FORO PRIVILEGIADO OU ASILO PARA BANDIDOS?

O ninho de ratos do Senado está em polvorosa com a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo, que segundo a Polícia Federal andou roubando os funcionários públicos federais através do crédito subvencionado.  A grita é porque a polícia varejou o apartamento da senadora Gleisi Hofmann, que é esposa dele, em busca de provas.
A polícia e o juíz que ordenou a busca dizem que a senadora tem foro privilegiado, mas o marido dela não. Salvo melhor juízo, acho que o juiz tem razão. O fato de a senadora morar no mesmo apartamento não faz dele um santuário onde um criminoso pode se homiziar e ficar a salvo das autoridades. Se essa prerrogativa fosse reconhecida, estaria consubstanciada mais um odioso privilégio para quem a legislação já concede favores injustificados.
A senadora Gleisi está certa em defender o marido. Se ela, que dorme com ele, não fizesse, quem o faria? Como diz a sabedoria popular, não existe homem, por mais tranqueira que seja, que não tenha uma mulher que chore por ele. 
Agora, os demais senadores só o fazem por duas razões: a primeira é o espirito de corpo que essa verdadeira colônia de caranguejos que é o Senado, sempre mostra quando é atacado. A segunda é o medo do amanhã.
Hoje é a senadora Gleisi, amanhã pode ser qualquer um deles, pois ao que parece, nesse verdadeiro clube da propina que a nossa Câmara Alta se transformou, se sobrarem meia dúzia de senadores que não se lambuzaram no mel que a colmeia dos cofres públicos lhes fornece com fartura, é muito. E agora que essa farra está sendo cobrada, eles se ouriçam e se protegem como se fossem caranguejos sendo atacados por um predador.
Para um cidadão comum, que não tem esse odioso privilégio do foro privilegiado, a queixa dos senadores contra a Polícia Federal e o juiz de primeira instância que mandou varejar o apartamento dos pombinhos petistas (que se fartaram com o milho dos infelizes funcionários públicos federais que precisaram pegar empréstimos consignados), soa como uma sonora zombaria. É como se a lei permitisse a um criminoso um refúgio seguro onde as autoridades não podem entrar para prendê-lo. Algo mais ou menos como eram as igrejas na época medieval, ou as embaixadas de países estrangeiros, onde a autoridade local não tem competência para entrar. Aliás, não é demais lembrar que o Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda mantém em sua legislação essa excrecência legal que só serve a políticos corruptos e bandidos bons de voto, que fazem de seus mandatos um verdadeiro escudo para a prática impune de seus crimes. Ele foi instituído para proteger o mandato de representantes legais contra a sanha dos ditadores de plantão e não para garantir impunidade para criminosos de colarinho branco. Está mais queora na hora de acabar com isso.
A senadora Gleisi Hofmann tem razão em vociferar. Afinal, a batata dela também está assando. Ela é uma das maiores beneficiárias do esquema montado no Ministério do Planejamento. Elegeu-se com o dinheiro arrecadado nas mutretas perpetradas pelo seu consorte. E sem querer fazer trocadilhos, não seria estranho que ela venha agora a compartilhar da sua sorte.
Da nossa parte, aplausos para o juiz e para os federais. Pelo menos, parece que alguém está fazendo alguma coisa para acabar com essa peste negra que as ratazanas da política espalharam pelo país.