À CARCAÇA DA CORRUPÇÃO

Artigo/ensaio

Ultimamente, dentro do nosso terreno social que acreditamos ser "jovem democrático", vivemos uma surrealidade sócio-política sem precedentes.

É como se, num palco de horrores, de repente, se nos descortinasse um crônico cenário corruptivo de diabólicos bastidores corruptores, que sorrateiramente destruíram o nosso todo no cerne da vida, a nos evidenciar nos flashs do dia -a -dia, o quanto perdemos enquanto sociedade civilmente organizada.

É assustador.

Não escrevo com olhar pessimista, em absoluto , apenas olho o meu entorno e tento colocar nas letras a minha sensação via retinas.

A imprensa faz a festa.

“Nunca dantes na História desse país” tivemos tantas manchetes estarrecedoras que oscilam na balança do “temos uma notícia boa e outra ruim, qual vocês preferem?”.

Seguimos, todos os dias, a acompanhar uma teledramaturgia na qual somos, paradoxalmente, protagonistas vilões e vítimas reféns de nós mesmos.

Simultaneamente aos fatos que nos fazem acreditar que somos uma sociedade que tenta encontrar o seu verdadeiro caminho democrático, com a justa finalidade de que todos possamos desfrutar ao menos duma vida mais digna, pronto, logo a seguir nos deparamos com um “balde de água fria”, o que vem justamente dos setores democráticos que nos representam nas retomadas de todos os rumos perdidos do país.

E verdade seja dita: como numa macieira que apenas frutifica maçãs, não poderíamos nunca dela colher damascos...

Nosso cenário, nesse sentido, é muito representativo, não da nossa vontade atual, mas do nosso DNA sócio-político-cultural que , às duras penas, arrastamos pelo tempo.

E tão certo como “dois e dois são quatro”: nossa parca representatividade “tripartite” , a que ao menos é configurada como um equilíbrio de forças dos três poderes, ali delineada pela TEORIA GERAL DO ESTADO, sim, ela sai de nós mesmos, destarte, como um gato que corre atrás do rabo, ficamos a tentar encontrar uma nova “ordem social” com as mesmas peças duvidosas do xadrez, através duma política mais limpa, mas via homens comprometidos com escândalos mil, na tentativa de fugirmos desse para um novo cenário que não exale tanta podridão, a acreditar , em tese , na construção dolorida dum mínimo de decência representativa que saia de nós mesmos, a ceifar as raízes metastáticas da corrupção cancerosa que nos degenera em “todos os órgãos”.

Utopia? Quem sabe?

O ano de 2013 talvez tenha sido o marco do basta social aos “políticos” de toda ordem...mas as nossas emoções e decepções não parariam por ali.

Hoje, a sensação que tenho como um mero cidadão pertencente à mesma massa falida da qual hoje todos fazemos parte, já que somos um República Federativa e indissolúvel, é de que o Congresso Nacional e os Homens da Justiça maior se confundem, nas instituições do próprio povo, numa gladiatura perene e debochada, só travestida de luta pelos Direitos Sociais garantidos pela CONSTITUIÇÃO CIDADÃ , aquela que rasgam às luzes do sol, ao bel prazer das horas convenientes, a claramente delinear uma luta, não pela proteção à Carta e aos Direitos fundamentais que ela nos garante, obviamente, mas a gladiatura notória, a olhos nús, em defesa dos seus próprios interesses.

E alguém “de força patética, quiçá diabólica, ainda declama: “estamos lutando pela “pec tal” para amenizar a força do Estado sobre a cidadania”.

Nota: a pior força do Estado sobre a cidadania é aquela que a destrói nas caladas das noites perenes, via corrupção material e espiritual.

E tal, hoje aprendemos na pele, apenas vivendo.

Enquanto a sociedade agoniza dentre as carcaças da corrupção disseminadas para todos os cantos do país, dentre mazelas sociais e lixos lamacentos de toda sorte que se avolumam exponencialmente sobre nós, desprezíveis Homens nada representativos da atual vontade de quem lhes paga com altos salários extraídos dos ossos dilacerados das pessoas de bem, maquinam como nos manter reféns da hipocrisia política, do dinheiro fácil e escuso sacado das prioridades sociais; e duma justiça algo temerária, a medida que, notoriamente, até a própria justiça ilibada hoje encontra forças contrárias à sua atuação, dentro do próprio Congresso Nacional.

Réus com passados nada animadores tentam amordaçar a Justiça: essa é a nossa pior carcaça política, social, metafísica, holística, infernal.

E que povo votaria para ser representado numa casa que atenta contra ele próprio?

Que proteção à CARTA MAGNA temos nós, se nem os gritos atuais dos equipamentos de “classe" de Direito, como a OAB, são ouvidos por quem de Dever?

Homens que fazem leis hoje se confundem notoriamente com aqueles que transgridem a LEI MASTER, e o pior, sem que os "guardiões" se indignem e sem que as vozes dos que perecem possam, ao menos, lhes sensibilizarem os ouvidos.

Porque “coração corruptor” mesmo, esqueçam, sempre pulsam robustamente, com ou sem obstáculos, posto que sequer o mais eficiente “stent” do mundo recanalizaria tanta obstrução por detritos.

Estamos entupidos por todos os lados!

Haja "stent social" minha gente! E o pior: o dinheiro acabou!

CARCAÇAS: foi o vocábulo que encontrei para figurar em texto tanto a feiúra da nossa sociedade decadente, a que tenta se reerguer nas vozes conscientes da dor pungente, quanto para adjetivar a hedionda velhacaria histórica dos que gritaram e AINDA GRITAM em nome dum bem estar social ilusório e mentiroso, o que depois de passado tanto tempo, apodrece juntamente como as palavras soltas ao vento, analogamente como apodrecem todas as carcaças biológicas dos seres iguais “por fora!”, inclusive as daqueles que acreditam tudo poder...para todo o sempre.

É só, mesmo de longe, observar bem de perto...com o que Saint Exupéry, depois de observar tantos horrores encenados por parte dos Homens, chamaria de “os verdadeiros olhos do coração”.

Às vezes , as carcaças das guerras invisíveis são ainda mais nocivas aos Homens...

Peço, a quem de poder, a volta daquele “um por cento” dos corruptos para a nossa oxigenação social.

Oxigênio para que a vida prossiga, a contar a nossa triste História, sempre a nos olhar de lado, todavia, sem nunca olhar para trás...

Nota da autora: ofereço esse meu singelo texto a todos os corruptos, aos conhecidos e aos desconhecidos.