E essa agora do Temer, Aécio, Mantega e outros personagens, envolvidos nesse novo escândalo da JBS? Aécio, o presidenciável, com prisão solicitada pela PGR e Temer, o presidente oficialmente investigado para apurar eventual delito no exercício do cargo? Será que não vai ter fins esses escândalos? Que tipo de país estamos construindo aqui? O discurso do Temer para se defender das acusações que estão lhe sendo feitas, lembra o velho Jango discursando em 1964, pouco antes de ser deposto por um golpe militar.
Tempo vai, tempo vem, trocamos monarcas por presidentes, presidentes por ditadores, ditadores de novo por presidentes, e nada muda neste país. É crise atrás de crise e sempre as mesmas propostas de solução. Impeachments, renúncias de presidentes, golpes de estado, mudança na Constituição. Parece que na cabeça dos nossos políticos há um círculo vicioso que não deixa que nenhuma outra solução, além dos velhos e cediços conchavos que se fazem nos bastidores do poder para enganar o povo, fazendo-o crer que alguma coisa pode mudar, mas na verdade, tudo está sendo feito para que as coisas continuem iguais. Trocar o PT pelo PMDB, ou Dilma por Temer, foi uma dessas soluções “me engana que eu gosto”. Foi algo assim como tirar o Capitão Kid do comando do navio e colocar no seu lugar o Barba Roxa. Trocamos um bucaneiro por outro, e não dá para saber qual dos dois é o pior.
E agora, com o que está sendo revelado sobre o Aécio, fico pensando como seria se ele tivesse sido eleito no lugar da Dilma. Não sei para quem se pode apelar num momento desses. Para Jesus não, pois ele já disse em alto e bom tom que seu reino não era desse mundo. Para Deus, o pai dele e de todos nós, também não dá , porque ele já nos deu inteligência e mandamentos para que nós nos tornássemos capazes de nos governar sozinhos. Se não aprendemos até agora, o azar é nosso. Lembro-me de 1964. A balbúrdia era a mesma, a confusão era idêntica, a crise parecia insuperável. Tentou-se o parlamentarismo, os sindicatos saíram em defesa do comunista Jango, como estão fazendo agora com Lula e o PT, os sem-terra das chamadas Ligas Camponesas botaram fogo nos campos, como está acontecendo agora, o país virou uma zona total. A saída foi apelar para as Forças Armadas. Os generais entraram em campo e tomaram conta da situação. Deram um basta na bagunça, botaram um monte de gente na cadeia, fecharam o Congresso, aposentaram os juízes que não rezavam pela cartilha deles, sufocaram a imprensa. Gostaram tanto da coisa que uma solução provisória que foi implantada somente para debelar uma crise acabou se tornando um regime tirânico que durou mais de vinte anos. Uma coisa boa que se pode dizer dos nossos presidentes fardados é que eles não se amasiaram com a caixa registradora, como têm feito todos os nossos governantes civis até agora.
Por isso a crise deflagrada com a delação dos Irmãos Batista está fazendo muita gente pensar se não seria hora de chamar as Forças Armadas novamente. Do jeito que a coisa caminha não é estranho que essa gente esteja á procura de um general. Se ele for encontrado e o pesadelo de Nietszche (o eterno retorno) voltar a atormentar-nos, com uma nova ditadura, já sabemos a quem culpar por isso: aos nossos corruptos políticos e os nossos coniventes magistrados do STF, a quem caberia coibir essa bandalheira toda, mas ao invés de fazê-lo, ficam se engalfinhando em inúteis conflitos ideológicos.
Há um cheiro de 1964 no ar e ele não vem dos esgotos nem dos ambientes insalubres das nossas cidades. Ele vêm da goela grande dos nossos políticos, que pensam que o dinheiro público, por ser público não é de ninguém, e por isso podem embolsá-lo á vontade.