ARTIGO – Como mudar a política! – 02.10.2016
 

 
ARTIGO – Como mudar a política! – 02.10.2016

 

 

São 07:00 horas. Estou me preparando para comparecer à urna eleitoral e consignar o meu voto nesta eleição municipal que vai eleger prefeitos e vereadores de todo o país. É um dia praticamente de festa; alguns dizem que está na hora de começar a mudar a política brasileira, a partir de escolhas de gente séria, sem ressalvas em suas vidas pessoais e que queira realmente mudar para melhor os destinos da pátria.


Claro que a responsabilidade dos eleitores nacionais é imensa, não se tem como medi-la, porquanto o mais difícil é justamente fazer a escolha certa, se é que existe essa possibilidade. Num país onde grassa a sabedoria, no sentido mais imoral que se possa ter desse vocábulo, onde cada candidato procura uma maneira de ludibriar a justiça eleitoral, que ainda é precária e não tem condição de dar um basta nos diversos furos e ralos deixados pelas leis em vigor. Imaginem que temos pendências e mais pendências em julgamentos de eleições passadas, algumas até que se referem à impugnação das candidaturas Dilma/Temer, no pleito de 2014, candidatos à presidência e vice nas eleições do referido ano, quando se contesta o volume de gastos da campanha, bem assim se rebelam contra o que chamam de “estelionato eleitoral” praticado pela ex-presidente eleita, cuja deposição ocorreu no mês passado.


Não me parece correto acreditar que esse pleito possa mudar o país. Como se pode votar em candidatos de partidos encalacrados até a alma nos famosos escândalos que abalaram o mundo inteiro, inclusive com políticos de muita liderança enfiados em crimes de recebimento de propina, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, enriquecimento ilícito, prevaricação e outros tantos que estão a serem apurados e julgados no âmbito da operação Lava-Jato, que pretende passar a limpo o nosso Brasil. A meu pensar, embora sem ser dono da verdade, acho que alguns partidos deveriam, de logo, ser extintos da vida nacional, e seus seguidores impedidos, para sempre, de disputar cargos eletivos. Essa punição seria o começo da limpeza a ser feita no cenário político, eis que cancelar a inscrição de uma sigla por si só de nada adiantaria, porquanto o político trocaria de partido e levaria sua mente inescrupulosa para os quadros da nova associação a que passasse a representar.


Considerei muito precária a fase preliminar da campanha deste ano. Em primeiro lugar pela falta de tempo suficiente a que os pretendentes pudessem levar alguma mensagem positiva ao eleitorado, mas o que vimos foi milhares de candidatos a vereador quase sem condição de sequer pronunciar o seu número, embora quase todos tenham se referido ao pretendente ao cargo de prefeito, que é o xis da questão. Ou fala ou então nem aparece na telinha ou na emissora de rádio.


Outra coisa que me pareceu absurda foi a colaboração de campanha, eis que até beneficiários do famigerado “bolsa família” foram flagrados colaborando com valores superiores ao que faz jus mensalmente; também funcionários de uma mesma empresa entraram nessa de doar, e isso nos dá a impressão de que é uma ação irregular para substituir as doações de empresas, que foram proibidas pela lei. Outro fato que achei interessante foi a possibilidade de o próprio candidato fazer doações para a sua campanha, isso que considero um verdadeiro absurdo. Também é voz corrente que candidatos adquiriram votos através da doação de tijolos, comento e telhas para construção de moradias, isso em algumas cidades brasileiras, mas não se viu a intervenção do poder público para coibir tal prática nociva aos interesses do Brasil.


Um fato me chamou a atenção, e que pode ter sido uma maneira de patrocínio de empresas a candidatos, foi que muitas vezes o postulante falava aqueles segundinhos para a TV e imediatamente entrava a propaganda de um produto dessa ou daquela organização comercial ou industrial. Seria mais ou menos assim: A empresa contrata três minutos de propaganda, geralmente muito onerosa, e reserva um minuto ao seu candidato, muitas vezes em horário nobre, e em sendo verdade teria achado uma maneira nova de burlar a lei eleitoral.


A minha grande decepção foi que sempre votei num colégio aqui bem pertinho de minha casa (eu e minha esposa) cerca de duzentos metros, andando sem pressa. Todavia, quando cheguei ao local fui surpreendido, eis que mudaram a minha secção para um lugar extremamente diferente, distante, obrigando a que me deslocasse para exercer o meu direito, com inegável desvantagem para mim. Essa é mais uma vantagem de você ser idoso, quem quiser que experimente...


Aqui no Recife por pouco o candidato Geraldo Júlio, do PSB, não levou de vencida no primeiro turno, eis que o ex-prefeito João Paulo, do PT, ainda tem muitos seguidores, desde que comandou a cidade por dois mandatos. Aliás, aqui no Estado o ex-presidente Lula ainda tem muitos seguidores, nada obstante a inescrupulosa administração que o seu partido impôs ao nosso país, fazendo-o constar de manchetes em quase todos os jornais do mundo inteiro.
A minha grande decepção, todavia, foi o fato de o presidente Michel Temer (PMDB-SP) ter comparecido a sua seção de votação antes mesma da abertura, a fim de votar praticamente sem ser visto por baderneiros que empunham a bandeira prometida de não deixar que ele exerça a função que a nossa constituição lhe garantiu. Tenho para mim que essas organizações estão implorando que as Forças Armadas comandem os destinos do nosso país. É bom não brincar com fogo. Quem avisa, amigo é.

Ansilgus
 

ansilgus
Enviado por ansilgus em 03/10/2016
Reeditado em 31/07/2022
Código do texto: T5779693
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