Forças impeditivas
Um submarino nuclear, de 30m de diâmetro e 180 de comprimento, sendo construído pela Marinha Brasileira em Sorocaba, SP, onde não há praia. Por que Sorocaba? Dada à proximidade com a USP, uma das maiores universidades brasileiras e talvez do mundo.
Muitos não sabem que existem cientistas e estudiosos brasileiros capazes de uma construção desse porte e do enriquecimento de urânio, o que de modo algum agrada às grandes potências, em especial a que não admite ser contrariada – os EUA. Temos alguns submarinos convencionais, mas nenhum nuclear, enquanto os americanos possuem mais de uma centena. E fazem de tudo para que essa diferença não se altere.
Na época da ditadura, apesar de toda sua crueldade, quando Geisel estabeleceu alguns acordos comerciais e de transferência de tecnologia com os alemães, os americanos não se conformaram. Lula também, em que pese os desacertos de seu governo e o conluio com setores que nada tinham de progressistas, comprou aviões-caça da Suécia, de última geração, gerando protestos generalizados por parte dos americanos. É preciso ressaltar também a presença do Brasil no BRICS e o fortalecimento do MERCOSUL, duas iniciativas da maior importância para o país durante os governos petistas. O BRICS, sobretudo, se constitui num obstáculo à hegemonia americana em nosso continente.
E o COMPERJ? Por que o abandono em que se encontra? O Polo Petroquímico do RJ foi concebido para a maior exploração possível de nossas reservas de petróleo no estado. Estrutura que estaria em condições, depois de concluída, do beneficiamento de todos os subprodutos do petróleo, gerando uma oferta de empregos em Itaboraí e adjacências de que logo teriam decorrido o surgimento de hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais na região. Todos abandonados.
É certo que houve em relação ao COMPERJ problemas de má gestão e uso indevido dos recursos públicos para a instalação total do complexo, mas não deve ser desprezado o interesse que se origina no exterior no sentido de que as coisas no Brasil não funcionem. Qualquer tentativa nossa no sentido da nacionalização de nossas riquezas e do domínio de algum tipo de tecnologia mais avançada, esbarra nas barreiras impostas pelas grandes potências de que tradicionalmente dependemos.
Temos no Brasil, à exceção da tecnologia, os elementos essenciais para que alcancemos a condição de potência: comida, riquezas naturais, gente e extensão territorial. E, como se pode facilmente perceber, não há interesse dos que dependemos que nos tornemos autossuficientes em tecnologia de última geração. Exatamente para que deles não sejamos rivais.
Rio, 12/11/2016