O Terrível Homem Mau

Em todos os antigos filmes de “bang-bang”, ambientados no velho oeste estadunidense, havia um terrível homem mau. Era próprio do maniqueísmo característico dessas produções cinematográficas. Eu começo a ver o governador José Sartori, um pouco, como uma dessas personagens, ainda mais por ele ser careca e ter aquele indefectível bigodinho, características muitas vezes presentes nos atores que interpretavam esses papéis estereotipados.

Por que eu o vejo assim? Ora, depois daquela “gracinha” durante a campanha eleitoral de 2014, com o piso nacional dos professores (“O piso! O piso eu vou lá no Tumelero e eles te dão um piso melhor...”), o governador agora envia um pacotaço sem precedentes para a Assembleia Legislativa, propondo, dentre outras medidas, a demissão de até 1.200 servidores. E justamente no período das festas de final de ano, pretendendo, inclusive, convocar extraordinariamente os deputados estaduais na semana entre o Natal e o Ano Novo.

Cá entre nós: não poderia ter feito isso em outro período, antes ou depois? Precisava ser justo nesse? Açodadamente? Demitir pessoas, num momento de refluxo da economia do estado e do pais, em final de ano? Buenas tchê, eu só posso reafirmar que tudo isso é uma baita de uma perversidade e que a “piada do piso” era, antes de tudo, uma manifestação involuntária de descompromisso, descaso, deboche e desprezo que, agora, se repete, com requintes de sadismo administrativo.

No aspecto econômico, eu também repito: o que está a se fazer é colocar a conta do ajuste fiscal nos assalariados (no caso, no funcionalismo) e, além disso, abrir espaço para um novo ciclo de acumulação de capital para o andar de cima, ressuscitando essa demagogia neoliberal de classe média anacrônica, inspirada no tatcherismo dos anos 1990. Essa política de “estado mínimo” vai, ao contrário do discurso que a embasa, novamente gerar um custo social enorme.

E isso vai ficar mais claro com a recente decisão do Poder Judiciário obrigando o governo a revelar o quanto concede em incentivos fiscais, a fim de investigar os mesmos. Isso vai mostrar que o “ajuste” é nada mais que um caminho que foi escolhido, dentre outros que eram possíveis. O de Sartori, à semelhança do governo Britto, foi o caminho do bolso do funcionalismo e do desmantelamento do Estado.

E, também, temos o fato de a renegociação da dívida estadual feita em 2014, pelo governo anterior, ter aberto um espaço fiscal que permitirá ao governo gaúcho, ao final desse ano, contratar empréstimos de até 4.7 bilhões de reais, conforme projeções do ex-secretário estadual da Fazenda, Odir Tonolier. Com certeza essa poderá ser uma estratégia para, em 2018, o governo afirmar que o “ajuste” deu certo.

O mesmo ocorre com outro peemedebista, o presidente Michel Temer, que deseja reduzir o povo a carne para o sistema. Mas esse é um assunto para a semana que vem.

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HARDEST – Sábado, às 23h30min, a banda de hard rock volta ao palco do Muralha Charqueadas.

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SARAU – Hoje, às 18h, tem início o Sarau IFSul 2016, no campus Charqueadas. No cardápio artístico, música, literatura e teatro.

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ESCOLHA – Tanta coisa acontecendo de sexta-feira para cá, não é mesmo? Tragédias, votações polêmicas, decisões judiciais. Escolher sobre o que escrever para vocês não foi uma decisão fácil.