AS PINGUELAS DO BRASIL
Ao justificar o apoio tucano ao governo Temer, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ser a “única pinguela que temos”. Todos nessa pinguela já enxergaram a enxurrada chegando. No Brasil, víamos coisas ruins na política e na justiça. Só que nunca antes na História deste país diariamente.
Agora já sabemos que o “acordão” de Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski, no final do julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, foi apenas um trailer de novos filmes macabros que viriam.
Com Renan posto contra a parede um dos filmes não demorou. As revelações da revista Época, sobre as tramoias que aconteceram entre os três poderes da nação para salvar o cargo do senador, é mais que macabro. A crise institucional é um filme de terror.
Com certa razão, os brasileiros são acusados de não saberem votar. Com o voto Renan elegeu-se apenas senador. Há algumas semanas escrevi um artigo sobre Renan Calheiros. Mostrando um pouco da sua “linda” biografia. Perguntava como os outros senadores elegeram Renan para presidente do Senado Federal duas vezes.
Se isto já é algo assustador, imaginem saber que Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, dois dos nossos agora “imortais da academia”, foram chamados para participar do grande acordão. Múmias políticas deste tipo deveriam estar enterradas.
Dizer que o STF se apequenou é uma inverdade. Quem é manipulável jamais será grande. Pasmem! Renan Calheiros foi salvo pela evocação da estabilidade política. Uau! Teria Renan trocado seu cargo pela lei de abuso de poder? Súbito ela saiu de pauta.
E se Renan Calheiros é um dos pilares que sustentam nossa estabilidade política, isto nos leva a outra pinguela quase oculta de todos. Uma pinguela chamada “democracia brasileira”. Antes de chegar na outra, a enxurrada poderá desabar primeiro essa. Apesar de estar vazia.
Não! O povo não está se equilibrando no balanço dessa pinguela. Ele está num lugar ainda pior. Estamos afundando com água até o pescoço. Neste momento, onde existem FHC, Sarney, Lula, Renan, Temer e mais, alguns, a água nem é o maior perigo.
Quem deveria apenas se contentar em atravessar a pinguela e desaparecer para sempre, tenta cimentar leis sobre nossas cabeças, sem legitimidade nem credibilidade. Com os rabos incendiados por delações, criam leis com duração de duas décadas. Fazem da reforma da previdência um bode expiatório para agradar os mercados financeiros.
A saúde da nossa democracia sempre foi frágil. E como pinguela está por triz. Quem poderia salvá-la mostrou-se não estar interessado. Se desabar, os réus estarão no STF.