Temer, Cunha, etc.

Aos parlamentares assustados com uma possível delação do Eduardo Cunha, parece que o Temer teria dito: - "Não pense em Cunha, trabalhe!". Obtive essa informação sigilosa da minha fonte em Brasília: a tia que serve o cafezinho.

É curioso. Quando a Justiça mandou bloquear os R$ 221 milhões do Cunha, as contas estavam zeradas. Minha teoria é de que a esposa dele já havia gastado o dinheiro. Não que as mulheres em si sejam perdulárias, mas a Cláudia Cruz consegue fazer milagres com um cartão de crédito. Não à toa Cunha roubava.

Quem também parece incomodado com uma delação do ex-deputado é o Reinaldo Azevedo, blogueiro da Veja:

"Em boa parte a história da Lava Jato já está contada. Será que se deve conceder a Cunha a licença de reescrevê-la e de lhe mudar detalhes depois de tanto tempo?"

A narrativa da qual o jornalista "isento" fala seria o que? Tirar o PT do poder e prender o Lula? Bem, não me parece um final feliz. Por que não investigar TAMBÉM os que hoje se encontram no governo? Assim, o juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato teriam a chance de se mostrarem imparciais.

Cunha é um arquivo vivo. A pressa do Temer em aprovar a PEC do teto de gastos e outras reformas não se deve a sua preocupação em tirar o Brasil do buraco no qual ele ajudou a colocar, e sim à vontade de mostrar serviço para as elites (para o povo vai mostrar o chicote), antes que seu ex-aliado ou quem sabe Marcelo Odebrecht impliquem-no em esquemas de propinas. Há também a investigação da chapa Dilma-Temer pelo TSE.

Temer sabe que tem prazo de validade. Seu governo, na verdade, é um esforço na criação de mecanismos que possibilitem a sucessão do poder aos tucanos, quer seja em 2017 ou 2018. Poderia até trocar o nome do programa “Ponte para O Futuro” para “Ponte para O PSDB” sem prejuízo algum. Temer não quer entrar para História como golpista, e sim como aquele que ajudou o país a sair da crise. Tal como Itamar Franco. Só que em vez do Plano FHC teremos o Plano Meirelles. E, invertendo Marx, a primeira vez como farsa, a segunda como tragédia.

No fundo, Temer deseja sair bem na foto. Mas com aquela cara esticada fica meio difícil.

O problema atual provém da divisão na sociedade que não permite às pessoas enxergarem o óbvio. Leio em vários sites comentários do tipo "se você é contra PEC 241, você é contra o Brasil" - falácia clássica - e outras bobagens. Acho que na realidade se quer dizer "se essa proposta incomoda os petistas e a esquerda, ainda que isso nos prejudique diretamente, então é bom para o a nação".

O que falta no Brasil é gente moderada, que tente solucionar os problemas sem se deixar contaminar pelas paixões políticas. Mas aqui só ressoam as vozes de malucos extremistas. Nesse sentido, discípulos do Bolsonaro e do Mauro Iasi são quem ditam as regras hoje. Infelizmente.

Estevão Júnior
Enviado por Estevão Júnior em 25/10/2016
Reeditado em 27/10/2016
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