O execício da opinião
Através de depoimentos no MPF, executivos da Odebrecht delataram a doação ilegal de R$ 30 milhões, provenientes de caixa 2, para a chapa Dilma-Temer.
Se as denúncias forem comprovadas, o fato implica no pedido de destituição do Temer, devendo ensejar eleições indiretas do novo presidente, promovidas pelo Congresso Nacional, segundo articulistas. O que é uma temeridade, tendo em vista a credibilidade que tem o Congresso junto à opinião pública diante do perfil nada confiável da maioria de seus integrantes.
A comprovação de tais delações também não deixa margem a que se possa considerar injusto o afastamento da ex-presidente, face à sua participação num esquema possivelmente ilegal de captação de recursos para a campanha de 2014 “Com a Força do Povo”, constituída basicamente por PT-PMDB.
Nós, cidadãos comuns, temos mais uma vez a chance de olharmos para os dois lados e não vermos nada. Ou para muitos, que, na verdade, podem ser um só. Podemos dizer com mais vontade ainda “Fora Temer”. Mas será que poderíamos dizer “Dentro Dilma” sem culpa? Será que agora a própria ex-presidente teria interesse no aprofundamento dessas comprovações e no provável impeachment do golpista Temer com base nessas delações?
Será preciso que deixemos de lado as paixões que sempre nos turvam a visão. Será preciso que deixemos de encarar o país nos termos da oposição Vasco x Flamengo, do ponto de vista dos cariocas, em que cada um dos lados deseja simplesmente o desaparecimento do outro. Para que então possamos contribuir de alguma forma para a escolha do melhor caminho.
Rio, 21/12/2016