24 de Agosto de 1954

24 DE AGOSTO DE 1954

Lembro-me como se fosse hoje.

No dia 23 de Agosto de 1954 havia uma festa de aniversário de minha avó Olivia, ocasião em que se reunião os familiares, não só os mais próximos como também aqueles cerimoniosos que só cumpriam agenda social.

Eu era um garoto de nove anos que preferia a roda dos mais velhos a reunir-me com os primos.

Ouvindo aquelas conversas calorosas dos apaixonados pela política, ante getulistas, tomei no meu consciente aquele partido do meu avô.

No dia seguinte ouvindo no quintal de casa, o noticiário do radio do vizinho, a todo volume, o spyker da Radio Nacional anunciava o suicídio do Presidente da Republica, Getúlio Dorneles Vargas. De imediato vibrei com a notícia, respaldado com a discussão da noite anterior, disse: “- Bem feito!” Mas de imediato fui repreendido pela nossa empregada doméstica, que já não me recordo do seu nome, somente a sua figura de mulher alta, magra de cor negra, que lavava no tanque roupas brancas com anil azul.

Hoje em dia achamos que as crianças de hoje são mais espertas do que as do meu tempo. Ledo engano! Pois eu já tinha a minha opinião politica desde então.

Só não sabia que a contestação da nossa diarista estava baseada nas benesses da Consolidação das Leis Trabalhistas, que ela embora não tivesse esses direitos, por certo alguém da sua família já gozava dos artigos da CLT.

É uma pena que este exemplo dado por Getúlio não sirva de modelo para os atuais executivos das três esferas da administração.

Com a modernidade da cremação dos corpos, nem espaço a sete palmos da terra iriam ocupar.

Recordei, falei e disse.

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 24/08/2016
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