O “BAIÃO DE DOIS” NA BARRIGA DA MISÉRIA
Dedico esse meu escrito, respeitosamente, a todos os gestores das instâncias administrativas do nosso sucatado país, torcendo para que o saibam interpretar na sua essência de "socorro".
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Quem não se lembra quando, lá atrás, as nossas “boas escolas”, relíquias dum passado bem recente, nos ensinavam que o Brasil seria o país do futuro e o grande “Celeiro do mundo”?
Pois é: o futuro já chegou e, como tudo que chega, também já passou, agora a nos descortinar um passado futuro “meio sem presente futuro”.
Não quero ser pessimista, em absoluto, sou a pessoa mais otimista desse mundo quando percebo que é factível de se ser, todavia, vou apenas desenrolar um texto do meu sentimento, na qualidade de “dona de casa”, coisa simples e importante, tipo “administradora do lar”, se melhor couber à lógica tão bela e complexa das “ciências das pequenas grandes administrações competentes invisíveis”, tão difíceis de se implementar nos dias de hoje em todos os lugares...e que fazem a total diferença na felicidade do todo.
Quero discorrer sobre a dificuldade da nossa atualidade de cidadãos brasileiros, seres dum chão próspero saudoso, hoje árido e empedernido, este que atapeta o celeiro do mundo; e quero registrar o que todos já sabemos pela pele: o fato de que para se tirar a “barriga da miséria”, por aqui, também é já tarefa bem difícil, quase impossível, restrita à subdivisão das “ciências da administração da feira e do supermercados milagrosos” , frente aos estragos resultantes das administrações do todo, de ações atabalhoadas, improvisadas, leigas, sem lógica eficiente ao justo crescimento social tão prometido a todos.
Vou resumir: estamos suando para a coletiva e democrática tarefa de tirarmos a nossa “barriga da miséria", na digna posologia de três vezes ao dia, como há pouco tempo nos prescrevia a vontade gestora da mais nobre promessa feita pela excelência maior daquele momento “falso-promissor de excelência...nenhuma”.
Quero registrar aqui a dificuldade de alimentação básica inclusive para o prato mais típico da “ex- república das bananas” : O BAIÃO DE DOIS , vulgo “arroz com feijão” com alguns enfeites , algo simples, gostoso, balanceadamente nutritivo, uma a comida autóctone do nosso ‘ex- celeiro”, prato que hoje vai ao mundo em grãos, com o chique nome de “commodities salvadoras do caos” mas cujos preços estão impagáveis para maioria das mesas da população trabalhadora, inclusive para a que ADUBA A TERRA com árduo trabalho e sacia a fome das barrigas das vorazes mãos que nos lesam até às células da alma.
Comemoremos!
Politica e economicamente as boas profecias se concretizaram em parte: aos púlpitos somos os reis das exportações das tais “commodities’, alimentamos o mundo com o que AINDA produzimos de melhor na nossa terra esquecida e desmatada, embora para a mesa do brasileiro restaram produtos de má qualidade, bichados, a preços cada vez mais exorbitantes.
Também é impossível esquecer que ,há muito pouco tempo, éramos os campeões mundiais, nos palaques ao menos, da FOME ZERO, a que saciada viajou o primeiro mundo político causando inveja boa , essa mesma que subitamente se transformou sobre nossas mesas em COMIDA ZERO, sob à marola que nos atinge em tsunami autóctone, pelo simples fato de não se saber CUIDAR DA CASA.
Falta uma boa dona de casa para a nossa terra! Tipo um simples gestor do lar! Não me candidato porque já tenho a minha casa para cuidar...ademais, diante do todo, não saberia fazer milagres, muito menos tirar os "coelhos dos cartolas"! que solaparam a terra.
Fazer contas da ex- matemática e gastar sempre menos do que se ganha...é uma boa sugestão de sucesso gestor: é como ensinar criança a controlar mesada: difícil mas possível.
Ah, sim, por que falei em “ex-república das bananas”? Eu explico, não é termo pejorativo: é cultural.
Carmem Miranda, na sua arte, informou ao mundo: “Yes, nós temos bananas!”. E como tínhamos! Carregava uma “salada de frutas” na cesta encabeçada por sua fantasia para reverenciar a fartura da nossa “ex-terra”.
Aqui lhes escrevo, Cármen, que mudou nosso tempo verbal: “Yes, nós tínhamos bananas”. Não temos mais! As bananas sumiram.
Às vezes as vejo por aqui.
Hoje há anúncio de liquidação delas nos supermercados.
As pessoas avançam ávidas pela fruta. Triste a cena. Pessoas quase se estapeando por “bananas”! É o fim do fim.
Em São Paulo, capital, elas já faltam nas principais prateleiras...a preço de ouro. Ouvi dizer que estão em risco de extinção. Extinguiram até república das bananas.Covenhamos, é um sucesso difícil conseguir tal resultado.
Nada mais por aqui é ao “preço das antigas bananas” do povo.
- Ao povo...nem bananas!
Não sobrou nem o famoso dito popular, sequer no abobado tom da histórica rainha Antonieta....
Na feira, produtos como berinjelas, mandioquinhas, tomates, abobrinhas, cebolas...estão de assustar.
Chuchu? Nem ele que dava em pencas lá na serra...aceita a ser um mero produto barato.
Café? Não nos sobrou nem o pó da rabiola! Caríssimo. O melhor grão vai para o mundo lá de fora. Pó que lá é como ouro em pó.
Dizem que, na ECONOMIA, há a lei da oferta e da procura.
A TAL LEI POR AQUI FOI REVOGADA POR MEDIDA PROVISÓRIA NA CALADA DA NOITE.
Figuro: Com tantas “abobrinhas” em penca espalhadas pelas gestões do país era de se esperar que ao menos o preço delas caíssem para o consumidor PELO EXCESSO DE OFERTA, mas nem elas , muito menos a mandioca aclamada no púlpito, se consegue comprar a preços razoáveis ao salário mínimo, já devorado pelo dragão da inflação disparada pelos preços “mal administrados!”.
Por aqui...até chorar a “morte da bezerra” está pela hora da morte do alto preço das cebolas.
E se chorar, tem que recolher CPMF.
Sem condições de se substituir CEBOLAS pelo ALHO, produto já tido como da elite COXINHA, destruída pela REINANTE elite ávida por EMPADINHAS....feitas com O MELHOR palmito de açaí DO REINO ESPOLIADO, também pela hora de todas as fomes, essas nunca condenadas à morte.
Aliás, dois petiscos caros, que lutam para sobreviver em meio à podridão adubada na terra, infestada de mosquitos e de ervas daninhas.
-JÁ É CARNAVAL. Eba! Todas as dores esfomeadas morrerão e ressuscitarão na quarta das cinzas das fênix!
Tempo de Samba, de pagode, de forró, de xote, de xaxado.
E também de baião! Vamos à avenida meu povo!É tempo de FANTASIAS!DE ALEGORIAS! DE METÁFORAS POÉTICAS! TEMPO DE AMOR...ao menos na avenida anestesiada.
Tema do meu enredo: “Adeus Baião de DOIS na barriga da miséria”.
Ao menos nos ficou o Baião do Gonzagão e vez ou outra, pelas entranhas das nossa tantas fomes, eu o ouço acionar o seu berrante, como se em triste lamento, a gritar a todos nós das nossas tantas extintas bananas...uma prece às nossas fomes crescentes, as dos pobres remanscentes “bananas da terra”:
*"Lengo, lengo, tengo, lengo tengo, lengo tengo..."
-“ê, gadoô!”
Feliz perene e árduo carnaval, Brasil.
Nota * : alusão à MARAVILHOSA composição de GONZAGÃO
“A morte do vaqueiro”, que na verdade, é a ATUAL MORTE DE TODOS NÓS.