As contradições petistas
AS CONTRADIÇÕES PETISTAS
Miguel Carqueija
Os nossos irmãos petistas parece que criaram uma nova forma de raciocinar. Ao defenderem suas posições não argumentam propriamente; falam mal, acusam, xingam e zombam com rótulos depreciativos, mas não examinam o mérito da questão e quando o fazem é para mostrar só um lado dos fatos. Por exemplo, a avalanche de acusações, de provas, de delações, serve quando se trata de acusar políticos e outras pessoas não ligadas ao PT e seus aliados; mas a mesma Operação Lava-jato que expõe gente do PSDB ou do PMDB inclui também o PT e de forma visceral. Acusam a Lava-jato (e atiram até contra a honradez do juiz Sérgio Moro, homem heroico que inclusive corre sério risco de vida) de ter sido engendrada só para destruir o PT. No entanto Eduardo Cunha, inimigo figadal de Dilma Rousseff, está preso há meses; entretanto Sérgio Cabral está preso, Garotinho andou preso e sofreu grave humilhação. Na verdade a Lava-jato não está poupando ninguém, diversos partidos ficaram na mira, mas o que não se pode negar é o envolvimento do PT. E que não é pouca coisa, muito pelo contrário.
Durante o processo de impedimento a Sra. Dilma Rousseff, ao se defender no Senado, admitiu que o “rito” era legal. Referia-se é claro ao rito do processo, que passou regularmento pela Câmara e foi até o Senado, com direito a defesa, monitoração do Supremo etc. A ressalva de Dilma foi quanto ao resultado: se ela fosse condenada isso constituiria golpe, já que não havia cometido crime de responsabilidade. Ora bem, imaginem em qualquer julgamento, afora esse, uma tal atitude por parte dos réus. Imaginem um réu de roubo, homicídio, fraude ou qualquer outra coisa dizendo ao juiz e ao júri: “Reconheço que o processo está sendo conduzido de forma legal, mas se eu for condenado ele se tornará ilegal.” Convenhamos o absurdo.
Por isso essa história de “golpe” é ridícula. Vemos ser utilizada uma velha fórmula dos inimigos da verdade e da justiça, fórmula essa que foi largamente empregada por Goebbels, mas com certeza nem foi ele que a inventou: repete-se interminavelmente a mentira, por todos os meios ao alcance, até que ela adquira foros de verdade. Assim age o PT.
Se golpe houve, o que dizer do afastamento de Collor em 1993? Naquela época o PT foi partícipe do impedimento do presidente. Então, o PT em 1993 era um partido de golpistas? Certa vez alguém me disse que comparar os dois casos era absurdo. Ora, absurdo por que? Ninguém explicou. A verdade, a grande verdade, é que os petistas, entusiasmados com seu “slogan” de golpe contra a Dilma, não gostam que se lembre a participação petista no afastamento de Collor.
Aliás naquela época o processo foi bem mais rápido, Dilma demorou mais para ser afastada, o próprio Collor reclamou disso.
E como não houve golpe vemos então a falácia de se chamar Temer de golpista. Entre parênteses, não estou nada satisfeito com o governo Temer que, apesar de alguns acertos, agora escorrega desastradamente ao tentar uma reforma da Previdência evidentemente prejudicial ao povo brasileiro. Já andei falando disso. Convém lembrar que os erros do atual governo não justificam em nada as safadezas do mensalão, do petrolão, e todas as lambanças dos 13 anos de PT no poder. A posse de Temer foi legítima já que ele era o vice. Aliás Temer não participou do processo de impedimento. A tramitação foi: juristas protocolam o pedido no Congresso, Cunha aceita, começa a discussão, os deputados votam majoritariamente a favor do impedimento. A questão vai para o Senado, discute-se, Dilma se defende mas perde e é definitivamente afastada. O STF acompanhou mas o vice ficou à parte, nem tinha o que fazer nesse processo. E se no fim ele assumiu a presidência não foi por ser golpista, mas por ser vice.
Esqueceram os petistas que Temer era vice de Dilma, e por dois mandatos?
É ridículo ficar dizendo que ele assumiu “sem votos”. Como assim, se ele foi eleito junto com Dilma, na chapa PT/PMDB? Acham que nós perdemos a memória dos fatos? Não sabem que Temer, como vice, teria de assumir se a presidente morresse, ou ficasse gravemente doente, ou renunciasse? Então como podem falar em golpe? Temer recebeu 54 milhões de votos.
Outra contradição do PT é ficar acusando a ”direita fascista” de ter usurpado o poder para tirar os direitos dos pobres e dos trabalhadores. Ora bem, essa história de acusar uma direita quase inexistente (que político no Brasil pode ser acusado de direitista? Alguns gatos pingados, talvez) de ser fascista (o grande xingamento-palavra mágica das esquerdas) é uma arma de dois gumes, pois a esquerda tem também o seu fascismo e ninguém mais que a esquerda, desde 1789, matou, usurpou, destruiu, torturou, massacrou, pisou nos povos. Ainda há pouco reli um artigo saído em dezembro de 1968 na revista Seleções sobre a criminosa invasão da Tcheco-Eslováquia pelas tropas do Pacto de Varsóvia no tempo do fascista Leonid Brejnev como governante da União Soviética. Não percamos a História de vista...
Mas, ainda há outro ponto a considerar que mostra o quando os nossos irmãos petistas se contradizem, presos no círculo vicioso de sua intolerância. Michel Temer não é da direita. Ele é, sabe Deus há quanto tempo, um homem de esquerda. O seu governo é esquerdista, pois inclusive abriu as portas para o PSDB, partido da esquerda neoliberal, chefiado pelo velho líder esquerdista Fernando Henrique Cardoso.
Temer é da esquerda, sim. Ou já esqueceram os prezados petistas que Temer era vice de Dilma? Senão, o que faria um direitista no governo da Dilma? E foram dois mandatos. Sim, eu sei que o segundo foi interrompido e Temer o está completando. Mas se ele fazia parte do governo de esquerda radical de Dilma, como é que ele pode ser taxado de direitista? É um esquerdista e está acabado. O que nós temos a fazer em 2018 é eleger alguém que não seja nem do PT, nem do PC do B, nem do PSDB, nem do PMDB, nem do PDT, nem do DEM. Há gente boa em outras legendas. Vamos rezar — estamos aliás no terceiro centenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida — para que o Brasil finalmente encontre seu caminho em 2018 e fique definitivamente livre das garras da esquerda.
Rio de Janeiro, 23 de abril de 2017.
AS CONTRADIÇÕES PETISTAS
Miguel Carqueija
Os nossos irmãos petistas parece que criaram uma nova forma de raciocinar. Ao defenderem suas posições não argumentam propriamente; falam mal, acusam, xingam e zombam com rótulos depreciativos, mas não examinam o mérito da questão e quando o fazem é para mostrar só um lado dos fatos. Por exemplo, a avalanche de acusações, de provas, de delações, serve quando se trata de acusar políticos e outras pessoas não ligadas ao PT e seus aliados; mas a mesma Operação Lava-jato que expõe gente do PSDB ou do PMDB inclui também o PT e de forma visceral. Acusam a Lava-jato (e atiram até contra a honradez do juiz Sérgio Moro, homem heroico que inclusive corre sério risco de vida) de ter sido engendrada só para destruir o PT. No entanto Eduardo Cunha, inimigo figadal de Dilma Rousseff, está preso há meses; entretanto Sérgio Cabral está preso, Garotinho andou preso e sofreu grave humilhação. Na verdade a Lava-jato não está poupando ninguém, diversos partidos ficaram na mira, mas o que não se pode negar é o envolvimento do PT. E que não é pouca coisa, muito pelo contrário.
Durante o processo de impedimento a Sra. Dilma Rousseff, ao se defender no Senado, admitiu que o “rito” era legal. Referia-se é claro ao rito do processo, que passou regularmento pela Câmara e foi até o Senado, com direito a defesa, monitoração do Supremo etc. A ressalva de Dilma foi quanto ao resultado: se ela fosse condenada isso constituiria golpe, já que não havia cometido crime de responsabilidade. Ora bem, imaginem em qualquer julgamento, afora esse, uma tal atitude por parte dos réus. Imaginem um réu de roubo, homicídio, fraude ou qualquer outra coisa dizendo ao juiz e ao júri: “Reconheço que o processo está sendo conduzido de forma legal, mas se eu for condenado ele se tornará ilegal.” Convenhamos o absurdo.
Por isso essa história de “golpe” é ridícula. Vemos ser utilizada uma velha fórmula dos inimigos da verdade e da justiça, fórmula essa que foi largamente empregada por Goebbels, mas com certeza nem foi ele que a inventou: repete-se interminavelmente a mentira, por todos os meios ao alcance, até que ela adquira foros de verdade. Assim age o PT.
Se golpe houve, o que dizer do afastamento de Collor em 1993? Naquela época o PT foi partícipe do impedimento do presidente. Então, o PT em 1993 era um partido de golpistas? Certa vez alguém me disse que comparar os dois casos era absurdo. Ora, absurdo por que? Ninguém explicou. A verdade, a grande verdade, é que os petistas, entusiasmados com seu “slogan” de golpe contra a Dilma, não gostam que se lembre a participação petista no afastamento de Collor.
Aliás naquela época o processo foi bem mais rápido, Dilma demorou mais para ser afastada, o próprio Collor reclamou disso.
E como não houve golpe vemos então a falácia de se chamar Temer de golpista. Entre parênteses, não estou nada satisfeito com o governo Temer que, apesar de alguns acertos, agora escorrega desastradamente ao tentar uma reforma da Previdência evidentemente prejudicial ao povo brasileiro. Já andei falando disso. Convém lembrar que os erros do atual governo não justificam em nada as safadezas do mensalão, do petrolão, e todas as lambanças dos 13 anos de PT no poder. A posse de Temer foi legítima já que ele era o vice. Aliás Temer não participou do processo de impedimento. A tramitação foi: juristas protocolam o pedido no Congresso, Cunha aceita, começa a discussão, os deputados votam majoritariamente a favor do impedimento. A questão vai para o Senado, discute-se, Dilma se defende mas perde e é definitivamente afastada. O STF acompanhou mas o vice ficou à parte, nem tinha o que fazer nesse processo. E se no fim ele assumiu a presidência não foi por ser golpista, mas por ser vice.
Esqueceram os petistas que Temer era vice de Dilma, e por dois mandatos?
É ridículo ficar dizendo que ele assumiu “sem votos”. Como assim, se ele foi eleito junto com Dilma, na chapa PT/PMDB? Acham que nós perdemos a memória dos fatos? Não sabem que Temer, como vice, teria de assumir se a presidente morresse, ou ficasse gravemente doente, ou renunciasse? Então como podem falar em golpe? Temer recebeu 54 milhões de votos.
Outra contradição do PT é ficar acusando a ”direita fascista” de ter usurpado o poder para tirar os direitos dos pobres e dos trabalhadores. Ora bem, essa história de acusar uma direita quase inexistente (que político no Brasil pode ser acusado de direitista? Alguns gatos pingados, talvez) de ser fascista (o grande xingamento-palavra mágica das esquerdas) é uma arma de dois gumes, pois a esquerda tem também o seu fascismo e ninguém mais que a esquerda, desde 1789, matou, usurpou, destruiu, torturou, massacrou, pisou nos povos. Ainda há pouco reli um artigo saído em dezembro de 1968 na revista Seleções sobre a criminosa invasão da Tcheco-Eslováquia pelas tropas do Pacto de Varsóvia no tempo do fascista Leonid Brejnev como governante da União Soviética. Não percamos a História de vista...
Mas, ainda há outro ponto a considerar que mostra o quando os nossos irmãos petistas se contradizem, presos no círculo vicioso de sua intolerância. Michel Temer não é da direita. Ele é, sabe Deus há quanto tempo, um homem de esquerda. O seu governo é esquerdista, pois inclusive abriu as portas para o PSDB, partido da esquerda neoliberal, chefiado pelo velho líder esquerdista Fernando Henrique Cardoso.
Temer é da esquerda, sim. Ou já esqueceram os prezados petistas que Temer era vice de Dilma? Senão, o que faria um direitista no governo da Dilma? E foram dois mandatos. Sim, eu sei que o segundo foi interrompido e Temer o está completando. Mas se ele fazia parte do governo de esquerda radical de Dilma, como é que ele pode ser taxado de direitista? É um esquerdista e está acabado. O que nós temos a fazer em 2018 é eleger alguém que não seja nem do PT, nem do PC do B, nem do PSDB, nem do PMDB, nem do PDT, nem do DEM. Há gente boa em outras legendas. Vamos rezar — estamos aliás no terceiro centenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida — para que o Brasil finalmente encontre seu caminho em 2018 e fique definitivamente livre das garras da esquerda.
Rio de Janeiro, 23 de abril de 2017.