Como não parecer idiota ao conversar ou debater

Primeiro é preciso reconhecer que você será tentado a entender qualquer assunto que se torne interessante ou preocupante para você a partir de sua ótica. Vai achar que aquele assunto esta discutindo necessariamente o que quer discutir e com os interesses que você tem.

Vou dar um exemplo, você esta com um grupo de amigos, doido para surgir um assunto que lhe seja familiar. Alguém começa a falar sobre a última balada que esteve e dos pancadões de funk que lá dominaram o ambiente. Você esta cheio de críticas e preconceitos para despejar, coisas que acumulou com conversas e leituras. Aí começa a detonar de todas as maneiras o estilo.

Note, a pessoa simplesmente estava falando sobre uma diversão que teve, queria compartilhar com os amigos suas avaliações. E você começar a falar do mesmo aspecto de assuntos diferentes. Se a primeira conversa for mais interessante para o grupo, ninguém vai ter interesse no que disse. Se tentar insistir vai virar o chato do grupo.

Segundo, cuidado com a hierarquia de contextos. Uma pessoa pode estar falando de forma muito mais profunda sobre novelas e o papel que desempenha na cultura popular, etc. Você gosta muito de novelas e solta detalhes sobre a beleza de um personagem ou uma indignação contra um malfeito de um vilão. Se a conversa dominante for sobre cultura popular e você tentar conversar sobre detalhes triviais parecerá idiota. A não ser que alguém generoso consiga trazer suas observações para o contexto dominante. Quem quiser contar com a sorte...

Para ficar claro, a ideia aqui de hierarquia de contextos é que para um grupo existem objetivos mais e outros menos pertinentes. Quando objetivos mais pertinentes estão se desenvolvendo, qualquer outro será rechaçado.

Terceiro, tentar dominar o contexto. Se acredita ter uma discussão mais profunda sobre um assunto do que a forma que esta sendo conduzida, entenda que pode haver um interesse muito específico naquela discussão por mais que ela pareça menos profunda. Se houver este interesse, sua posição será rechaçada ou ignorada, por mais sofisticada que seja.

É o momento para você pensar o seguinte: por quais motivos estas pessoas estão interessadas em falar sobre isto? Ao colocar assim a questão você será o iniciante, o novato, o inexperiente e o aprendiz. Então seja humilde, reconheça que conhece pouco. Procure escutar mais do que falar.

Quando se inteirar do assunto, pelo menos compreender os interesses envolvidos, você verá que se tornou interessante para o grupo. Seja compreendendo o assunto, seja contribuindo para acrescentar mais conhecimentos e informações ao que esta sendo discutido.

Ao fazer isto, será o cara bem vindo nas conversas. Será chamado a dar sua opinião. As pessoas vão perceber que você não é um pedante ou pretensioso, mas alguém inteligente para compreender a questão e dar sua contribuição. E não alguém que chega bagunçando a discussão.

Quarto, aprenda a discordar. Uma coisa é discordar a outra é achar que sua opinião é melhor do que dos outros. Para discordar é necessário, antes de tudo, estar certo do que esta contestando. A ideia que pretende contestar é realmente correspondente a sustentada por alguém ou por um grupo? O que você contesta é realmente a opinião sustentada pelo grupo? Como saber? Faça perguntas para verificar isto.

Procure saber se aquilo mesmo que a pessoa esta querendo dizer. Se fizer isto poupará muito bate-boca desnecessário e até mesmo desavenças. As vezes a pessoa não esta querendo dizer aquilo e sua insistência será inconveniente e nada produtiva.

Não se intimide em buscar a verdade. Se você se certificou de que realmente a pessoa disse aquilo, discorde sem precisar ofender ou ridicularizar. A não ser que tenha absoluta certeza de que nunca cometerá o mesmo erro. Por que ao ofender ou ridicularizar fará com a vítima lhe tenha em memória a situação mais vívida do que você mesmo. E quando você errar ela provavelmente lhe lembrará de como você a julgou pelo mesmo erro. Parecerá desonesto caso não reconheça o que fez.

Quarto, você quer discutir para dar uma lição em alguém, para se promover ou para encontrar o bom senso em alguma coisa? É preciso ter claro o que quer, pois conversar com pessoas que querem se promover, sua contribuição será para promover a pessoa. Se entrar numa conversa em que alguém esta dando uma lição em outra, o que disser será usado contra o outro.

Da mesma forma vai fazer, se esta dando uma lição em alguém, aquele que tentar argumentar contra será visto por você como alguém que esta te desafiando. Se tentar se promover e alguém argumentar em contrário, parecerá que a pessoa quer te derrubar.

Se quer buscar o bom senso, evite os outros dois tipos de discussão. E não tente impor o bom senso a ninguém. Quem quer briga vai deturpar as mais inocentes palavras. Quem quer se promover só ouvirá o que enaltece a si mesmo e ignorará ou deturpará o que não é conveniente.

Se tentar impor o bom senso ou insistir onde ele não é bem vindo, você será visto como um idiota ou bobo que não sabe o que está acontecendo.

Quinto, aprenda a atrair as pessoas para o seu interesse. Será que algo que é tão importante pra você não teria a mínima chance de ser interessante para os outros? Faça isto com educação, com inteligência, sem passar por cima do que as pessoas já estão conversando.

Procure conhecer as pessoas antes de vender suas ideias. Ninguém é obrigado a aceitá-las. E tenha humildade de reconhecer que certas coisas não são de interesse universal. E você não precisa ser interessado somente em certos assuntos.

Tente ampliar seu leque de interesses e perspectivas e terá um número maior de pessoas com quem conversar e interessadas no seu assunto. O que não souber aprenda em silêncio ou perguntando ao invés de ofender ou ridicularizar quem não pensa como você.

A pessoa inteligente é mais apreciada por saber conversar sobre qualquer assunto do que aquela que fala a partir de interesses muito restritos. As pessoas não vão entender e se sentirão deslocadas. Irão procurar outro grupo, bocejar ou arrumarem alguma desculpa para irem embora.

Mas antes de tudo, se não sabe o assunto não tente impor o assunto que conhece. Se quer fazer parte de um grupo precisa contribuir com ele e não desorganizá-lo. O silêncio atento combinado com perguntas objetivas, feitas no momento certo, são muito mais proveitosas para a aprendizagem do que a impertinência - que soa para os outros como ignorância.

A conversa se situa em grupos. Quem conversa conversa com alguém. E ao fazer isto esperamos ser compreendidos e que nossos interesses sejam iguais. É preciso tomar cuidado com esta espera. É possível fazer com que esta espera tenha grandes chances de corresponder a realidade.

Existem frustrações inteligente e outras idiotas. Algumas perdoáveis e outras não. Se em grupo de mulheres conversando sobre atores bonitos, você tentar conversar falando que o cara é um péssimo ator, terá altas chances de ser rechaçado. Isto por que as pessoas podem até reconhecer isto, mas no momento elas querem falar da beleza do ator.

Agora se chegar e falar que acha o ator muito gente boa também, as mulheres poderão achar interessante embora um pouco fora do contexto. Se para elas beleza incluir tudo isto, elas até aceitarão bem a intromissão, que poderá se converter em contribuição caso surja o assunto de que não adianta ser bonito e canalha ou que a canalhice dele dá certo charme.

Procure entender o contexto em que um grupo ou pessoa sozinha deseje travar uma conversa.

Se for sair com um pretendente ou uma pretendente, procure conversas que possam ser espontâneas tanto para um quanto para outro. Aquela conversa que visa impressionar, pode ser muito chata para a outra pessoa. Você deve se lembrar que esta sendo avaliado e ninguém tem atração por chatos, nem os chatos.

Se bancar o falso interessado, a pessoa, principalmente se for mulher, vai perceber que esta fingindo gostar do assunto e passará uma imagem pouco confiável para ela.

Se quer encontrar o assunto certo, comece pelos triviais. As pessoas ficam mais a vontade para falar de trivialidades como clima, estudos, trabalho e formas de lazer. Por que são assuntos de provável interesse que não exigem grande domínio para se falar espontaneamente. Estes assuntos servem para se familiarizar com o contexto do outro.

Sim, qualquer pessoa se preocupa se o que ela esta falando corresponde ao que esta sendo entendido pela outra, exceto os idiotas e os chatos. Estes assuntos triviais ajudam a transmitir valores, sentimentos e perspectivas de um para o outro. E com isto aumentando o conhecimento de como a pessoa pensa e pode compreender o que ela esta dizendo. É assim que a timidez se dilui num encontro assim.

Se tentar falar de algo que a pessoa gosta muito e você não domina vai virar um chato e não vai conseguir contribuir de forma interessante. Por isto, não banque o esperto. Mas se você se interessar de verdade por algo que a pessoa faz ou pensa será melhor ainda.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 04/10/2016
Código do texto: T5781563
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