A ESPERADA CRISE ENGAVETADA


Logo após o resultado das eleições de 2002, a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) anuncia que o Brasil vai parar: indústrias nacionais ficarão inoperantes, gerando desemprego;  as multinacionais rumarão para outros países; empresários sonegarão impostos com o propósito de diminuir a arrecadação tributária do País. . .  A medida tem como propósito impedir a governabilidade do novo governo, obrigando-o a dizer "sim, senhor" ao assinar uma "carta de intenções" que garantisse a manutenção das conquistas liberais do seu antecessor.  Assim se fez.
 
Em setembro/2015, a mesma FIESP - que tem em seus quadros os cem maiores grandes empresários do Estado -  lança o manifesto "NÃO PAGUE O  PATO", colhendo milhares de assinaturas de peixes miúdos contra a recriação da CPMF (contribuição de vinte centavos sobre cada cem reais que viessem a ser movimentados).  Um dos itens dessa campanha obriga o Congresso a refutar qualquer projeto que signifique criação ou elevação de impostos.  Aparentemente boa a intenção dessa federação!...  Acontece que com essa medida, agora endossada por milhares de brasileiros, fica sepultada qualquer tentativa de tributação das grandes fortunas (eis aí o objetivo sub-reptício da campanha).  No fundo, no fundo, patos seremos todos nós.

Na campanha do impeachment do atual governo, patinhos vestidos de amarelo fizeram a festa em torno dos seu telões na avenida Paulista 1313.  Uma coisa chamou outras coisas.

Não por mera coincidência, tudo aquilo que a FIESP ameaçou fazer a partir de 2003, agora se concretiza.  Aí estão: empresas (simulando?) falência; algumas suspendendo o pagamento de impostos, o que significa diminuição da receita do País; desemprego em elevação (provocada?); retenção dos investimentos; imagem negativa da situação econômica-financeira do Brasil no exterior, afugentando antigos investidores...  Tudo que era bom de repente virou péssimo.  Quando o que está em voga é a lei do "Quanto pior, melhor", nós é que pagamos o pato. 
  
A FIESP conseguirá, agora, o impeachment pelo qual lutou, por baixo do  pano, nesses exatos treze anos.  Consegue, sim.  Tudo está traçado e politicamente combinado.  Voltaremos à mesma lenga-lenga de antes: "deixar o bolo crescer pra depois repartir". 

Depois dos muitos depois, ela (a FIESP) afinal depôs o governo que há muito lhe incomoda.  Graças à sua atuação, bons dias virão para a pequena fração imprópria dos que ordinariamente sobem.  Os inúmeros que agora descem virarão simples decimais.  Verás.  Verás...
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 22/04/2016
Reeditado em 14/07/2016
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