POESIA E DEMOCRACIA: O CAPITÃO DA ESPERANÇA
Em 1981, aos 35 anos, o personagem foi preso por 26 dias, em unidade militar, por ser capitão PM da ativa na Brigada Militar do RS: havia rejeitado a ditadura militar e achava que estava na hora de acabar o regime de exceção iniciado em 1964, porque “o princípio do federalismo republicano estava ferido de morte, e os Estados-Membros estavam transformados em províncias imperiais, o imperador era um general do exército, se chamava João Figueiredo, e gostava mais de cavalos do que do povo.”. O oficial de polícia disse isto em público, num comício do PMDB, na Rua Araras, 144, Bairro Sarandi, em Porto Alegre, residência de um militante do velho MDB, o partido de oposição durante os anos de chumbo. A casa caiu e a ditadura dos quarteis tremeu pela verdade dita pelo jovem capitão bacharel em direito e professor na Academia de Polícia Militar, o qual ajudava a formar os oficiais PM desde 1974. O coronel encarregado do inquérito policial militar (IPM) decretou exame de sanidade mental e o insurgente impetrou habeas corpus contra a realização de tal exame de sanidade, por considerá-lo absurdamente contrário aos princípios do direito. O jovem oficial foi inocentado pela Justiça Militar Federal ainda em 1981. Concorreu a deputado estadual à Assembleia do RS em 1982, obtendo 8.357 votos. Depois, no pleito seguinte, em 1986, obteve 16.099 votos. Sagrado pelas urnas como quinto suplente do PMDB assumiu a cadeira de deputado estadual constituinte conforme o desejo do governador Pedro Simon, que abriu a vaga ao levar cinco deputados eleitos para o secretariado de seu governo. Exerceu a deputação por 02 anos e 08 meses. Altruísta e romanticamente deu o sumo de sua mocidade pela democracia. Quando deputado estadual constituinte idealizava o convívio com a liberdade de cada cidadão falar, sonhar e agir. Ao ver-se instrumento de mudanças políticas, como parlamentar, achava que outro mundo era possível para o país que se libertava do jogo de cartas marcadas. Até hoje acha que sempre será possível mudar para melhor. Diz que faria tudo de novo, porque a nação e seu povo merecem sempre mais. Aos 70 outonos, a Poesia lhe fortalece o espírito e ele antevê um Brasil que busca caminhos para a consolidação democrática, dizendo um basta à corrupção e à impunidade. Deixa aqui um naco de sua história pessoal. Manda abraços a todos os amigos de fé e a sua forte convicção de que a democracia tem de ser construída aos pouquinhos, um passo a cada dia. Vive bem e em paz porque o Absoluto lhe fortalece o espiritual. Para ele, mais do que nunca, o poema é a espada de Dâmocles contra a injustiça social. A Poesia insufla na cabeça do leitor o compromisso com o Novo, que poderá salvar a si e aos concidadãos. Um horizonte que se divisa à frente e ao alto, a qualquer tempo, à revelia dos omissos. Seu nome é Joaquim Moncks, o “Capitão da Esperança”.
– Do livro A BABA DAS VIVÊNCIAS, 1978/2016.
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