O INCONFORMISMO DE TIRADENTES NO "QUINTO DOS INFERNOS"!
No Brasil-colônia do século XVIII, o excesso de exação era uma prática comum e necessária para manter os privilégios da casa real portuguesa e sua dispendiosa e ociosa corte!
Nessa época, de todo ouro extraído aqui a quinta parte (20%) era enviada para a metrópole (Portugal). Não é preciso ser um gênio para inferir que a estrutura montada pelo fisco português, aqui na colônia, era muito rígida na cobrança dos impostos, haja vista as necessidades de receita cada vez maiores, num Estado decadente e nostálgico, que vivia quase que exclusivamente de suas reminiscências de um passado glorioso e repleto de conquistas!
O alferes Joaquim José da Silva Xavier foi vítima da cobiça e da ganância do Estado Português, que precisou de um bode expiatório, de uma morte emblemática, de um símbolo que mostrasse às novas gerações os perigos de qualquer insurgência contra Portugal!
Tiradentes, esse foi o apelido pelo qual Joaquim José ficou conhecido, tendo em vista que, além de militar, também exercia o ofício de dentista. Embora fizesse parte do exército português, Tiradentes estava muito insatisfeito com a exploração do povo, pois vivia no século das luzes, numa época de convulsões sociais, de ruptura com o sistema feudal, haja vista o exemplo da Revolução Francesa, que influenciou sobremaneira a insurgência dos inconfidentes mineiros, destacando-se entre seus membros, além do próprio Tiradentes, o ilustre Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa.
Entre os inconfidentes mineiros, havia um cidadão chamado Joaquim Silvério dos Reis, que devia muito dinheiro ao Fisco português e, numa espécie de “delação premiada”, denunciou seus colegas às autoridades portuguesas, em troca de privilégios e anistia fiscal!
Ante a insidiosa e traiçoeira delação, o movimento foi sufocado e todos os seus membros foram julgados, alguns presos, outros exilados. Todavia, o único que foi condenado à morte foi o alferes Joaquim, sabe por quê? Porque o único insurgente que não pertencia à elite, que não tinha nascido numa família abastada e influente, era nosso desafortunado Tiradentes!
Isso posto, o final da história vocês já sabem: nosso mártir foi condenado à morte por enforcamento, seu corpo foi esquartejado e as partes foram espalhadas e colocadas à mostra em locais estratégicos da região para que as pessoas vissem o que acontecia com aqueles que se negassem a pagar seus impostos, aqui no “quinto dos infernos”, apelido “carinhoso” pelo qual o Brasil era chamado naquela época! De lá para cá as coisas mudaram, mas a impressão que se tem é que elas continuam sendo como sempre foram, com algumas sutis alterações, é claro, haja vista a abolição da pena de morte!
Não obstante a vitória da democracia, a carga tributária no Brasil torna-se um fardo cada vez mais pesado! Muito pior do que era na época do "Quinto dos Infernos"!