Política honesta
Política honesta
Publicado no jornal Pioneiro de Caxias do Sul em 7/3/2016
A humanidade sempre procurou organizar a sociedade como instrumento necessário à sua sobrevivência e a explicitação da liberdade e da democracia.
Tentemos responder às seguintes indagações:
- É justo que numa eleição os escolhidos só possam ser julgados pelos seus desempenhos quatro anos depois, por suas reeleições ou não?
- É justo que os partidos políticos desconheçam seus princípios doutrinários e programáticos, servindo para alianças e como instituições para o registro de candidatos?
- É justo que os verdadeiros eleitores sejam os “marqueteiros”, regiamente remunerados, que formam a opinião publica segundo as cada vez mais apuradas técnicas de propaganda, de psicologia social, de massificação de idéias e imagens?
- É justo que cidadãos analfabetos ou semialfabetizados, sem capacidade de discernimento, votem na escolha dos representantes do povo, a nível federal, naqueles que conduzirão a nação num mundo cada vez mais complexo?
- É justo que candidatos desonestos e medíocres sejam eleitos, utilizando-se dos instrumentos legais acima descritos, e conduzam o país na direção do caos social e da anarquia econômica?
- É justo que candidatos totalmente ignorantes do que realmente se passa no mundo das ciências, das artes, da perspectiva histórica que move as nações, dos princípios do direito positivo, sejam eleitos sem se submeterem a um concurso, anterior às eleições, de tal forma que, pelo menos, não sejam escolhidos candidatos totalmente idiotas para nos governarem ou criarem as nossas leis?
O Congresso Nacional, reunindo o pouco da dignidade que lhe resta, deveria providenciar esta transição para um mais aperfeiçoado patamar de convivência política, por meio de emenda constitucional, passando o poder para o Supremo Tribunal Federal que presidiria o processo de mudança, ainda em 2016. Creio ser esta uma alternativa a ser debatida. Os parlamentares e governantes, a nível federal não são confiáveis e precisam sair – os poucos bons serão reeleitos. Isto parece justo - o processo de aperfeiçoamento da democracia nunca cessa.
O Brasil não aguentará esperar por 2018 – já estamos vivendo os primeiros momentos de uma guerra civil com a violência urbana, o trafico de drogas, a corrupção generalizada e a incompetência governamental. O momento não é de discussões acadêmicas, que já ocorreram nos últimos três séculos, pois a nação brasileira está se esfarelando aos nossos olhos.
Eurico Borba, 75, escritor, ex professor e vice reitor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE, mora em Ana Rech, (Caxias do Sul, RS)