Quem tem medo da iniciativa privada?

Nacib Hetti

Cedo ou tarde a lógica sempre prevalece. O novo governo pós Dilma chegou à conclusão que precisa de parceiros para tirar da gaveta os grandes projetos. Todos sabem que o Estado empresário, de um modo geral, é incompetente, falido e, muitas vezes, corrupto. Só sobrevive por ser estatal. O PT errou muito com seus conceitos ultrapassados. Perdeu também seus maiores apoiadores, constituído de empreendedores comprometidos com a economia de mercado. Não faz sentido desviar recursos e capacidade de gestão para atividades que estariam melhores nas mãos da iniciativa privada, enquanto a população não tem segurança, saúde, educação e saneamento básico.

FHC tem razão quando pede aos seus liderados para defender as privatizações ocorridas no seu governo, como um marco importante na modernização do estado. Foi esse processo que permitiu o avanço econômico e tecnológico, principalmente nas telecomunicações e na expansão e modernização da siderurgia brasileira. Na desestatização iniciada no governo Collor e continuada por Itamar e FHC, além do desenvolvimento tecnológico, o governo parou de usar recursos do tesouro para socorrer empresas deficitárias que estavam nas mãos do Estado, reduzindo sensivelmente a inflação e a corrupção.

Para institucionalizar as concessões o governo tucano estruturou mecanismos de controle, através da criação das agências reguladoras independentes, com o objetivo de balizar o comportamento das atividades concedidas à iniciativa privada. O governo petista, pressionado, prejudicou o caráter técnico das agências, com a distribuição de seus cargos entre os partidos da base aliada, criando um apoio espúrio e sem compromisso com o consumidor. È Preciso acabar com a hipocrisia, quando se ataca a privatização como se fosse um pecado danado. A empresa estatal só interessa ao Estado que não acredita na sua soberania e nas suas instituições; que se deixa influenciar por uma ideologia caduca, como ocorre com a Coréia do Norte, Cuba, Venezuela e outras economias falidas, dependentes e corruptas.

A entrada de empresas estrangeiras na exploração do “pré-sal” é um passo firme para mostrar ao mundo que existe vida inteligente no governo brasileiro, formando uma imagem de segurança financeira e jurídica para novos investimentos em outras áreas econômicas e sociais, carentes de iniciativas, como logística e saneamento básico. A participação de empresas multinacionais na atividade petrolífera, além de trazer tecnologia e credibilidade, cria uma estrutura consistente para o desenvolvimento do país, sem depender do desvio de recursos que seriam aplicados no bem estar do brasileiro, formando cidadãos conscientes de sua soberania.