ELES SÓ PENSAM NAQUILO
O excelentíssimo Sr. Dr. Gilmar Mendes, Ministro do Supremo Tribunal Federal que me perdoe, mas vou discordar dele. O Brasil não é um país de trambiques, mas sim um país cheio de trambiqueiros. Não parece, mas há uma grande diferença nisso. Aliás, é estranho que um magistrado diga uma coisa dessas, especialmente sendo ele membro de um tribunal que devia exatamente estar agindo para evitar que tanta maracutaia acontecesse. Depois, o juiz de um tribunal que leva mais de dez anos para julgar um sujeito como Renan Calheiros, que tem uma "capivara" que faria inveja a um chefão do PCC, por exemplo, não devia estar falando tais coisas, sendo ele um dos responsáveis por esse estado de podridão que reina no corpo político e econômico do nosso país.
Destarte, não é outro o motivo de os políticos não acabarem com o chamado foro privilegiado. Eles sabem que enquanto seus julgamentos estiverem sobre a jurisdição do Supremo Tribunal Federal dificilmente serão punidos pelos crimes que cometerem no exercício do mandato.
Ainda não foi inventada nenhuma forma melhor de se governar um país do que a democracia. Com todas as imperfeições que ela contém ̶ que são mais de origem individual do que institucional ̶ ela ainda é o que de melhor os homens formularam para assegurar ordem e progresso aos povos e nações que se organizam em estados. E para que uma democracia funcione é preciso o exercício da política.
Nisso o nosso bilioso Ministro tem razão. Não podemos satanizar a política. É preciso, sim, passar uma peneira nos quadros políticos para separar o joio do trigo e melhorar a qualidade dos nossos representantes. Mas não é com as tais listas fechadas, nas quais apenas os atuais caciques e chefes de partido seriam beneficiados, que vai haver uma depuração dos “agentes de Satanás” que tomaram de assalto a política e estão fazendo toda essa destruição que a gente está vendo. Não é que com essa gente que está hoje no Congresso que essa limpeza vai ser feita. Eles só pensam “naquilo”.
A relativização do comportamento criminoso ̶ em grande parte estimulado pela leniência do nosso sistema jurídico e pela falta de um maior comprometimento ético e ideológico dos nossos magistrados com aquilo que Miguel Reale chamava de valor moral da norma ̶ em nossa visão, é a principal razão pela qual estamos patinando nesse pântano de podridão em que vivemos hoje.
Os políticos não podem agir como se não houvesse limites para a busca do poder. Funcionários públicos não podem se comportar como se seus cargos fossem os antigos forais nos quais a cobrança de propinas era um direito adquirido. E empresários inescrupulosos, somente para aumentar seus lucros, não podem continuar a lançar no mercado produtos contaminados, pouco se lixando para o que possa acontecer com a saúde dos consumidores. É preciso por um fim na impunidade desses agentes públicos e econômicos que fizeram de seus cargos, mandatos e posição social, uma licença para fazer o que bem entendem.
De fato, não devemos satanizar a política, mas um saneamento nos meios políticos e o fim da promiscuidade que se instalou entre agentes políticos e econômicos seria de bom alvitre. A podridão não está nas instituições, mas nas pessoas que delas se valem para tirar proveito próprio. E quem sabe os ventos da salubridade também soprem nos corredores dos tribunais, onde a relatividade da lei é mais apreciada que o valor educativo que ela deveria ter.
O excelentíssimo Sr. Dr. Gilmar Mendes, Ministro do Supremo Tribunal Federal que me perdoe, mas vou discordar dele. O Brasil não é um país de trambiques, mas sim um país cheio de trambiqueiros. Não parece, mas há uma grande diferença nisso. Aliás, é estranho que um magistrado diga uma coisa dessas, especialmente sendo ele membro de um tribunal que devia exatamente estar agindo para evitar que tanta maracutaia acontecesse. Depois, o juiz de um tribunal que leva mais de dez anos para julgar um sujeito como Renan Calheiros, que tem uma "capivara" que faria inveja a um chefão do PCC, por exemplo, não devia estar falando tais coisas, sendo ele um dos responsáveis por esse estado de podridão que reina no corpo político e econômico do nosso país.
Destarte, não é outro o motivo de os políticos não acabarem com o chamado foro privilegiado. Eles sabem que enquanto seus julgamentos estiverem sobre a jurisdição do Supremo Tribunal Federal dificilmente serão punidos pelos crimes que cometerem no exercício do mandato.
Ainda não foi inventada nenhuma forma melhor de se governar um país do que a democracia. Com todas as imperfeições que ela contém ̶ que são mais de origem individual do que institucional ̶ ela ainda é o que de melhor os homens formularam para assegurar ordem e progresso aos povos e nações que se organizam em estados. E para que uma democracia funcione é preciso o exercício da política.
Nisso o nosso bilioso Ministro tem razão. Não podemos satanizar a política. É preciso, sim, passar uma peneira nos quadros políticos para separar o joio do trigo e melhorar a qualidade dos nossos representantes. Mas não é com as tais listas fechadas, nas quais apenas os atuais caciques e chefes de partido seriam beneficiados, que vai haver uma depuração dos “agentes de Satanás” que tomaram de assalto a política e estão fazendo toda essa destruição que a gente está vendo. Não é que com essa gente que está hoje no Congresso que essa limpeza vai ser feita. Eles só pensam “naquilo”.
A relativização do comportamento criminoso ̶ em grande parte estimulado pela leniência do nosso sistema jurídico e pela falta de um maior comprometimento ético e ideológico dos nossos magistrados com aquilo que Miguel Reale chamava de valor moral da norma ̶ em nossa visão, é a principal razão pela qual estamos patinando nesse pântano de podridão em que vivemos hoje.
Os políticos não podem agir como se não houvesse limites para a busca do poder. Funcionários públicos não podem se comportar como se seus cargos fossem os antigos forais nos quais a cobrança de propinas era um direito adquirido. E empresários inescrupulosos, somente para aumentar seus lucros, não podem continuar a lançar no mercado produtos contaminados, pouco se lixando para o que possa acontecer com a saúde dos consumidores. É preciso por um fim na impunidade desses agentes públicos e econômicos que fizeram de seus cargos, mandatos e posição social, uma licença para fazer o que bem entendem.
De fato, não devemos satanizar a política, mas um saneamento nos meios políticos e o fim da promiscuidade que se instalou entre agentes políticos e econômicos seria de bom alvitre. A podridão não está nas instituições, mas nas pessoas que delas se valem para tirar proveito próprio. E quem sabe os ventos da salubridade também soprem nos corredores dos tribunais, onde a relatividade da lei é mais apreciada que o valor educativo que ela deveria ter.