VOTEI NULO, SIM!

Hoje anulei o meu voto, sim! Pela primeira vez em minha vida de eleitor sufraguei Ninguém na disputa de 2º turno para a prefeitura carioca. Não considerei a possibilidade do tal voto útil ou, o voto do desespero, como costumo chamar.

Não é descrédito na política, mas sim no conjunto dos eleitores cariocas que teimam há anos a desmoralizar a cidade do Rio de Janeiro perante o Brasil escolhendo mal, muito mal a cada eleição. Este ano, chegamos a um beco sem saída com dois temíveis, dois tenebrosos candidatos, mentirosos descarados.

Esses dois candidatos representam a democracia populista, onde procura-se aplicar projetos ditos sociais indolentes que não dão chance às pessoas beneficiadas, um dia, deles, prescindirem.

Assim, mais e mais indivíduos vão sendo alcançados por tais projetos oportunistas e destruidores da vontade e determinação de um povo.

É o sequestro moral de uma grande parcela da população que é condicionada a se ver como incapaz de viver por conta própria e tem no estado a sua concha protetora.

Ao principal mandatário do executivo dá-se o título de Salvador da Pátria e a ele ou a quem ele determinar, a cada eleição, o voto ‘democrático’ que os pereniza no poder.

Como cidadão tenho o dever por obrigação constitucional a votar, caso não o faça, há punição, sendo a menor delas a justificativa do não comparecimento à seção eleitoral com o pagamento de uma multa.

Creio que o estado democrático já é passível de suspeição por conta de tal obrigatoriedade.

Contudo, já que sou obrigado a comparecer à seção eleitoral a cada dois anos, aproveito para exercer plenamente a minha cidadania e a utilizar o meu voto da forma como melhor me aprouver.

O voto nulo ou em branco é uma forma de expressão. É uma maneira de mostrar a insatisfação com os candidatos apresentados ou com a situação do momento. Não é um voto do deboche ou escárnio como votar em chimpanzé ou em deputado cagão.

Cidadania é coisa séria e devemos cuidar bem deste nosso direito inalienável que só um estado democrático garante.

Perdoem-me aqueles que defendem o voto obrigatório em algum dos candidatos, pois que consideram aqueles que se abstêm, anulam ou votam em branco, como transferidores de responsabilidade para terceiros. A meu ver voto útil ou o voto do desespero legitima, confere poder àquele ou àquela em quem não se acredita como sendo o melhor candidato para o cargo.

Se não acredito na capacidade do(a) candidato(a), como posso sufragá-lo(a)? Por que devo ser obrigado a dar o meu precioso voto a quem não acredito no caráter, na intenção, na capacidade de administrar de forma igualitária toda uma cidade, um estado, um país?

Voto útil é na realidade um voto inútil que mascara uma situação e sufoca o nosso direito de expressão.