ESTADO-CANALHA
O ESTADO CANALHA
Antônio Mesquita Galvão
Filósofo, ex-Professor de Ciência Política
O Estado brasileiro, representado pelos Poderes da República é composto (ou dividido?) em Executivo, Legislativo e Judiciário, cada um com seu jeito de atuação específica. Esta é a forma preconizada pela Teoria Geral do Estado, que os acadêmicos aprendem na primeira semana do curso de Direito. Teoricamente a Estado deveria ser um conjunto de órgãos empenhados na defesa do cidadão (Executivo), elaboração de leis voltadas para o bem comum (Legislativo), e pelo ato de cumprir e fazer cumprir a lei (Judiciário). Mas não é isto que se observa no Brasil de hoje, onde uma feição perversa, porque não dizer canalha, gera indignação e apreensão a todo cidadão de bem. O brasileiro perdeu a confiança e o respeito nesses “poderes”.
O Legislativo até então tido como o mais corrupto dos três poderes por todas e tantas maracutaias que vem realizando desde o começo da República, acostumado a legislar em causa própria ou da curriola dominante, até hoje não se regenerou, continuou o mesmo, albergando muitos safados e oportunistas em suas fileiras, gente que enriqueceu na sorrelfa da noite com o dinheiro desviado do erário e do bolso do contribuinte.
O Judiciário visto como um Poder sério e isento, hoje não è mais aquele. Volta-e-meia pipocam aqui e acolá escândalos de improbidades e favorecimentos, como as obras do Foro Trabalhista de São Paulo (leia-se Lalau), sentenças favorecedoras a bandidos (a Magistrada que tinha “caso” com o traficante), os deslizes de liberações de presos que saíram pela porta da frente de presídios e algumas facilidades a marginais do colarinho-branco (a liberação do Supremo ao médico-estuprador de pacientes) além de blindagem a políticos de partidos golpistas que permanecem imunes e impunes.
Agora, a facção mais canalha do Estado-Bandido é o executivo, que onera a escumalha com impostos e sangrias financeiras de envergonhar um tesoureiro de cabaré, naquilo que eu chamei em artigo anterior de “rendez-vous da República”. Como meu espaço é pequeno só vou falar nas multas de trânsito, en passant pelas deslumbradas pirotecnias do MP. No seu esgar pantagruélico de sangrar o povo, eles resolveram aumentar os valores da multas, atribuindo a qualquer infração a pecha de “infração gravíssima”, quando a mais grave de todas as ocorrências é a falta de sinalização, a buraqueira das estradas e a inexistência de policiamento. Fui e voltei a Livramento (cerca de 1000 km) e não avistei nenhuma viatura da Polícia Rodoviária Federal. Essa omissão é responsável por tantas mortes... Só tinha “pardais arrecadadores”, uma centena deles, agentes sinistros de um Estado-canalha.
Isto sem falar – que vou comentar aqui oportunamente – no desmanche do Banco do Brasil em favor de bancos particulares e conglomerados internacionais.