A força da palavra.
Um dia um jornalista nos disse uma coisa muito importante, e não era um jornalista qualquer, isso foi lá pelos anos setenta...
" Quando perdermos a capacidade de nos indignar com as atrocidades praticadas contra os outros, perderemos também o direito de nos considerar seres humanos".
Ele era o diretor de jornalismo da TV Cultura, dramaturgo, cineasta, escritor, um homem inteligentíssimo, culto e corajoso, um homem de trinta e oito anos, marido e pai, um brasileiro,e que mudou o rumo da história, e não estou exagerando.
Dois agentes o retiraram da redação por suposta ligação com o então Partido Comunista, que durante a ditadura era considerado "maldito", e naqueles anos vivia-se o pior período do regime militar, onde as torturas haviam se intensificado, era o governo do presidente Geisel, o auge da repressão.
O torturaram até amanhecer o dia no CODI de São Paulo, no bairro do Paraíso ( por ironia do nome), e os demais jornalistas ( doze ao todo), das outras celas ouviam os gritos de : "entregue os jornalistas, entregue os nomes...),seguidamente entre choques e pancadas, e na hora do almoço ouviram a correria pelos corredores, ele não entregou ninguém , haviam perdido o controle, ele estava morto.
Montaram um cenário, lhe amarrando a gravata ao pescoço, simularam um suicídio, versão esta que caiu por terra quase no mesmo instante, sabiam da merda que haviam feito, e nem conseguiram simular direito, deixando várias pistas da farsa.
Estou falando de Vladimir Herzog, um símbolo da liberdade de imprensa, no dia seguinte o comandante do segundo exercito de São Paulo foi demitido, e o presidente da república decidiu mudar o rumo do que viria a ser a semente da abertura no país. Por incrível e absurdo que possa parecer .
Naquele sábado , 25/10/1975 o Brasil começava a virar uma página negra da sua história.
Ainda há gente que duvide que tudo isso tenha acontecido, gente que questione se os campos de concentração na Polônia não foram uma propaganda aliada contra o nazismo ,e que possivelmente Jesus nunca tenha realmente existido.