Ministérios & Mistérios
Dentre e as inúmeras incompreensibilidades deste país, as quais pouco ou nada me assustam mais, algumas delas se sobressaem, e saio então um pouco do marasmo a que me propus por falta de aptidão pra enxugar gelo e faço um esforço pra analisá-las ainda.
A extinção, curta, mas extinção, do Ministério da Cultura levantou uma discussão inusitada no país onde até pessoas – e muitas, mas muitas mesmo – que nunca deram a menor pelota pra Cultura se revoltaram e desandaram falar besteiras nas tais (ô termo mais besta!) redes sociais.
Acontece que, pra usar uma frase que se aplica a muitas situações, Ministério bom e Ministério extinto! Não importa se da Cultura, da Pesca, das Cidades (seja lá o que isso signifique), das incompatibilidades, das minorias do que mais quiserem criar. São apenas cabides de emprego, postos de acomodação de correligionários e companheiros, nada mais.
Posso não ser e não sou e não quero ser especialista em administração pública, mas tenho plena certeza que Ministérios são importantes sim e pela importância que têm não poderiam passar de 05 ou 06 ou quem sabe 07(Fazenda, Desenvolvimento, Educação, Casa Cível e mais uns dois ou três). E todos enxutíssimos!
O resto (Cultura, Pesca, Turismo e por aí vai) apenas Secretárias, com gente capaz, com muito conhecimento Técnico, sem apadrinhamentos partidários e, principalmente: Enxutíssimas!
Claro que é inaceitável quando lemos (quero acreditar que não seja verdade) que o novo governo – que assim como o antigo não é nenhuma maravilha, ou era? – ofereceu a pasta até a pessoas que provavelmente encheriam o Ministério de “bugingangas”.
Quanto ao chorado fim (tão rápido, já voltou!) do Ministério da Cultura, quem mais se abalou foram grupos do tipo “amigo meu já mamou lá”, foram os mesmos grupos que se descabelaram pra proibir Biografias Livres. Foram grupos que têm, em sua formação, em seu âmago, compositores e atores e escritores interessantes, criativos, mas que também carregam em si a marca do retrocesso, do protecionismo às velhas ideias. Grupos que se auto intitulam de Esquerda como se Esquerda houvesse nesse país; os que um dia se alinharam realmente à Esquerda, quando isso era possível, estão mortos e seus ideais – lindos, malucos, tortos, torpes, mas ideais - enterrados.