Dia do Trabalhador e a greve geral
Impossível deixar de mencionar, a propósito do 1º de Maio, a paralisação nacional de 28 de abril, visto 2017 marcar o centenário da primeira greve geral realizada no Brasil. Ademais, o momento histórico que estamos vivendo o exige.
Em 1917, o movimento paredista iniciado em junho por operárias de um fábrica têxtil paulista se estendeu para outras categorias dos setores privado e público, parando a capital em julho, por trinta dias, e se espalhando para outras cidades e estados, principalmente para o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro. Reivindicava a criação de direitos trabalhistas, inexistentes à época.
Já a greve geral do dia 28, convocada por todas as centrais sindicais e com apoio de lideranças políticas, religiosas, OAB e Justiça do Trabalho, visou manter os direitos conquistados nas décadas iniciais do século XX pelos trabalhadores assalariados, que tem como marco a criação da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, em 1º de Maio de 1943, durante o governo Getúlio Vargas. As reformas previdenciária e trabalhista, propostas pelo governo Temer e em trâmite no Congresso Nacional, estabelecem o retrocesso de muitas dessas conquistas, afetando inclusive a própria capacidade dos trabalhadores ajuizarem ações individuais na justiça e, sobretudo, beneficiando o grande empresariado. A aprovação da terceirização irrestrita já foi um primeiro passo nesse sentido.
Até mesmo alguns periódicos das grandes empresas de comunicação, que apoiam sistematicamente as reformas, atestaram a força da greve geral, que, numa estratégia bem sucedida de focar no setor de transporte público a fim de criar um efeito cascata, parou as grandes cidades brasileiras. Na televisão, todavia, a propaganda pró-reformas continua, em programas e jornais onde quase não se vê o contraditório de especialistas opinando sobre as mesmas. Fora isso, outros indicadores podem atestar e explicar a repercussão do movimento.
Mesmo com o apoio midiático, com a pressão exercida por empresários e governos favoráveis às reformas e com o alto índice de desemprego a inibir paralisações de trabalhadores, a greve geral aconteceu e teve considerável expressão, unindo assalariados públicos e privados. Os movimentos de rua cresceram em todo o país, em relação à paralisação do dia 15 de março. Em Charqueadas, por exemplo, a caminhada realizada no meio da tarde de sexta-feira reuniu cerca de 500 pessoas, superando as 200 do mês anterior.
Isso se deve à tomada de consciência das pessoas que serão atingidas a partir da aprovação acelerada da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados, eis que informações sobre o conteúdo da mesma começaram a circular nas redes sociais, alertando-as. Tal pode ser mensurado pelo resultado da pesquisa do Datafolha realizada nos dias 26 e 27 de abril, que trouxe informações sobre a visão da população referente as reformas, antes da realização da greve geral, dentre elas: 71% dos entrevistados foram contrários à reforma da Previdência, 58% acham que perderão direitos com a reforma trabalhista e 64% entende que ela favorece os empresários. Ela, logo, indica que a greve deu corpo à opinião majoritária da sociedade brasileira.
Assim, entre a igualmente eficaz tática do governo e federações empresariais de acelerar as votações dessas pautas no Congresso e a mobilização popular dos assalariados pelas centrais sindicais é que se definirá o resultado desse embate, uma corrida contra o tempo numa conjuntura política e social em movimento. O 1º de Maio de 2017, por tudo isso, ficará na história como o que representou a manutenção dos seus direitos contra o maior ataque aos mesmos em 100 anos ou como o último em que estes mantiveram o vigor e a amplitude conquistados nas lutas passadas.
Texto publicado no jornal Portal de Notícias, versões online e impressa: http://www.portaldenoticias.com.br
Impossível deixar de mencionar, a propósito do 1º de Maio, a paralisação nacional de 28 de abril, visto 2017 marcar o centenário da primeira greve geral realizada no Brasil. Ademais, o momento histórico que estamos vivendo o exige.
Em 1917, o movimento paredista iniciado em junho por operárias de um fábrica têxtil paulista se estendeu para outras categorias dos setores privado e público, parando a capital em julho, por trinta dias, e se espalhando para outras cidades e estados, principalmente para o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro. Reivindicava a criação de direitos trabalhistas, inexistentes à época.
Já a greve geral do dia 28, convocada por todas as centrais sindicais e com apoio de lideranças políticas, religiosas, OAB e Justiça do Trabalho, visou manter os direitos conquistados nas décadas iniciais do século XX pelos trabalhadores assalariados, que tem como marco a criação da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, em 1º de Maio de 1943, durante o governo Getúlio Vargas. As reformas previdenciária e trabalhista, propostas pelo governo Temer e em trâmite no Congresso Nacional, estabelecem o retrocesso de muitas dessas conquistas, afetando inclusive a própria capacidade dos trabalhadores ajuizarem ações individuais na justiça e, sobretudo, beneficiando o grande empresariado. A aprovação da terceirização irrestrita já foi um primeiro passo nesse sentido.
Até mesmo alguns periódicos das grandes empresas de comunicação, que apoiam sistematicamente as reformas, atestaram a força da greve geral, que, numa estratégia bem sucedida de focar no setor de transporte público a fim de criar um efeito cascata, parou as grandes cidades brasileiras. Na televisão, todavia, a propaganda pró-reformas continua, em programas e jornais onde quase não se vê o contraditório de especialistas opinando sobre as mesmas. Fora isso, outros indicadores podem atestar e explicar a repercussão do movimento.
Mesmo com o apoio midiático, com a pressão exercida por empresários e governos favoráveis às reformas e com o alto índice de desemprego a inibir paralisações de trabalhadores, a greve geral aconteceu e teve considerável expressão, unindo assalariados públicos e privados. Os movimentos de rua cresceram em todo o país, em relação à paralisação do dia 15 de março. Em Charqueadas, por exemplo, a caminhada realizada no meio da tarde de sexta-feira reuniu cerca de 500 pessoas, superando as 200 do mês anterior.
Isso se deve à tomada de consciência das pessoas que serão atingidas a partir da aprovação acelerada da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados, eis que informações sobre o conteúdo da mesma começaram a circular nas redes sociais, alertando-as. Tal pode ser mensurado pelo resultado da pesquisa do Datafolha realizada nos dias 26 e 27 de abril, que trouxe informações sobre a visão da população referente as reformas, antes da realização da greve geral, dentre elas: 71% dos entrevistados foram contrários à reforma da Previdência, 58% acham que perderão direitos com a reforma trabalhista e 64% entende que ela favorece os empresários. Ela, logo, indica que a greve deu corpo à opinião majoritária da sociedade brasileira.
Assim, entre a igualmente eficaz tática do governo e federações empresariais de acelerar as votações dessas pautas no Congresso e a mobilização popular dos assalariados pelas centrais sindicais é que se definirá o resultado desse embate, uma corrida contra o tempo numa conjuntura política e social em movimento. O 1º de Maio de 2017, por tudo isso, ficará na história como o que representou a manutenção dos seus direitos contra o maior ataque aos mesmos em 100 anos ou como o último em que estes mantiveram o vigor e a amplitude conquistados nas lutas passadas.
Texto publicado no jornal Portal de Notícias, versões online e impressa: http://www.portaldenoticias.com.br