Messianismo Político

A sociedade como um todo, sempre aclamou veementemente pelo insurgir de um político messiânico; capaz de trazer redenção para aqueles que haviam se perdido. Sempre clamou por alguém capaz de endireitar as “veredas da justiça” por amor ao nome de tudo que é justo, honesto e que outrora já fora puro. Para poder tornar o que era profano em santo, injusto em justiça e para que o sol da verdade dissipasse tudo que estava em oculto.

Esse messianismo político que beira o conceito de utopia é meramente uma miragem em meio ao deserto escaldante da vida política. Pessimismo? Talvez. Mas, não há nada mais duro que um “choque” de realidade. Infelizmente hoje vemos a deturpação desta palavra com um significado tão importante, política; a má utilização desta palavra a tem tornada pejorativa e aqueles que usufruem de tal terminologia, talvez semanticamente e epistemologicamente desconheçam suas raízes históricas e seu real sentido.

Propedeuticamente é pertinente analisarmos que em linhas gerais, a história da política brasileira é formada por dezenas de políticos que prometeram “implantar os céus na terra” (parafraseando Rosa Luxemburgo “ironicamente”), mas que não passavam de meras promessas especulativas. O que é notório em nossa trajetória política é que para ser um político bem sucedido, basta ter frequentemente um colapso de histeria para trazer comoção frente à população. E é indubitavelmente inquestionável que para se falar com a massa popular não é necessária coerência verbal, nominal, uma boa dicção, um pronunciamento gramaticalmente correto, basta ser leigo, falar a boa e velha linguagem populista que é “pai dos pobres” e “mãe dos ricos” que todos saem ganhando. A cultura nunca fez parte da alma política brasileira, estabelecemos um pragmatismo político onde tudo que é incoerente é louvável, talvez nunca antes na história deste país tivemos tantos discursos tão ricos de pobrezas e falta de argumentos quanto aos que temos atualmente. Onde, a falta de cultura, o vitimísmo exacerbado, as palavras de baixo calão são tidas como discursos dignos de prêmios Nobel´s. Há uma inversão de paradigmas estarrecedoras, tão gritantes que são capazes de ensurdecer aqueles que já estão surdos.

Vimos por diversas vezes o messianismo eclodir no cenário político brasileiro, mas sempre aqueles que não eram comprados, que não se vendiam, eram silenciados. Ou se vendiam ou eram silenciados misteriosamente, essa era a regra. Tivemos Jânio Quadros que foi forçado a renunciar como o mesmo disse em seu texto de renúncia “... Forças terríveis se levantaram contra mim”. Quando João Goulart se viu entre a “cruz e a espada” e tornou se exilado e posteriormente viera a falecer por motivos duvidosos. São apenas alguns casos que não são esporádicos em nosso cenário brasileiro.

Collor aquele que prometeu “varrer os marajás”, mas que se assentou entre eles. Algumas pessoas não mudam, ou se vendem, apenas revelam sua verdadeira essência.

Sejam aqueles que foram silenciados ou aqueles que se venderam, desconfie sempre daquele que prometem “implantar” os céus na Terra. Os distúrbios políticos brasileiros são mais profundos do que podemos pressupor, sobretudo ouso afirmar que a maioria nossos problemas são culturais. A nossa mentalidade se limita aos parâmetros que o Estado cria quando ele dita que todos os programas socais são “caridades” que ele nos proporciona e que quando usufruímos destes e somos contra a gestão e administração da “coisa publica” pelo atual governo; estamos cuspindo no prato que comemos. É irônico que o governo pense assim, pois o mesmo deveria compreender que a verba utilizada em tais programas sociais não partiu de investimento dele próprio, mas sim da sociedade como um todo independemente de qual partido sejamos. Como diria Margaret Thatcher “Não existe verba pública, existe verba de cada cidadão”. Quando um governo governa, ele não governa para uma classe especifica, mas para o bem de toda à coletividade. É uma coisa publica, do povo. Emanada através da democracia, o Estado nada mais é que o zelador do bem estar populacional. A sociedade como um todo que sustenta os gatos astronômicos dessa maquina publica, como Atlas sustenta os céus assim sustentamos nós os gastos desenfreados da maquina publica. Talvez esse seja o legado que tenhamos que pagar pela omissão na vida pública, pafraseando Platão “O mérito por seres omisso na política é seres governado por quem és inferior a ti”. Que aprendamos com Victor Hugo que “Quem poupa o lobo sacrifica a ovelha”.

diego amorim
Enviado por diego amorim em 08/04/2016
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