Fiquemos atentos
Fiquemos atentos
Publicado no Blog Diario do Poder, Brasilia/DF, de 19/01/2017
As atuais rebeliões nos presídios são mais um sinal de decomposição da sociedade brasileira, do estado democrático de direito, do sistema politico de governo, da família e dos valores morais que ajudaram a criar a civilização ocidental e a sustentaram até hoje. É uma vergonha, (para os cidadãos e cidadãs que ainda são capazes de se envergonhar...), verificar o poder que as facções criminosas exercem dentro e fora das cadeias, o poder do crime organizado em todo o país, a corrupção no mundo político, a desmoralização e incompetência do poder executivo.
A população está cada vez mais insegura. A raiva do povo cresce com as frequentes noticias de bandidagem nas cidades, com o aumento do desemprego, com o deboche dos políticos pela simples presença das suas ultrapassadas figuras, ridículas e mentirosas.
Alguém duvida que já estejamos vivendo uma guerra civil, não reconhecida nem pelos governantes nem pela mídia?
A filósofa Ana Arendt escreveu sobre a "banalização do mal", descrevendo o horror nazista e a perseguição aos judeus sob o olhar tranquilo da sociedade alemã da época. Nos nossos dias o Papa Francisco alerta para a "globalização da indiferença". Parece que o Brasil aprendeu a conviver com o mal e é indiferente ao que futuro nos reserva, sem esperança, cansado de ser enganado.
O mal social que se instalou no Brasil e a indiferença do seu povo e das elites (?) em não patrocinarem e apoiarem ações que afastem esta corja de bandidos que tomou conta dos poderes da Republica – o legislativo e o executivo - estão nos encaminhando para o caos, pois destroçado o Brasil já está. Há que recuperar a esperança e lutar por um futuro democrático e justo.
Os fatos vão acontecendo e avolumando o mal estar social. Poucos reagem à altura da tragédia que assola o Brasil com o auxílio dos instrumentos legais, legítimos e democráticos, que temos a nossa disposição - precisamos de operações “lava-jato” em muitos setores da sociedade. O Ministro Teori Zavaski já faz sentir sua ausência: cidadão integro, competente, honesto e corajoso – uma raridade.
Estejamos atentos para o que vem por aí... A paciência de uma grande parte da população, a "maioria silenciosa", pode se transformar em reação violenta e desordenada contra tudo o que fizeram com a nossa sociedade - crimes, corrupção, incompetência gerencial. Vivemos um momento muito perigoso e difícil da nossa história. Sem lideres, sem partidos políticos com mensagens apropriadas e justas, não estamos construindo esperança nem estamos oferecendo confiança no futuro para um povo sofrido e desamparado, mas crescentemente raivoso com a anarquia que se instalou no país.
Eurico Borba, 76, aposentado, ex-professor da PUC RIO, ex-Presidente do IBGE, reside em Ana Rech, Caxias do Sul-RS.