SÉRGIO MORO E O DESPERTAR DOS LULAS

SÉRGIO MORO E O DESPERTAR DOS LULAS

Por Gecílio Pereira de Souza

Desde o dia 31 de agosto último passado, quando os senadores consolidaram o golpe parlamentar contra a Constituição Federal, contra a presidenta Dilma e contra a soberania do voto popular, nunca mais tive estômago para sintonizar qualquer emissora do poder legislativo. Me causa nojo ver as caras e ouvir as verborreias de figuras da estirpe do Cristovam Buarque e outros embusteiros pertencentes ao nocivo qudro partidário PSDB-DEM-PMDB-PPS-PSB-PTB-PR-PRB. Em paralelo, abstive-me de escrever e emitir formalmente algum juízo, concedendo-me um temporário intervalo que se encerrou neste exato momento, ante os desdobramentos dos infindáveis capítulos de uma crise deliberadamente amplificada pelo covil de bandidos liderados pelo Eduardo Cunha.

A ardilosa trama política tem ressonância no coração econômico da capital paulista, sublinhe-se FIESP, na central de mentiras denominada REDE GLOBO e no Campo de concentração situado à 13ª Vara Federal de Curitiba, sob a responsabilidade do Savanarola de toga que se sucumbiu à vaidade, aos holofotes. Esse Al Capone remunerado com o nosso dinheiro e cujo salário extrapola o teto legal, deleita-se vilipendiando a lei maior da nação, ao tempo em que se faz surdo às advertências de respeitados constitucionalistas. Mas ele segue irresoluto no propósito de atribuir a si mesmo os papéis de opositor, acusador e julgador de quem comete o mais abominável crime: ser petista ou pró-Lula. Qualquer outro crime é escusável, desde que praticado por não petistas. Aliás, os opositores de Lula e seu partido não praticam crimes e são inimputáveis, ainda que delatados dezenas de vezes. Aos criminosos do PSDB, homenagens e selfies comuns, porque não vêm ao caso. Já aos suspeitos do PT, prisão ilegal em ação cinematográfica da PF e do MPF, porque têm que ser atirados ao ocaso.

A essa altura dos acontecimentos, começo a me convencer de que ser preso pelo catatônico Sérgio Moro se constitui numa honra. Tornar-se vítima dessa republiqueta curitibana que padece da síndrome antipetista e antinordestina, é a indicação inconteste de que estamos do lado certo dessa luta. Há uma generalizada cegueira proposital do lado de lá ou, do contrário, uma multidão de caolhos ébrios que saltitam em cima dos próprios esquifes. Uma elite criminosa, travestida de neófitos monges, se apropriou da estrutura do Estado e indisfarçadamente a utiliza em causa própria, no afinco de destroçar adversários que se tornaram seus desafetos. O Ministério Público, a Polícia Federal, o Judiciário e o Congresso Nacional estão eivados de figuras adventícias à nobreza e ao senso de democracia viva e orgânica. O setor moralmente degenerado da sociedade fincou os tentáculos em todas as instituições públicas e as colocaram a serviço dos mais nocivos, escusos e indefensáveis interesses que se travestem de falso combate à corrupção.

O monumental equívoco do PT é uma mescla de injgenuidade e escrúpulo republicano, pelo qual está pagando elevado e desproporcional preço. Foi ingênuo ao estender a mão à uma elite que, assim como o escorpião, tem índole assassina e a predisposição de inocular letal peçonha aos estranhos à sua espécie. O escrúpulo de conferir ao Estado o seu veradeiro sentido de existir, colocando-o a serviço do bem comum, está custando a tentativa de decapitação do maior partido de esquerda da América Latina e da inabilitação do seu maior ícone. Paga caro por ter ousado fortalecer e assegurar a autonomia das instituições, nomeando ou indicando o primeiro da lista tríplice dos procuradores da República, valorizando o currículo do candidato a ministro da suprema corte. Malogradas escolhas, pois os escolhidos, invariavelmente se comportam muito mais como líderes partidários do que como juízes imparciais que têm o dever moral e constitucional de sê-los. Fazem das instituições nichos e trincheiras oposicionistas ao projeto nacional dos partidos democráticos populares, simbolicamente representados pelo Partido dos Trabalhadores, dando vazão ao anti-petismo que se consubstancia nas cotidianas agressões a quem se posicione crítico do anacrônico e obtuso modelo político remanescente do Sul-Sudeste do país.

Os governos petistas se exasperaram no crédito aos que hoje encabeçam a mais impiedosa ofensiva contra as proeminentes personalidades da administração de então. A deliberada destruição dos Josés Dirceu e Genuíno foi a primeira etapa da execução do maledicente plano de reduzir o PT a cinzas. A bússola dessa medonha jangada sempre esteve voltada para São Bernardo do Campo e, ao longo do trajeto de dois anos, plantou e colheu “convicções” tão sofismáveis quanto o ânimos desencadeador da maior patranha do século: Operação Lava Jato. Agora colocaram as mãos rubro negras de sangue e petróleo nos ex-ministros Guido Mantega e Antônio Palocci, na sequência daquela memorável exibição pernóstico-infantil do dia 14/09/16. Quanta falta nos faz Sigmund Freud neste momento de narcisístico heroísmo de procuradores que se abduziram ao apoteótico umbral das celebridades. O famomoso psicanalista certamente definiria com precisão a Dallagnomalia que infectou o Ministério Público. Esses escravos atualizam a música da imortal Elis Regina, “A banca do distinto”, que me dá a certeza de que o declínio deles será tão célere e contundente quanto a bomba dos rojões que deflagram para comemorarem os feitos que acalentam os seus insanos egos.

Não precisa ser especialista em direito para se verificar que as iniciativas desta ignomínia intitulada de Lava Jato revogam a Constituição e distorcem os códigos vigentes, inclusive tratados e convenções internacionais de Direitos Humanos. Condução coercitiva, prisão preventiva e delações premiadas seletivas expõem a patente ilegalidade perpetrada pelo MPF e corroborada pelo Mussolini togado da capital paranense, nacional e internacionalmente celebrizado como Sérgio Moro, promovido a Messias dos coxinhas e dos messiânicos da seita farisaica. Peço a esse magistrado pop star que me prenda, mas me poupe desse jus-sadismo, dessa jusidiotice que muito bem exprime o pedantismo e a prepotência dos trapezistas que conduzem a “operação” caça (e cassa) petistas. Plutarco (46 d.C. – 120 d.C), grande historiador grego, cunhou uma frase adequada para o atual contexto: “É duro ser governado por um inferior”. Tal sentença é elástica, podendo ser empregada tanto no circuito da política quanto no da justiça. Efetivamente, somos desonrados por um inferior que sequestrou o poder de mando ao arrepio dos fundamentos constitucionais e legais, e tenta ilegitimamente “governar” um país que lhe virou as costas.

Em outro desenvolvimento, a nação tropeça-se na sobesa morosidade do judiciário que, historicamente, tem sido controlado pela jactância dos filhos de uma elite preconceituosa e ensimesmada. Graduados em direitos que se ascendem ao topo do serviço público mas, efetivamente, desconhecem os fundamentos científicos e sociais do próprio direito. Carecedores de expertizes que os habilitem a sustentar lógica e coerentemente as suas aberrantes teses, se imiscuem em terreno ainda mais íngreme e distante do seu domínio, como o da filosofia. Não bastassem os escorregões jurídicos que reiteradamente cometem, nos envergonham com a notória e evidente ausência de saber filosófico.

Movidos pelo fundamentalismo jurídico-religioso, pelas convicções subjetivistas dos seus egos doentios e feridos, ostentam a pretensiosa capacidade de interpretar dogmática e inquestionalvemente, a Carta Política nacional, as leis e os códigos. Acusam sem provas, indiciam sem evidências, julgam sem imparcialidade e condenam sem crime, pois o crime hediondo e impescritível é tão somente ser petista ou lulista. O plano A da Lava jato é prender Lula; o plano B é inabilitá-lo politicamente, confeccionando-lhe uma ficha suja e impedindo o seu retorno em 2018. O plano C é, inconfessadamente, baní-lo. O banimento político e até físico de Lula é um ítem permanente da pauta golpista, e isto se deve à probabilidade de ele voltar nos braços do povo, pois é ele e somente ele, que se faz a voz uníssona daqueles que provocam náuseas nos Rafael Grecas dos alfaviles.

Lula não é simplesmente um homem, mas a síntese histórica da maioria do povo brasileiro, a personificação do sofrimento, das angústias, das aspirações e dos sonhos dessa gente que por séculos foi tocada como bois, espezinhada como esterco. Por um lapso curto de tempo, por uma fresta da existência, a brasilidade se sentiu gente, se descobriu galgando os degraus do andar “superior”. Eis que agora, com os direitos seriamente ameaçados e a possibilidade real de ser arremessada de volta ao subsolo, cada integrante dessa gente se descobre um Lula, visto que o cerco conservador não é ao ex-metalúrgico que se tornou presidente, mas sim ao projeto de nação que elevou o Brasil profundo ao patamar da dignidade e da altivez.

Prenda o Lula e verás as suas céLULAS formarem uma multidão de Lulas prontos e dispostos a defenderem o seu legado, a sua história e o seu patrimônio humano. Portanto, senhor Moro, me prenda, porque sou um desses Lulas que se multiplicam na proporção que recrudesce a histeria de encarcerar este guerreiro do povo brasileiro. A lava Jato não passa de um crime “legalmente” organizado para amparar o golpe parlamentar midiático. Consequentemente, a republiqueta curitibana chefiada pelo Moro, num macabro pacto com os procuradores de São Paulo, com a empáfia do Rodrigo Janot e com o líder do PSDB no supremo, senhor Gilmar Mendes, representa a continuidade judicial do golpe. Golpe é como terremoto: deflagrado o primeiro, seguem-se os secundários, as réplicas aparentemente menos prejudiciais, porém altamente deletérias ao conjunto da sociedade, principalmente aos que mais necessitam do amparo estatal.

Houve um golpe parlamentar-midiático-jurídico, sequenciado pelos golpes na educação, nos direitos trabalhistas, previdenciários e assim por diante. Mas neste mundo tudo funciona como uma gangorra e as posições, cedo ou tarde, se alteram. De resto, senhor Sérgio Moro, finalizo com o mesmo apelo desafiador: prenda o Lula e a metade do Brasil, pois os anônimos e “mal cheirosos”, trabalhadores, negros, mulheres e LGBT são os novos Lulas que tu terás de conduzí-los coercitivamente à prisão. Passe bem, na companhia dos Grecas e do powerpoints, e continue como marqueteiro do João Dória, ok? A multidão de Lulas te aguarda!

30/09/2016

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 08/10/2016
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