ESCÓCIA - escassez de guardas para armas nucleares

:: Número insuficiente de policiais representa ameaça à segurança de arsenal de guerra ::

Polícia admite que segurança em bases nucleares da Escócia está comprometida.

TOM MARTIN

Sábado, 06/02/2016

(originalmente publicado no jornal "Scotland Express UK)

A Guarda do Ministério da Defesa (1) informou que não há número suficiente de funcionários para manter a segurança em locais como a base para mísseis Trident (2) situada no rio Clyde (3). De acordo com uma nota oficial, os 2700 guardas que protegem 120 instalações militares em todo o Reino Unido estão sobrecarregados.

O grupo se expandiu em somente cinco funcionários entre os anos de 2014 e 2015, mas vários outros se desligaram da corporação. Por este mesmo motivo, o comitê da Guarda alertou que o número de oficiais ativos pode diminuir ainda mais nos próximos anos.

"Para que a qualidade de trabalho seja mantida, os guardas tem que fazer grande número de horas-extras", informou David Riddle, chefe da Guarda, "o que traz riscos para a saúde física e psicológica dos funcionários e também para a segurança dos locais que estes protegem".

Os oficiais zelam pela segurança dos submarinos na Base Naval Faslane, situada no rio Clyde e do depósito de armas nucleares na vila de Coulport, região de Argyll, a cerca de 74 km ao sudeste de Glasgow, entre várias outras áreas. A maior parte dos guardas porta armas durante o trabalho.

Outras responsabilidades incluem manter a segurança do depósito de armas atômicas no Condado de Berkshire, sul da Inglaterra. E há menos de um ano foi incluído na lista de lugares protegidos pela corporação o GCHQ (4) na cidade de Cheltham, sudoeste da Inglaterra, pertencente ao condado de Gloucestershire.

A equipe informa que teria de haver pelo menos mais trezentos servidores para chegar ao número ideal de funcionários

Um em cada dez oficiais está afastado por motivos de saúde ou não pode trabalhar armado devido a problemas psicológicos ou por motivo de outras doenças.

Nos últimos vinte anos, o número de guardas do Ministério caiu mais que a metade, de 5500 para o número atual. A nota emitida pelo comitê informa ainda que o número de entradas não-autorizadas a dependências de base militares quase dobrou no último ano, passando das 24 em 2014 a 44 em 2015.

Suspeita-se que a situação pode complicar ainda mais, inclusive com cortes de verba, pois a corporação não foi incluída entre as prioridades em revisão feita recentemente para cortes de gastos governamentais no Reino Unido.

Ano passado, William McNeilly foi expulso da Marinha depois de publicar documento de dezoito páginas com denúncias, tais como a da situação da base de Faslane. "É um desastre esperando para acontecer", alegou.

Bill Kidd, membro do Parlamento pelo Partido Nacionalista Escocês, opinou na noite de ontem: "É um relato extremamente preocupante - principalmente agora depois de sabermos que é realizado transporte de armamento nuclear nas ruas de pequenas cidades da Escócia. Se o governo quer manter estas armas em Faslane, então tem que garantir sua segurança. Uma solução ainda melhor seria remover os mísseis do rio Clyde, de preferência levando-os para bem longe da Escócia".

O Ministério da Defesa, no entanto, rebateu dizendo que não há problema algum. "A guarda está com cerca de 95% do número necessário de servidores e criou 450 novas vagas nos últimos dois anos", afirmou uma representante. "Há planos de contratar mais 200 funcionários no próximo ano. O comitê identificou alguns problemas que já estão sendo encaminhados à direção da Guarda".

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Notas:

(1) Guarda do Ministério da Defesa (tradução literal para Ministry of Defence Police): destacamento civil pertencente ao Ministério da Defesa do Reino Unido. Conta com aproximadamente 2700 oficiais que trabalham em diversos setores nos países que compõem o Reino Unido.

(2) Míssil Trident: arma dotada de ogivas termonucleares, lançada por meio de submarinos, que faz parte do arsenal das forças armadas do Reino Unido, bem como dos Estados Unidos.

(3) Rio Clyde: corta a cidade de Glasgow (maior cidade da Escócia, situada ao sudoeste do país). É o oitavo maior rio do Reino Unido e um dos mais importantes para o desenvolvimento de transporte e comércio marítimo daquela região.

(4) GCHQ: sigla para "Government Communications Centre", em tradução livre Central de Comunicações do Governo. Organização britânica de segurança e inteligência responsável por decodificar sinais externos de comunicação e garantir segurança de dados para o governo e forças armadas do Reino Unido.

- Link para texto original:

http://www.express.co.uk/news/uk/641605/shortage-of-ministry-of-defence-police-is-threat-to-national-security-David-Riddle

(tradução: Gabriel L. Trizoglio)