Alvoroço, euforia
Preventivas ou não, as recentes prisões noticiadas são temporárias. Ontem Garotinho, hoje Cabral, as detenções dessas figuras, como de outras que já se encontram livres, nos deixam alvoroçados ou eufóricos tendo em vista as notícias que temos de suas atividades pregressas.
Mas essa euforia é por pouco tempo. Logo surgirão os tradicionais advogados com a habitual afirmação de que a prisão é arbitrária, sem sentido ou totalmente indevida. Como aconteceu com o Palocci, com o Paulo Bernardo, esposo da Gleisi Hoffman, com o Dirceu, Genoíno e tantos outros. E em seguida, depois de algum tempo, ainda que não sejam imediatamente concedidos os indecorosos habeas-corpus, aparecerão determinados ministros togados que, do alto de sua inquestionável sabedoria e irrecorrível decisão, poderão interferir na libertação dos detidos.
Isso nos leva à suposição de que exista no país um verdadeiro sistema de impunidade. Que, se beneficia o cidadão comum que tira a vida de outro e responde em liberdade ou consegue sair da prisão em pouco tempo, o que não trará de proteção e benefícios para poderosos que se escondam atrás de mandatos eletivos, fortunas pessoais ou influência de seu prestígio?
Se não fosse assim, não teríamos mais na vida pública figuras como José Sarney, Fernando Collor, Édison Lobão, Renan Calheiros, Romero Jucá e tantos outros.
De qualquer modo, já é um progresso que tais detenções estejam ocorrendo. Ainda que temporárias. Porque antes simplesmente não existiam. O que nos faz esperar que elas ocorram com maior frequência e duração no futuro. Ou que diminuam bastante, a partir do exemplo a ser observado pelos que tiverem a intenção de trair a nação com as suas atividades de lesa-pátria.
Rio, 17/11/2016