CARTA À SENADORA ANA AMÉLIA
Excelentíssima Senhora Senadora
Ana Amélia Lemos (PP-RS)
Ao cumprimentá-la por sua notável atuação no debate institucional surgido da necessidade de afastar do Governo a Senhora Dilma Rousseff, faço destas linhas uma oportunidade para trazer ao seu conhecimento um drama pessoal que atinge, sem dúvida alguma, o campo do interesse público.
Sou médico cardiologista intensivista formado pela Faculdade de Medicina da UFRGS em 1994. Entre junho de 2010 e setembro de 2014, fui médico intensivista concursado da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre.
Acredito ser de seu pleno conhecimento que o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) encontra-se, desde o ano de 2003, sob comando do grupo político que hoje, 12 de maio de 2016, foi, finalmente, afastado do Governo.
Tal afastamento, senhora senadora, permita-me dizê-lo sem nenhuma falsa modéstia, deu-se pelo sacrifício dos milhões de brasileiros que, como eu mesmo, estiveram nas ruas. No meu caso, insurgir-se contra os desmandos dos apadrinhados políticos do GHC custou-me o emprego, o salário e a exposição pública como agressor de mulheres.
Explico-lhe que por ocasião de uma discussão técnica com uma colega de trabalho que seguiu-se a uma falsa queixa da parte dela eu respondi a um processo administrativo que me condenou (sem prova alguma) à exoneração. Muito antes destes fatos e já por ocasião do incêndio da Boate Kiss, e do atendimento aos sobreviventes em Santa Maria, eu era publicamente conhecido como ferrenho crítico do Regime Petista no Brasil.
Senadora Ana Amélia, desde 2003 o GHC é conhecido na mídia e no meio jornalístico do Rio Grande do Sul por seus frequentes escândalos que envolvem desde cirurgias sem necessidade e licitações fraudulentas até o assédio moral e a execução sumária de pacientes dentro de seus hospitais. Escrevo-lhe hoje superando meu próprio interesse profissional e acreditando representar nesta missiva a opinião da maioria silenciosa do corpo clínico do GHC. Peço encarecidamente à senhora seu máximo compromisso na exoneração imediata de todos os cargos de confiança e funções gratificadas quem, durante 13 anos, vem transformando o Grupo Hospitalar Conceição numa aberração administrativa grande demais para representar hospitais e pequena demais para ser um Ministério.
Creio também escrever aqui pelos pacientes que, em condições desumanas, acomodam-se em emergências lotadas na mais degradante de todas as condições humanas – a do descaso dos serviços públicos. Destino de um orçamento anual estimado em 1,4 bilhões de reais, o Grupo Hospitalar Conceição é hoje o maior cabide de empregos para esquerda gaúcha do qual já se teve notícia. Os médicos e os pacientes de Porto Alegre não podem esperar mais.
Certo de contar com sua mais prestigiosa atenção, subscrevo-me desejando desde já meus melhores votos nesta nova fase da vida política brasileira que, depois de tanto sofrimento, começa hoje com a posse do Presidente Temer.
Cordiais Saudações,
Dr. Milton Pires
CREMERS 20958
Porto Alegre – RS.
Porto Alegre, 12 de maio de 2016