujeira, mas o começo da limpeza”-Mario Sergio Cortella.
Passamos por um momento em nosso país de transformação, de mudanças, por isso escolhi o tema metamorfose da borboleta; para tanto vamos relembrar esse momento magnífico que a mãe natureza nos presenteia e de graça, isso mesmo sem nada cobrar em troca (propina).
A metamorfose da borboleta ocorre em quatro estágios ou fases: ovo, larva, pupa e estagio adulto. A primeira fase vai depender do clima e do tempo. Há um mecanismo natural no corpo do embrião que determina sua incubação, amadurecimento, que segue em função do crescimento da planta em que foi depositado e futuramente servirá de alimento. Após este período ele se transforma em lagarta (lava). Esta fase é uma loucura, o animal come extraordinariamente. Na roça a um ditado popular que diz o seguinte, quando alguém come demais; “Come mais que curuquerê”. Esta fase dura meses até mais de um ano, o animal come mais (geralmente folhas) para crescer e guardar energias. Durante esse estagio, a lava produz fios de seda ou semelhantes, que se prendem a superfície onde ela esta. Apesar de ainda não ser o casulo, esses fios servem de abrigo contra os predadores. Quando o animal atingi a fase da pupa, depois de várias mudanças de pele, ele usará esses fios para construir o verdadeiro casulo. A larva fia em estado de total repouso por um período que vai de uma semana a um mês, dependendo da espécie e os tecidos do seu corpo vão se modificando. Quando a borboleta já estiver pronta, ela rompe o casulo,e, uma vez livre do casulo, é preciso colocar as asinhas de fora.
Não deixando de lado o fato da mudança, renovação, transformação que por si só já é um grande aprendizado para nossa raça, vamos divagar um pouquinho e vir para nosso mundo. Hipoteticamente falando o que ocorreria se mexêssemos nestas fases, acelerássemos o processo, facilitássemos algumas das fases, déssemos uma mãozinha, troçássemos um favor... Ou seja, lá no principio, se ao invés de deixar os ovos na parte debaixo das folhas o depositássemos no tronco, que ficaria mais visível e fácil de ser verificado, ou no alto da planta, obviamente estaria exposta ao predador. Se ainda, após a formação do casulo, que fica dependurado, aparentemente numa posição sofrida e o colocássemos mais adequadamente estirado sob uma almofada, muito mais confortável. Se quando o sangue estivesse sendo bombado para onde estavam armazenadas as asas no sentido de romper o casulo, nos o fizéssemos com uma pinça, um processo mais tranqüilo e menos traumático com certeza. Mas, ao aventar tais possibilidades, estaríamos mudando a natureza das coisas, alterando o processo, com certeza nada benéfico, pois as asas não seriam firmes o bastante, o inseto correria sérios riscos de vida;se colocado em pratica , quaisquer das possibilidades tratadas, a espécie Lepidoptera , do grupo das Rhopalocera ou borboletas entrariam num processo falimentar.
A natureza chegou a esta conclusão inteligentíssima de que esta é a maneira certa, adequada e deve ser seguida, pois será bem sucedida tal espécie (garantia de sustentabilidade social). A natureza ditou as regras, a condução de que a borboleta deve ser exposta, passar por provação, por perigo, por intempéries climáticas, (sol, chuva, frio, vento, predadores, processo seletivo, etc.). Em nenhum momento deve ser facilitado o processo, mudado, alterado. Todas as fases enobrecem, fortalecem-nas e as deixam lindas, sem igual; e o melhor felizes, vivas e similares, nem maior, nem melhor, nem mais belas, nem mais opulentas ou ricas que as demais, apenas e tão somente iguais entre todas.
Em nenhum momento do processo, um gene foi passado à frente da fila, fugiu da concorrência, foi mais bem guarnecido, recebeu uma dosagem maior de alimento, mais água, mais luz, mais benesses... Em nenhuma das fazes houve beneficio e quando adultas ninguém bateu as asas e subiu no alto do pódio (foi emponderada) por ser mais colorida, mais bela, mais rara, ou inteligente. Nenhuma uma delas foi injustiçada, ou propôs conluio e se locupletou de néctar (alimento das borboletas) ou foram perseguidas impunemente, ou perseguiu as demais, passou por cima das regras, do processo.
A natureza é prodigiosa, justa e segue um padrão de regras , um código de conduta distinto que deve ser aceito e acatado igualmente por todas as espécies. Não existe o favorito, ou ainda meu malvado favorito. Com a natureza não tem o melhor, não há negociata, não há conluio, conspiração, despachantes, propinas, delatores, corruptos e corruptores. Não tem mais rico, mais pobre, opressor e oprimido, o preço que se paga pela vida é igual para todos.
“Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”- Rubens Alves