A casa da mãe Joana
E por falar em volta ao batente o governo brasileiro começa a semana recolhendo os cacos, e preparando a ação para o próximo ato. A derrota foi dura, difícil de engolir até mesmo para os mais acostumados à traição, e pode ser interpretada de várias formas, além é claro de servir como uma lição para um governo que se acostumou a não conversar. Um significado em especial ficará marcado, sendo reforçado voto a voto cada vez que um SIM era destilado, esbravejado, expulso das entranhas do seu representante: foi golpe, e baixo!
O (apoio) que Dilma perdeu na câmara ela já não tinha no governo. Está só, parece-nos que mais por escolha própria do que pelo abandono de seu escalão de apoiadores. Rígida, controladora, minimalista, ela governa com pulsos fortes e dita regras que muitos acreditam, mas que ninguém respeita simplesmente por terem sido ditadas por ela.
O desrespeito ao governo Dilma começou no dia em que ela anunciou a reeleição. Seu maior adversário não acreditava que um governo mediano (mais para ruim) lhe daria condições de ser marcante nas urnas. Mas ela apostou alto, e levou! Só que seu "maior" adversário também apostou alto, e não levou! Isso não sairia barato, como é claro, não saiu!
É notória a campanha negativa na direção do governo que o tucano Aécio Neves faz dentro e fora dos corredores do senado e da câmara, onde tem aliados e até muitos fãs. Só não vê quem é governo, ou cidadão, e tem mais o que fazer, porque a imprensa e os políticos que defenderam com a própria vida o processo de impeachment da petista sabem, apoiam, e não escondem de ninguém sua intenção.
Foram quase 10 horas de uma exaustiva votação, mas eles conseguiram: com um placar de 367 a favor e 137 contra (contando abstenções e ausências), eles iniciaram o processo de condução coercitiva de Dilma Roussef do cargo de Presidente da República, que agora segue para o senado, onde há uma chance remota (mas há) de que o governo que ainda ficou de pé consiga barrar o andamento do impeachment.
Fora esse imbróglio que mais parece um embate entre o bem e o mal, o poderoso chefão Lula segue livre, já que contra ele não se prova nada; o listão da Odebrecht continua ileso a onda de vazamentos; a operação lava-jato está próxima do fim; a Suíça já provou que as contas do Cunha existem; Furnas segue apenas no imaginário popular; e a nova temporada de House of Cards está imperdível.