Um ano de Golpe e Greve Geral em 28 de Abril
No dia 17 de abril completou um ano que a nação brasileira assistiu a votação do impeachment da Presidente Dilma Roussef na Câmara dos Deputados. Os mais atentos, mesmo os que ansiavam pela saída da presidente estranharam e criticaram o posicionamento da grande maioria dos deputados que votou em nome de seus familiares. Não faltaram decisões pelo sim, em nome de filhos, netos, esposas, indicando que a preocupação com a nação brasileira está longe de ser realidade.
Passado um ano da votação do impeachment perguntamos: o que mudou de fato em nosso país? A promessa que relacionava a saída da presidente Dilma com o fim da corrupção ocorreu em algum nível? Como explicar a lista infindável daqueles que hoje ocupam o governo e estão totalmente implicados na Operação Lava Jato? A quem o Golpe está servindo?
Se levarmos em consideração que o poder executivo, legislativo e judiciário devem atuar em favor da democracia, faz-se necessário indagar: ao lado de quem esses poderes estão? Michel Temer tem pressa e se mostra ávido em promover mudanças que retiram dos brasileiros os direitos conquistados com muita luta. Retira o direito a aposentadoria digna, terceiriza as atividades fins, sucateia ainda mais a saúde e a educação congelando os investimentos nestas áreas por vinte anos, além de que vem sendo mandatário de diversas outras ações que só pioram a crise, aumentam o desemprego e pioram sobremaneira a situação do povo.
Segundo Temer, a prerrogativa para a reforma da previdência é que se não ajustar a aposentadoria dos brasileiros o país segue no desperdício. Outro erro fatal cometido pelo atual presidente é relacionar o corte dos direitos sociais como uma necessária economia. Por outro lado, perdoa dívidas grandiosas dos bancos causando grandes prejuízos aos cofres públicos.
O golpe em curso é midiático, parlamentar e judiciário. Tem raízes e aliados. Fatos foram criados e os meios de comunicação deram o seu tom de interpretação com o intuito de formar a opinião pública. Outros golpes que o Brasil sofreu, teve a mesma influência da mídia. Segundo o jornalista Luis Nassif, o golpe pode ser associado a teoria do choque, desenvolvida por Milton Friedman da Escola de Chicago. A teoria do choque, ou a doutrina do choque, está relacionada a uma filosofia de poder, vinculada a como conseguir objetivos políticos e econômicos. É uma filosofia que sustenta que a melhor oportunidade para impor as ideias radicais do livre mercado é no período subsequente ao de um grande choque. Esse choque pode ser uma catástrofe econômica, um desastre natural, um ataque terrorista, uma guerra ou um golpe. O intuito é se usar dessas crises, desses desastres, para abrandar a sociedades inteiras, desorientar as pessoas e abrir janelas para se introduzir medidas que jamais passariam em condições normais da democracia.
O golpe em curso ocorreu como um terremoto político, desarticulando direitos consolidados, cortando benefícios sociais, reformando a previdência, provocando o desmonte do Estado para garantir o livre fluxo dos capitais promovendo uma privatização selvagem.
O Golpe não surgiu do nada, teve planejamento e exigiu grandes articulações. Os que tinham como objetivo colocá-lo em prática visualizaram uma espécie de jogo de tabuleiro, analisando quais as estratégias necessárias para vencer o jogo. Houve muito planejamento e muita articulação envolvendo a mídia, o empresariado, a classe política e o poder judiciário. Entre os efeitos nefastos do golpe está o aprofundamento da polarização entre aqueles que se dizem de direita e esquerda. Ainda segundo Nassif, essa radicalização aprofunda o problema e atrapalha qualquer possibilidade de defesa da democracia. A classe trabalhadora precisa superar o acirrado discurso de ódio e unir-se contra essas medidas. Independente do posicionamento político a defesa deve vir pela democracia, pelo fortalecimento da república. Um golpe nunca é positivo para uma nação, custa caro e é preciso recompensar todas as forças que o apoiaram. O que fica claro é que entre todas essas forças, a única excluída explicitadamente é a dos despossuídos, aqueles que estão fora dos circuitos de acumulação da riqueza e dependentes de sua própria força de trabalho. A única arma do povo consiste em evidenciar o descontentamento mediante as medidas em curso. O momento clama por superação do discurso de ódio que só tem trazido prejuízo à grande maioria. O momento é de reivindicação, de unir a classe trabalhadora. Por esse motivo, é de extrema importância que todos participem da greve geral em 28 de abril. A história também é escrita pelo povo. Que possamos escrever a nossa.