Violência como método

Esses atos de violência realizados por grupos extremistas são tão preocupantes quanto as iminentes reformas do Temer. Se o conflito é político, então, deve-se resolver na política, creio eu. Diria até que fora da política, só resta a barbárie. Mas no caso do Brasil, devo admitir, a política é a barbárie.

Em parte, atribuo essa violência que tomou conta das mentes e corações dos esquerdistas ao maoismo. Com um total desprezo pelas eleições e pela democracia "burguesa", essa corrente aposta todas as suas fichas no conflito e revolução armada. Talvez eles prefiram a "democracia" de Mao Tsé-Tung. Eu, por minha vez, prefiro uma falsa democracia a uma ditadura verdadeira.

Outra tendência autoritária de esquerda que incita a violência é o marxismo-leninismo, que tem a peculiaridade de nem ser marxista nem leninista. Quando eu penso no termo marxismo-leninismo três coisas imediatamente me vem à cabeça: ditadura de partido único, burocracia e pelotão de fuzilamento. Os partidários desta ideologia reclamam da truculência do Estado, mas, uma vez no poder, não hesitariam em massacrar opositores.

Mesmo os anarquistas não estão livres dessa irracionalidade. Eu admirava os “black blocs” (adeptos dessa tática) antes de conhecê-los pessoalmente. Minha desilusão teve início quando vi alguns deles quebrando uma banca de jornal cujo dono havia se trancado lá dentro. Um senhor apavorado sendo agredido por quem aparentemente estava ali para defendê-lo. A partir dessa experiência, somada a outros episódios, conclui que a violência deles não era o meio, mas o fim em si mesmo.

Além da violência, o problema desses grupos é que eles acreditam ser os representantes do povo; uma vanguarda revolucionária autorizada a realizar qualquer tipo de ato em favor da causa dos trabalhadores. Acontece que o povo desconhece a existência de tais grupos. Aliás, não passam pela cabeça do povo conceitos como "ação direta", "classe dominante" nem nomes como Marx, Bakunin, etc.

Isso não quer dizer que eu seja pacifista, pelo contrário, até creio que o conflito "extraparlamentar" seja necessário em última instância. Ou seja, quando forem esgotados todos os mecanismos de representação popular - que não me parece ser o caso do regime atual. Bem, melhor parar antes que alguém me acuse de fazer o jogo da direita.

That's all folks!

Estevão Júnior
Enviado por Estevão Júnior em 12/09/2016
Reeditado em 12/09/2016
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