MBL e os "Fasci Italiani di Combattimento"
A tentativa ontem (29) de militantes do Movimento Brasil Livre (MBL) de desocupar a força escolas no Paraná, uma tentativa já avisada de antemão pelos militantes. Me deixou triste com os rumos que o país tem tomado. Veja em:
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/10/28/mbl-tenta-desocupar-escola-no-parana/?from_rss=None
Até antes deste episódio eu via o MBL como um grupo de mobilização, financiado e apoiado por partidos, com objetivos e pautas neoliberais para o Brasil.
Em discussão com outras pessoas, eu acreditava que a política de congelamento de gastos e o sucateamento de serviços de educação e saúde que disto decorreria acabaria por enfraquecer a pauta neoliberal diante da população e com isto a força do MBL.
Grupos que se organizam em torno de projetos políticos tendem a se partidarizarem. Mas aqueles que se organizam em torno de mobilização de massas tendem construírem pontes próprias para o poder. Os partidos possuem um limite institucional e burocrático que os impedem de se massificarem.
Ontem, as atitudes do MBL me levaram a crer que de liberais eles tem muito pouco. Criminalizar aqueles que divergem de suas ideias é o fundamento do fascismo e mesmo do comunismo soviético que tanto condenam.
Eles se deram poder de polícia e juiz para realizar desocupações? Que liberalismo é este que pretende agir às margens do poder público? Decidindo quando e como é lícito protestar?
O sucateamento que será provocado pela PEC 241 e outras medidas esfriarão a pauta liberal. Ideias de governo forte e de anticomunismo casam bem com crises institucionais, o nazismo cresceu muito num solo destes.
Descrença em partidos e nos políticos, crise econômica e abandono público são solos férteis para movimentos anti-democráticos. Creio que muitos militantes do MBL, os mais apegados a massa, mudarão seu foco de uma política neoliberal para um de governo forte e anti-comunismo.
Primeiro, desconstroem a esquerda como inimigos do povo e da nação. Depois desmoralizam os partidos e os políticos institucionalizados. Não restando ao povo as políticas públicas, nem os partidos, restarão estes radicais.
Desmoralizam professores como doutrinadores. Desmoralizam até mesmo certos canais de TV. Partidos de ideologias diversas são retratados como cooperadores dissimuladores de uma política única. Enfim, lutam contra qualquer coisa que represente um autoridade concorrente com seu próprio poder. Além do mais, quanto mais abandonado moralmente, mais o indivíduo se torna propício a ideologias da ordem e da hierarquia.
O atual projeto neoliberal pretende reduzir o tamanho do Estado Brasileiro em relação a presença e atuação na sociedade e economia. Uma sociedade desigual e miserável como a nossa isto significa abandono do governo e dos políticos.
Este vazio deixado pelo Estado e os políticos burocratizados será preenchido por aqueles que já viciaram no poder de manipular e conduzir neuróticos. Jogá-los contra seus inimigos. Trazê-los para demonstração de força. Como fazia Mussoline com seus Fasci Italiani di Combattimento e Hitler com seus SA.
Vejo o MBL perdendo força para os militantes mais radicais, que levarão o movimento a posições mais autoritárias e menos liberais, ou o se organizarão sob outras bandeiras. Neste sentido não vejo futuro para o MBL, talvez para a sigla e sua estrutura, mas não para a sua pauta e agenda neoliberal.
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