SÓ MUDAM AS MOSCAS
O tempo é o senhor da razão. Lembro-me de ter ouvido várias vezes essa frase nos anos noventa, por ocasião do processo de impeachment do presidente Collor. E não é que ele estava certo?
É engraçado como as coisas são. O principal articulador do impedimento do Collor foi o Lula e o PT. Pois o Lula fora batido pelo Collor em uma eleição dois anos antes, em uma campanha que não ficou devendo nada á uma luta de MMA, tanto foram os golpes baixos e mortais que um desfechou no outro. O Lula cansou de chamar o Collor de ladrão e até mostrou algumas provas das mutretas que o “coxinha alagoano de saco roxo” andou fazendo como governador de Alagoas. Mas isso não colou. Assim como também não colou as reiteradas provas que o outro coxinha (o de Minas), mostrou ao povo brasileiro, sobre o descalabro que era o governo da Dilma e a tragédia que ia se abater sobre o país se ela fosse reeleita.
O povo brasileiro não tem muita noção de ética e decência com a coisa pública e em 1990 elegeu o Collor assim mesmo, como elegeu Dilma mesmo sabendo que ela estava conduzindo o país para um atoleiro sem fundo.
O Lula deve ter ficado puto em ter perdido para o Collor, pois quatro anos antes ele também perdera a eleição para governador de São Paulo para Orestes Quércia, outro vigarista de carteirinha. E quatro anos depois viria a perder para Fernando Henrique, que ganhou a eleição embalado pelo sucesso do Plano Real, que não foi ele que fez mas um grupo de economistas que ele contratou.
Com tudo isso Lula deve aprendido que ética, decência, honestidade, probidade, não são termos existentes no dicionário consultado pelos políticos. Pelo menos no Brasil. A eleição de 1990, por exemplo, deve ter sido uma grande lição para ele. Pois entre nove candidatos, entre os quais políticos do porte de Mário Covas e Ulisses Guimarães, o povo brasileiro foi escolher justamente quem para disputar o segundo turno? Lula e Collor. O vigarista de Alagoas contra o irascível líder operário do ABC, que ainda ( e até hoje continua ) copiava o arquétipo do líder esquerdista mal humorado, tipo Marx, Lenin e Fidel Castro, com suas barbas desgrenhadas e suas vozes roucas e tonitruantes de profeta bíblico.
Lula viu que não adiantava muito ficar brandindo a bandeira da ética e da honestidade. Essas coisas não ganham eleições. Brasileiro adora eleger vigaristas, desonestos, malandros e aproveitadores para os cargos públicos. Basta ele ser simpático, saber falar bem e contratar um bom marqueteiro. A TV faz o resto, e se a Globo endossar o candidato, então ele está eleito.
Lula aprendeu bem a lição. Quando ganhou a eleição a primeira coisa que fez foi evitar o erro do Collor. Viu que ele perdeu o cargo justamente porque quis roubar sozinho. Não se preocupou em montar uma base parlamentar (leia-se quadrilha) suficientemente forte para dar sustentação aos seus atos. Então foi o que ele fez. Primeiro com o Mensalão (copiando o que já fizera o Fernando Henrique) e depois com o propinoduto da Petrobrás, Eletrobrás, BNDS e todas as demais estatais onde ele plantou cupinchas para arrecadar dinheiro para o partido. Foi mais esperto que o Collor. Forrou-se por dentro e por fora. Até um Supremo Tribunal Federal ele conseguiu montar, com juízes simpáticos a ele e seu partido.
Por isso é que a gente vê o que está vendo hoje. Lula e Collor aliados para saquear os cofres públicos. Quem diria? Quem, em são consciência, iria imaginar uma aliança dessas vinte anos atrás?
Collor estava certo. O tempo é mesmo senhor da razão. Quando ele dizia isso ele estava mandando um recado aos seus opositores, com Lula na cabeça: “se um dia vocês estiverem no meu lugar vão fazer coisas piores do que as que eu fiz.” Dito e feito. Paulo César Farias foi um mero aprendiz frente á um Zé Dirceu, Palocci, Delúbio e o tal João Vaccari. O que a quadrilha do Collor roubou quando esteve no governo não cobre um único paralelepípido na rua de propina que o Lula pavimentou na escalada para o poder.
Jorge Amado, em um dos seus mais expressivos romances, Gabriela, Cravo e Canela, descreve a luta política travada em Ilhéus entre os coronéis do cacau, que se esmeravam para conservar o estatus quo e os jovens políticos oriundos na classe média que queriam implantar um novo sistema. O líder dos coronéis, o velho coronel reacionário Ramiro Bastos, ao se bater contra o líder dos reformistas, o jovem advogado Mundinho Falcão, disse a ele: “ o que você quer é ser como eu. Você só quer tomar o meu lugar.” E foi exatamente isso que o jovem Mundinho fez tão logo o velho coronel bateu as botas. Até se casou com a neta dele para legitimar a sucessão.
Jorge Amado resumiu nessa frase todo o conteúdo da política brasileira. Um monte de merda onde as moscas só se alternam. E comumente se juntam. E os culpados somos nós que já nos acostumamos a viver com essa sujeira.
O tempo é o senhor da razão. Lembro-me de ter ouvido várias vezes essa frase nos anos noventa, por ocasião do processo de impeachment do presidente Collor. E não é que ele estava certo?
É engraçado como as coisas são. O principal articulador do impedimento do Collor foi o Lula e o PT. Pois o Lula fora batido pelo Collor em uma eleição dois anos antes, em uma campanha que não ficou devendo nada á uma luta de MMA, tanto foram os golpes baixos e mortais que um desfechou no outro. O Lula cansou de chamar o Collor de ladrão e até mostrou algumas provas das mutretas que o “coxinha alagoano de saco roxo” andou fazendo como governador de Alagoas. Mas isso não colou. Assim como também não colou as reiteradas provas que o outro coxinha (o de Minas), mostrou ao povo brasileiro, sobre o descalabro que era o governo da Dilma e a tragédia que ia se abater sobre o país se ela fosse reeleita.
O povo brasileiro não tem muita noção de ética e decência com a coisa pública e em 1990 elegeu o Collor assim mesmo, como elegeu Dilma mesmo sabendo que ela estava conduzindo o país para um atoleiro sem fundo.
O Lula deve ter ficado puto em ter perdido para o Collor, pois quatro anos antes ele também perdera a eleição para governador de São Paulo para Orestes Quércia, outro vigarista de carteirinha. E quatro anos depois viria a perder para Fernando Henrique, que ganhou a eleição embalado pelo sucesso do Plano Real, que não foi ele que fez mas um grupo de economistas que ele contratou.
Com tudo isso Lula deve aprendido que ética, decência, honestidade, probidade, não são termos existentes no dicionário consultado pelos políticos. Pelo menos no Brasil. A eleição de 1990, por exemplo, deve ter sido uma grande lição para ele. Pois entre nove candidatos, entre os quais políticos do porte de Mário Covas e Ulisses Guimarães, o povo brasileiro foi escolher justamente quem para disputar o segundo turno? Lula e Collor. O vigarista de Alagoas contra o irascível líder operário do ABC, que ainda ( e até hoje continua ) copiava o arquétipo do líder esquerdista mal humorado, tipo Marx, Lenin e Fidel Castro, com suas barbas desgrenhadas e suas vozes roucas e tonitruantes de profeta bíblico.
Lula viu que não adiantava muito ficar brandindo a bandeira da ética e da honestidade. Essas coisas não ganham eleições. Brasileiro adora eleger vigaristas, desonestos, malandros e aproveitadores para os cargos públicos. Basta ele ser simpático, saber falar bem e contratar um bom marqueteiro. A TV faz o resto, e se a Globo endossar o candidato, então ele está eleito.
Lula aprendeu bem a lição. Quando ganhou a eleição a primeira coisa que fez foi evitar o erro do Collor. Viu que ele perdeu o cargo justamente porque quis roubar sozinho. Não se preocupou em montar uma base parlamentar (leia-se quadrilha) suficientemente forte para dar sustentação aos seus atos. Então foi o que ele fez. Primeiro com o Mensalão (copiando o que já fizera o Fernando Henrique) e depois com o propinoduto da Petrobrás, Eletrobrás, BNDS e todas as demais estatais onde ele plantou cupinchas para arrecadar dinheiro para o partido. Foi mais esperto que o Collor. Forrou-se por dentro e por fora. Até um Supremo Tribunal Federal ele conseguiu montar, com juízes simpáticos a ele e seu partido.
Por isso é que a gente vê o que está vendo hoje. Lula e Collor aliados para saquear os cofres públicos. Quem diria? Quem, em são consciência, iria imaginar uma aliança dessas vinte anos atrás?
Collor estava certo. O tempo é mesmo senhor da razão. Quando ele dizia isso ele estava mandando um recado aos seus opositores, com Lula na cabeça: “se um dia vocês estiverem no meu lugar vão fazer coisas piores do que as que eu fiz.” Dito e feito. Paulo César Farias foi um mero aprendiz frente á um Zé Dirceu, Palocci, Delúbio e o tal João Vaccari. O que a quadrilha do Collor roubou quando esteve no governo não cobre um único paralelepípido na rua de propina que o Lula pavimentou na escalada para o poder.
Jorge Amado, em um dos seus mais expressivos romances, Gabriela, Cravo e Canela, descreve a luta política travada em Ilhéus entre os coronéis do cacau, que se esmeravam para conservar o estatus quo e os jovens políticos oriundos na classe média que queriam implantar um novo sistema. O líder dos coronéis, o velho coronel reacionário Ramiro Bastos, ao se bater contra o líder dos reformistas, o jovem advogado Mundinho Falcão, disse a ele: “ o que você quer é ser como eu. Você só quer tomar o meu lugar.” E foi exatamente isso que o jovem Mundinho fez tão logo o velho coronel bateu as botas. Até se casou com a neta dele para legitimar a sucessão.
Jorge Amado resumiu nessa frase todo o conteúdo da política brasileira. Um monte de merda onde as moscas só se alternam. E comumente se juntam. E os culpados somos nós que já nos acostumamos a viver com essa sujeira.