Brasil
Brasil – Busca pela democracia plena sob uma mentalidade anti-nacionalista?
Marta Paula dos Santos
Resumo: A situação de instabilidade política e moral no Brasil já vem de muito tempo. A quem interessa escândalos vindo à tona só por parte de um partido? A cultura do ódio crescente, incutida na mente de pessoas que mal conhecem os meandros da tramoia política. Movidos por uma manipulação midiática que tem seus interesses na derrubada do governo. A corrupção está presente em todas as esferas(governamentais ou não). A ética, o respeito, devem ser ensinados desde cedo às crianças; a importância dos valores educacionais através de professores comprometidos com o bem comum. Uso da informação, conhecimento de causas e efeitos da crise econômica e política no Brasil.
Palavras-chave: Ética, democracia, sociedade, convulsão social, família, educação
Introdução
Nosso país tem passado por turbulências político-econômicas as quais têm afligido grande parcela da sociedade. O olhar deve ser crítico e racional sobre os acontecimentos, levando os personagens desse enredo ao nível mais elevado de entendimento lutando pelo bem-estar do seu país. A responsabilidade é de todos, cada um em seu ambiente profissional, familiar, nos quais são evidenciadas as mais profundas convicções. Buscar alternativas em utopias, de nada vale, o ideal é saber que ao virem à tona escândalos de corrupção, tenha-se a clara certeza de que há muito a ser passado a limpo no Brasil.
Atualmente, o Brasil tem passado por uma convulsão social significativa na esfera política. Só que a moeda não parece possuir somente dois lados. Num cenário em que lança-se mão de recursos ilegais e pouco ortodoxos, com o fim de conseguir provas contra pessoas investigadas ou não, tem-se a impressão de haver uma quebra do limite do bom senso (se for essa a melhor definição). Longe de se defender quaisquer lados, o objetivo é refletir sobre o contexto que envolve os acontecimentos. Uma visão partidarista é a principal delas.
O povo invade as ruas como pretexto de exigir fora Dilma, fora PT, porém, cada um repete a mesma frase: “Quero um país sem corrupção, melhor para todos!” Será mesmo!? Se for assim, melhor seria acabar com o Brasil, já que a corrupção é inerente ao ser humano, prova disso ocorre quando em épocas de catástrofes naturais, o povo saqueia daqueles que pouco conseguiram salvar das enchentes. Obrigados a deixar suas casas por risco de morte, dão chance aos salafrários de tirar o fruto de tanto sacrifício! Corrupção não escolhe camadas sociais. Nossos políticos são verdadeiros entendedores das maracutaias, jogando com sutis palavras, ou delações vantajosas, a fim de escapar de punições.
O que se tem visto é cada um buscando seus próprios interesses, numa cultura de ódio, do todos contra todos, no qual falta respeito, limite. A violência cresce nas redes sociais, com ameaças veladas ou não. Não pensam no país, usado como parte de jargões vazios e sem propósito, de gente que nada sabe sobre o lugar onde vivem. Desconhecem as consequências de uma interrupção de mandato legitimado pelas urnas, de um país à mercê de golpes envolvendo as variadas esferas de poder. Os mais instruídos dizem ser a chance de “limpar” o país, no entanto, quem vai assumir possui uma lista de crimes sem investigação. Não adianta procurar heróis para “salvar” o Brasil, eles não existem! Um cidadão que ama seu país, não o sabota com mecanismos de vantagem ilícita.
Os mais pobres, os quais foram beneficiados no governo do PT, com cotas raciais, programas de incentivo ao aumento de escolaridade entre os mais humildes, conferindo-lhes cidadania, acesso às universidades públicas, decretos garantindo acesso de pessoas com deficiência no ambiente escolar (Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000), o PROUNI, com o qual muitos se beneficiaram, (até mesmo os que dele não necessitavam tanto!) do contrário, não teriam se formado. (Lei n. 11.096, de 13 de janeiro de 2005). A quem interessaria a derrubada do governo? Bem, basta atentar para quem esforça-se de maneira desesperada para conseguir o propósito. O espetáculo midiático é gritante, e poucos observam friamente isso.
Quem da elite gosta de dividir bancos acadêmicos com filhos de pedreiros e lavadeiras? A FIESP, pela primeira vez, fala do povo não suportar mais impostos sobre os ombros, quando na verdade, usa a sociedade como escudo, pois o maior perdedor é o empresariado, isso, com a implantação da CPMF. Desde sempre, os empresários só souberam explorar a classe trabalhadora, negando-lhes direitos fundamentais garantidos por lei. Avaliar manifestações como união de ricos e pobres é um engodo, pois jamais tal junção seria possível, visto que há interesses distintos a separá-los.
Nos espaços acadêmicos formam-se profissionais mais preocupados em obter vantagens e lugar no meio elitista, do que trabalhar para o bem-estar da sociedade, preparando seus alunos para exercerem plenamente seus direitos e deveres. Deveres sim, pois se observa a elevada escala de violência por parte daqueles os quais se negam a abrir mão do que pensa ser seu direito, em prol do bem comum. Como não falar dos professores em muitas salas de aula a praticar uma espécie de proselitismo religioso e político, apropriando-se indevidamente, como um formador de opinião, do direito de espalhar suas ideologias tendenciosas.
Sabe-se da dificuldade pela qual o ensino público passa no país, porém é inadmissível um professor usar sua posição no intuito de distorcer fatos não instigando seus estudantes à reflexão. Não há, por parte de governo algum, interesse em educar a população (para quê criar um problema futuro). Um povo instruído, pensa suas atitudes, conhece seus direitos e luta por eles! Este povo, por sinal, pouco ou nada se interessa pelo bem-estar do seu espaço urbano. Contentam-se, em grande parte, com paliativos, jogos de futebol com resultados previamente combinados, carnaval para gringos verem, demonstrando desdém por aqueles responsáveis por garantir o “espetáculo”.
Qual democracia concede a alguns o arbítrio de difamar, ridicularizar autoridades, ameaçar quem pensa de forma diferente? A discordância é legítima, pensamentos opostos, contudo, o que se tem visto são pessoas falando sem terem conhecimento acerca do que ocorre nas entrelinhas da história. Saber daqueles aos quais delegam o poder de “moralizar” o país, sendo o antigo problema da parcialidade. Alguém explora a informação despejando sobre a sociedade toda espécie de denúncias sobre um governo e um partido, e todos “rezam” a cartilha sem perceber os interesses que regem suas atitudes.
Frases como: “De luto pelo Brasil”, como sinal fúnebre de manifestação. Corrupção é a palavra mais pronunciada pelo povo. Ela esteve presente em todos os governos, mas sem tanta ênfase por parte da “clientela” bem servida de propinas. Muitos passivos de outrora, rasgam-se de ódio pelo governo, imbuídos de tamanho repúdio a ponto de postarem afirmações criminosas direcionadas à presidente. Não se trata de defesa de governo, mas sim, querendo ou não, ela está presidente da república por via democrática. O caráter de muitos é revelado quando assim agem, inflamando outros a fazerem o mesmo. Discursos que chegam às raias do terrorismo! Se alguém não pode usar uma determinada cor de roupa, conversar sobre suas convicções, onde pode haver democracia, liberdade de pensamento?
Quando há lampejos de reação racional, contrária aos desmandos ou à manipulação midiática dos acontecimentos, são rapidamente rechaçados com toda espécie de covardia. Observa-se também, pessoas clamando pela volta da ditadura, da monarquia e por aí vai... Resultado disso, uma miscelânea de ideias surreais e ridículas.
Desde sempre o Brasil tem sido alvo de ambições internacionais por possuir riquezas naturais incalculáveis. Mananciais de água potável, plantas medicinais levadas e catalogadas pelos estrangeiros, patenteadas para seu uso exclusivo, usando-as na fabricação de medicamentos. O mais curioso é pagarmos por uma matéria-prima nossa! Tudo isso com a omissão e cumplicidade do governo brasileiro. Se aqui fosse uma nação, há muito o quadro teria se invertido.
Antes de se defender este ou aquele lado, não é esse o objetivo deste trabalho, é refletir sobre quem se beneficia da confusão na qual se transformou o país. Por outro lado, está a bancada dita evangélica, da qual fazem parte elementos dignos de uma quadrilha, alçando a voz em discursos inflamados, efusivos, mas que, na verdade, veem em seu representante, o presidente da câmara, um meio de alcançar o poder. Quem disse serem defensores de moral cristã, da ética? São chacais ávidos pelo sucesso, que usam uma égide falsa consagrada com sua desfaçatez. Deus sendo usado como pretexto aos vários discursos contra o interesse público, contra a população já desacreditada de seu país. Poder-se-ia afirmar haver algum representante idôneo capaz de agir em conformidade com os preceitos bíblicos? Atrelado a isso, seria de bom alvitre um cristão não entremear-se em ambiente político. Alguns defendem a insensatez, alegando ter sido o caso do personagem bíblico José. Ora, quem conhece a história sabe que ele era um escravo hebreu, que nunca ambicionou o cargo de governador do Egito, o qual foi de muita responsabilidade, a fim de cumprir o plano de Deus em sua vida. Seria melhor parar com a manipulação e agir com o caráter de alguém que diz servir a Deus de coração sincero. Manipulação, aliás, tem sido feita com as séries do Edir Macedo, nas quais transforma em piada, as histórias dos personagens bíblicos.
O maior problema da sociedade tem sido não levar à sério o que realmente é sério. Brincar com o próprio futuro, de seus familiares, esquecendo as consequências de viverem em desacordo com a ética, o respeito mútuo, a organização das coisas... Qual exemplo deixar para os descendentes em meio a tanta confusão? Cobrar dos outros é fácil, complicado é cumprir com os deveres de cidadão. Discursos vazios, reclamações sem base, tudo em prol de benefício próprio!
A cultura da impunidade instalou-se no Brasil de maneira assombrosa, na qual o errado só é punido se assim for conveniente. Do contrário, a boa e velha camaradagem, vencerá. Adulações, favores questionáveis, presentes, viagens...Tudo muito bem articulado até de forma escandalosamente cínica, revelando o covil formado pela política brasileira. Visões unilaterais de esquemas; não é avaliado de onde partem recursos para obras superfaturadas, as quais lançam mão de dinheiro público depositados em paraísos fiscais com seus “usufrutuários” de plantão em nossas terras.
Então, questiona-se se há algum crédito nas palavras daqueles aclamados como estadistas. Daqueles mesmos dos fartos e veementes discursos de amor à pátria, mais evidentes em períodos eleitorais. No poder, alegam crise nos cofres públicos, dando calotes em servidores do Estado. Uma quadrilha sem bombas, mas de grande destruição.
Parte da população é cúmplice também da corrupção ao elegerem candidatos movidos por pretensões particulares, recebendo cestas básicas ou outras vantagens. Uma população em sua maioria humilde, no entanto, ciente do certo e do errado. Furtam água e energia. Aliás, não só isso, como também contraem dívidas por buscarem um padrão de vida incompatível com sua classe social. Sujam seus nomes por vaidade e consumismo, tendo incluídos seus nomes em serviços de proteção ao crédito. O desrespeito ao semelhante, as vantagens ilícitas, nos torna próximos daqueles aos quais julgamos os piores elementos.
O governo errou muito sim, a iludir o povo com promessas que não soube cumprir, contraiu dívidas, fez a economia estagnar, perder credibilidade, deixou brechas fatais, transformadas em armadilhas para o próprio poder constituído. Claro, a insatisfação é legítima. Contudo, qual deveria ser o passo certo para mudar o quadro, seria torná-lo pior? Muitas denúncias vindo à tona, mas muitos mostrando sua verdadeira intenção. Investigações intermináveis, elementos novos surgindo... Isso enoja, mas é necessário saber. Porém, a sujeira não reside só do lado conveniente, não. Está por todos os lados!
Há conflitos em todo o mundo. A razão disso é a disputa pelo poder a qualquer preço! No Brasil, a disputa pelo quem manda mais é acirrada, com ataques envolvendo toda espécie de artimanhas, as quais se veem todos os dias nos noticiários. Até o Poder judiciário é aviltado! A mídia “briga” pela audiência, disputando quem desce mais baixo na notícia. A ética não existe, usam de expressões chulas, vulgares, mostrando total desrespeito por quem assiste. Na velocidade dos acontecimentos são “jogadas” de forma que as pessoas não consigam perceber as mensagens subliminares passadas. A internet é outro campo “minado”. Cada um posta uma coisa como sendo verdade, muitos acreditam em mentiras, reproduzem jargões absurdos, promovem encontros de quebra-quebra, chamando isso de exercício da cidadania.
Outra característica a revelar a decadência moral de um país é a desestruturação familiar, a célula matter da sociedade. Dentro do ambiente familiar aprendemos o respeito, a tolerância, o amor ao próximo, a honestidade e o respeito às leis. A família tem sido alvo de constantes ataques, isso por causa do valor exercido por ela na formação saudável da criança. A figura do pai e da mãe, cada qual exercendo seu papel indispensável à formação do caráter cidadão. Um ambiente no qual o exercício de autoridade sem autoritarismo, deve ser exercitado e exemplificado. Se a família vai bem, o país irá bem, do contrário, cada um buscará seus próprios interesses, vendendo suas consciências a qualquer ideologia insana. Como chamar de nação um povo dividido partidariamente?
Esta é apenas uma reflexão, sem pretensões políticas, com o intuito de chamar a atenção para o que está passando despercebido da grande massa. Um pensamento sobre a desgraça na qual o Brasil tem mergulhado há décadas, no entanto, faz-se um cenário perfeito para a consolidação daqueles favoráveis ao quanto pior melhor, contra a superação do “gigante pela própria natureza!
Considerações Finais:
Ser condescendente com a ilegalidade em nome do bem comum constitui-se hipocrisia no eu tange ao exercício da cidadania. Aqueles interessados na pregação do ódio, são os mais perigosos nesse processo. Não basta dizer: Fora presidente, as atitudes precisam ter base jurídica e legal contundente, permeadas por profundo senso de justiça.
Não se pode permitir o trancamento das liberdades individuais, sejam elas políticas, religiosas, culturais. Respeitar sempre os limites que a própria democracia concede aos que dela são seguidores e cúmplices é primordial, caso contrário, extinguir-se-á tudo aquilo alcançado com duros embates.
Referências Bibliográficas:
Pieczkowski, Tania Mara Zancanaro. Naujorks, Maria Inês.(Orgs.) Educação, inclusão e acessibilidade: diferentes contextos Chapecó: Argos, 2014
A nova economia política brasileira disponível em:
www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1179 acessado em 24 de março de 2016
A organização política brasileira disponível em:
http://www2.camara.leg.br/a-camara/conheca/camara-destaca/a-camara-eleicoes/arquivos/a-organizacao-politica-brasileira acessado em 24 de março de 2016