RESPOSTA A UM AMIGO SOBRE O IMPEACHMENT DA PRESIDENTE DO BRASIL
RESPOSTA A UM AMIGO SOBRE O IMPEACHMENT DA PRESIDENTE DO BRASIL
Sou contra o impeachment da Dilma, não por ela ou pelo PT, mas por uma questão de princípios... os princípios que deveriam nortear toda nação que se pretenda séria e civilizada, como os EUA e a quase totalidade dos países da Europa ocidental. Não é uma questão partidária ou pessoal. Caso seja aprovado, a saída forçada da presidente abre um sério e perigoso precedente de ordem legislativa e jurídica, pois como você bem disse, não haveria legitimidade, tanto legal quanto moral para que seus substitutos constitucionais assumissem e por conseguinte governassem, inviabilizando assim a governabilidade até o fim deste mandato. O governo está ruim? Não, está péssimo, mas foi legitimado pelo sufrágio universal, incontestável até que se prove o contrário. Essa condição de incompetência per si não legitima processo de impeachment. Por outro lado, estamos vivendo e assistindo a uma situação no mínimo incoerente, pra não dizer tragicômica... ladrões ou suspeitos de larápios julgando outros ladrões e suspeitos afins. Quanto à questão da bipolaridade que se criou em todo o país, vejo como uma consequência da falta de educação e cultura do nosso povo, que assiste a tudo isso como se fosse o final de uma novela da globo ou de um campeonato de futebol, torcendo para um dos lados ou resultados de forma quase fanática, porém sem consistência, pois lhe faltam as bases do conhecimento histórico e da crítica reflexiva, isenta de paixões emotivas. É próprio do nosso povo desde sua formação e por isso discordo de que haverá confrontos mais exacerbados e generalizados com consequências trágicas, fora um e outro fato isolado. Essa característica de identidade faz com que nosso povo não seja afeito a essas ações de extremos sacrifícios e heroísmos, salvo algumas passagens da nossa história como Tiradentes, Getúlio Vargas ou mesmo a Confederação do Equador aqui no Ceará. As pedaladas fiscais, no meu ponto de vista, não são suficientes para enquadrar a Dilma no processo de impedimento, visto que ocorreram para cobrir obrigações do governo com programas dirigidos a segmentos amplos da sociedade e não para benefício próprio ou de terceiros, além do fato de terem sido praticados por todos os governos anteriores, que apesar de não justificarem o atual, não podem, por razões relativas à intencionalidade e à brecha jurídica estabelecida pela contumácia, ser motivo de condenação. Caso aprovado o impeachment, estaremos retrocedendo à categoria de republiqueta de quinta, fato lamentável, visto que já éramos considerados como republiqueta de segunda.
Marco Antônio Abreu Florentino