O supremo poder
Supremo é o mar, o vento, o fogo, são as chuvas, quer quando benfazejas em sua capacidade de alimentar o terreno, quer quando torrenciais e invencíveis na sua capacidade de destruição.
Supremo não é bem o termo com que se possa designar um tribunal, dada, em muitos casos, à precária possibilidade de oferecimento de justiça por parte de seus membros, isolada ou coletivamente. Uma corte jamais poderá, na verdade, ser suprema. A não ser no que ela contenha de vaidade, presunção ou plenipotência.
Se comprovadas as denúncias e acusações contra o ex-ministro do PT, que ensejaram a sua detenção por decisão do MPF, o correto seria a devolução das somas por ele desviadas e o prolongamento da sua detenção na esperança de que ela viesse restaurar a sua credibilidade ética diante da sociedade e a sua condição moral diante de si mesmo. A liberação quase que imediata do detido só pode contribuir para a sensação de impunidade, que já não surpreende a sociedade e se consolida nos que estão na situação dele ou nos que almejam essa situação.
Não é o mesmo que a liberação de um desempregado ou pedinte que, comprovadamente pela primeira vez, furtou dois ou três litros de leite de um supermercado. Até porque o dono do supermercado poderia repor de imediato a mercadoria furtada e oferecer emprego a quem praticou o furto. O que em nossos dias nos parece utopia.
No caso de um ex-ministro, que se vale de prerrogativas como o bom salário, (que nunca atrasa), de vantagens pessoais e até do foro privilegiado, e ainda utiliza-se da função para o cometimento de práticas delituosas, a periculosidade é bem maior. Porque a sua dimensão tem amplitude nacional e não apenas regional como no caso de um desempregado ou pedinte.
Rio, 30/06/2016