LEMBRANDO CORNÉLIA, A MULHER DE CÉSAR
 
O ex-presidente Fernando Henrique Cardosos está puto com a imprensa sensacionalista que não larga o osso que descobriu, ao ser revelado que ele mandava grana para o exterior, para sustentar uma amante que teve no final dos anos noventa, quando ele já era presidente da República.
Ele tem direito de ficar puto. Afinal, vida privada é vida privada. Mas jornalista gosta mesmo é disso. Escândalos.  No tempo de Jesus não existiam jornalistas, mas ele já dizia, como se estivesse prevendo os tempos por vir: “É necessário que existam os escândalos. Mas aí daqueles por quem eles vêm”.
Pois é. O dinheiro que ele mandava para o exterior, a fim de sustentar a amante pode ser dele e ninguém tem nada com isso. Tem gente que pagou a amante com dinheiro público e até agora não foi punido por que um juiz do Supremo engavetou o processo e só agora, depois de dois anos, passou o pepino para outro juiz, que ao que parece, também não está muito disposto a mexer nesse vaso sanitário.
O que ninguém vai esquecer (porque todos somos moralistas hipócritas) é que o Fernando Henrique meteu um par de chifres na Dona Rute Cardoso, doce senhora que sempre fez com galhardia o papel da mulher de César. Aliás, a primeira delas se chamava Cornélia Cinnila. (Que não se perca pelo nome).
Dona Rute era mulher uma honesta e sempre fez questão de parecer honesta. Isso devia valer também para o ex-presidente. Não se pode ser só honesto. Tem também que parecer honesto. Honestidade não se adjetiva. E não tem essa de assunto particular. Pessoa que opta por uma vida pública deixa de ter vida particular. Isso já dizia o famoso Catão, senador romano que metia a boca em todo mundo no Senado, mas na vida privada era tão devasso quanto os devassos que denunciava.
Fernando Henrique e todos os políticos e todas as pessoas que optam por uma vida pública devem lembrar-se de uma coisa: suas vidas são como quadros expostos em uma parede de galeria. Todo mundo pode olhar. E não devem se esquecer também da máxima que informa a profissão do jornalista. “Se a repercussão é mais saborosa que o fato, imprima a repercussão”.  
A imprensa sensacionalista só vai abandonar esse osso quando descobrir outro mais saboroso. Algo assim como a descoberta que o Lula tem um namorado. Ou que a Dilma teve um caso com o Tiririca. Mas até lá é melhor o ex-presidente deixar de ver TV e ler jornais. E sumir por uns tempos.