E DEPOIS DAS ELEIÇÕES...
Tenho observado nas manifestações públicas em redes sociais, neste momento pós-eleição, a revolta de cidadãos que não tiveram eleito seu candidato. Pessoas feridas, amarguradas, lamentando o resultado das eleições municipais. E me dói pensar que não seria diferente se o vencedor tivesse sido o outro concorrente. Igualmente as pessoas estariam se agredindo e publicando notícias descontextualizadas para provar suas convicções.
Independente do resultado das urnas, o “debate” político tem revelado muito sobre nosso caráter. Algumas pessoas parecem odiar umas as outras, em função de paixões políticas. Não se respeita a diversidade de opiniões. Abrir a boca para ponderar seja o que for já faz do sujeito um seguidor de “A” ou “B”. A cegueira é grande e acaba tornando tudo muito confuso, ninguém se entende, é cada um defendendo o seu. E a intolerância, então, nem se fala!
Tudo tratado de forma banal, desrespeitosa e, muitas vezes, desonesta. Pessoas publicam notícias falsas para enriquecer os argumentos que denigrem a imagem do outro. Compartilham textos duvidosos pelo título que leem, sem investigar fonte, sem ler o texto na íntegra, muitas vezes porque não os interessa saber, de fato, se é verdadeiro ou não o que estão dizendo do outro, motivados pelo sentimento de vingança. (Se o fazem por inocência, é grave. Se o fazem por maldade, é mais grave ainda).
O mais absurdo de todas as constatações desses poucos dias que se passaram após as eleições de Fortaleza é ver publicações que claramente, com todas as letras, manifestam o desejo de que a gestão municipal seja a pior possível. Gente desejando que os serviços públicos como saúde, segurança e educação sejam cada vez mais precários. E pra quê, meu Deus? Pra provar que o outro lado era o certo, que o derrotado nas urnas é que seria a salvação do povo? Por vaidade, inocência, egoísmo, tolice...? Sei lá! Mas é difícil lidar com esse tipo de reação. Não vejo nada positivo em tudo isso. Só penso no quanto é perigoso o rumo que estão tomando as coisas.
Desejar o mal ao vencedor é a pior reação diante da derrota. E torcer para que dê tudo errado nos próximos quatro anos, para assegurar-se de que a melhor opção era a sua é, no mínimo, preocupante, pois haja o que houver, todos serão atingidos, e não apenas os que votaram no que se elegeu.
Vale lembrar que a gestão é uma só, para o município inteiro. Penso que não é assim que vamos ter uma cidade melhor. Sejamos razoáveis: o problema é bem maior e exige mais seriedade.