Engodo e perversidade
Quem vive de salário, tanto no setor privado quanto no público, tem motivos de sobra para estar preocupado: as reformas da Previdência e da CLT em gestação no governo interino de Michel Temer, aliança entre PMDB e PSDB. Insisto e retomo esse assunto face à gravidade do mesmo.
Em primeiro lugar, esse é um governo interino, oras. A votação final do processo de impeachment da presidente afastada está prevista para a segunda quinzena de agosto. Logo, qual a legitimidade de um governo provisório, com apenas 11% de aprovação popular (pesquisa CNT/MDA de 08.06.16), em tomar medidas que, dependendo da votação do Senado, poderão ser tornadas sem efeito na volta da titular? Em segundo, cabe novamente ressaltar: essas medidas não passaram pelo crivo das urnas, bem pelo contrário, o povo elegeu programa diferente em outubro de 2014.
Não bastasse tais ponderações, hoje podemos concluir facilmente de que houve um engodo para quem foi às ruas contra a corrupção em 2015/16: vazamentos de áudios de líderes do PMDB deixaram claro que o impeachment era uma cortina de fumaça que visava esvaziar a Operação Lava Jato, que atinge políticos do PMDB, PSDB, PT, PP e outros.
E, nesse quadro, como justificar um duro ajuste fiscal que penalizará o andar de baixo da população brasileira? Idade mínima de 65 anos num país como o Brasil chega a ser um ato de perversidade que sintetiza muito bem a gravidade do momento atual, dentre outras medias de teor correlato.
Todavia, o que me deixa mais perplexo nesse momento é justamente a aparente resignação dos que serão alvo de tudo isso.
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PRISÃO DE SENADORES DO PMDB - A prisão do senador Delcídio Amaral foi a deixa. Ele só poderia ser preso, enquanto senador, em flagrante delito, o que não foi o caso. O Senado se omitiu na ocasião e, assim, abriu espaço para os pedidos contra José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá, que estão na mesma situação de Delcídio. E isso igualmente se aplica ao presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Não que eles não devam ser investigados, mas as prisões são indevidas e configuram-se em interferência de um poder sobre outro, ainda mais sendo o senador Calheiros presidente do Senado. O rompimento da relação de independência entre os poderes afeta, sem dúvida, o Estado Democrático de Direito. Isso é grave. Mas o povo vai entender isso? Creio que não. As pessoas querem justiça, com razão. A qualquer preço, sem razão. Sombrio.
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PAUTAS & PAUTAS – Os dois jornais de maior circulação no RS não deram manchete na capa ou contracapa à presença da presidente afastada Dilma Rousseff em Porto Alegre na sexta-feira passada. Tampouco colocaram matéria específica nas editorias de política sobre sua vinda. Pergunto: essa não era uma pauta importante, dada a conjuntura política? No sábado, fizeram matéria de página sobre o assunto. Sem capa, novamente. Cerca de dez mil pessoas acompanharam o pronunciamento de Dilma na Esquina Democrática, num frio final de tarde. Sintomático: os movimentos pró-impeachment, ao longo de 2015/16, sempre tiveram destaque ou chamada na capa...
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OCUPASSIS – O movimento dos alunos do IEE Assis Chateaubriand em apoio à greve dos professores estaduais tem mais atividades programadas: hoje, às 08h30min, Bate Papo sobre Recursos Humanos com Rochele Quintana; segunda-feira, 13, 09h, Roda de Conversa sobre Violência de Gênero, com Gabriela Loss Lize; e na terça-feira, 14, às 09h30min, Roda de Conversa sobre LGBT, com Iara Netto. As atividades são destinadas aos alunos da instituição.
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FORA TEMER – Nesta sexta-feira, em todo o Brasil, atos pedindo a saída do presidente interino ocorrerão em várias cidades do Brasil e no exterior. Em Porto Alegre, o evento terá início às 17h, na Esquina Democrática.
Texto publicado na seção de Opinião do jornal Portal de Notícias, versões online e impressa: http://www.portaldenoticias.com.br
Quem vive de salário, tanto no setor privado quanto no público, tem motivos de sobra para estar preocupado: as reformas da Previdência e da CLT em gestação no governo interino de Michel Temer, aliança entre PMDB e PSDB. Insisto e retomo esse assunto face à gravidade do mesmo.
Em primeiro lugar, esse é um governo interino, oras. A votação final do processo de impeachment da presidente afastada está prevista para a segunda quinzena de agosto. Logo, qual a legitimidade de um governo provisório, com apenas 11% de aprovação popular (pesquisa CNT/MDA de 08.06.16), em tomar medidas que, dependendo da votação do Senado, poderão ser tornadas sem efeito na volta da titular? Em segundo, cabe novamente ressaltar: essas medidas não passaram pelo crivo das urnas, bem pelo contrário, o povo elegeu programa diferente em outubro de 2014.
Não bastasse tais ponderações, hoje podemos concluir facilmente de que houve um engodo para quem foi às ruas contra a corrupção em 2015/16: vazamentos de áudios de líderes do PMDB deixaram claro que o impeachment era uma cortina de fumaça que visava esvaziar a Operação Lava Jato, que atinge políticos do PMDB, PSDB, PT, PP e outros.
E, nesse quadro, como justificar um duro ajuste fiscal que penalizará o andar de baixo da população brasileira? Idade mínima de 65 anos num país como o Brasil chega a ser um ato de perversidade que sintetiza muito bem a gravidade do momento atual, dentre outras medias de teor correlato.
Todavia, o que me deixa mais perplexo nesse momento é justamente a aparente resignação dos que serão alvo de tudo isso.
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PRISÃO DE SENADORES DO PMDB - A prisão do senador Delcídio Amaral foi a deixa. Ele só poderia ser preso, enquanto senador, em flagrante delito, o que não foi o caso. O Senado se omitiu na ocasião e, assim, abriu espaço para os pedidos contra José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá, que estão na mesma situação de Delcídio. E isso igualmente se aplica ao presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Não que eles não devam ser investigados, mas as prisões são indevidas e configuram-se em interferência de um poder sobre outro, ainda mais sendo o senador Calheiros presidente do Senado. O rompimento da relação de independência entre os poderes afeta, sem dúvida, o Estado Democrático de Direito. Isso é grave. Mas o povo vai entender isso? Creio que não. As pessoas querem justiça, com razão. A qualquer preço, sem razão. Sombrio.
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PAUTAS & PAUTAS – Os dois jornais de maior circulação no RS não deram manchete na capa ou contracapa à presença da presidente afastada Dilma Rousseff em Porto Alegre na sexta-feira passada. Tampouco colocaram matéria específica nas editorias de política sobre sua vinda. Pergunto: essa não era uma pauta importante, dada a conjuntura política? No sábado, fizeram matéria de página sobre o assunto. Sem capa, novamente. Cerca de dez mil pessoas acompanharam o pronunciamento de Dilma na Esquina Democrática, num frio final de tarde. Sintomático: os movimentos pró-impeachment, ao longo de 2015/16, sempre tiveram destaque ou chamada na capa...
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OCUPASSIS – O movimento dos alunos do IEE Assis Chateaubriand em apoio à greve dos professores estaduais tem mais atividades programadas: hoje, às 08h30min, Bate Papo sobre Recursos Humanos com Rochele Quintana; segunda-feira, 13, 09h, Roda de Conversa sobre Violência de Gênero, com Gabriela Loss Lize; e na terça-feira, 14, às 09h30min, Roda de Conversa sobre LGBT, com Iara Netto. As atividades são destinadas aos alunos da instituição.
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FORA TEMER – Nesta sexta-feira, em todo o Brasil, atos pedindo a saída do presidente interino ocorrerão em várias cidades do Brasil e no exterior. Em Porto Alegre, o evento terá início às 17h, na Esquina Democrática.
Texto publicado na seção de Opinião do jornal Portal de Notícias, versões online e impressa: http://www.portaldenoticias.com.br